sábado, 29 de setembro de 2012

O homem é a glória de Deus!


Amigos,

Vocês já devem ter ouvido falar que a teoria Heliocêntrica “tirou” a Terra do centro do universo, e com isso também teria “tirado” o homem do centro... Devem ter ouvido comentar também algo como que nós parecíamos ter uma importância maior, ocupando o centro do universo em uma Terra imóvel, mas agora somos quase insignificantes diante da grandeza do universo, uma vez que a Terra é apenas um planeta em um dos tantos sistemas solares orbitando estrelas como o nosso Sol; já que somente a nossa galáxia tem bilhões de estrelas semelhantes ao Sol; sem contar que há bilhões de galáxias no universo, etc... Além disso, esses comentários por vezes têm ares de vitória contra a “visão da Igreja” que predominava quando a teoria vigente era a Geocêntrica.

Bem, nada de mais enganoso em tudo isso. Primeiramente, a teoria Geocêntrica não era apenas uma “visão da Igreja”, imposta por esta: era uma visão de todos os pensadores da época; a teoria Geocêntrica foi amplamente aceita por todos os estudiosos que tentavam desvendar os mistérios da natureza, durante mais de um milênio e meio. Logo, não era exatamente uma “visão da Igreja”, mas sim de toda a “massa crítica” pensante. Em segundo lugar, o fato de ocuparmos (fisicamente) um lugar aparentemente insignificante no vasto universo que hoje conhecemos, nada tem a ver com nós sermos insignificantes... Não ficamos “destronados”, com a descoberta da vastidão do universo.

Mesmo do ponto de vista da ciência, há que se considerar que o ser humano, dotado de inteligência como é, destaca-se, em todo o mundo criado, como o único ser capaz de ultrapassar o dado sensível, a ponto de chegar a tentar desvendar os mistérios da natureza, e de questionar mesmo as razões da existência, como o faz. O homem não ficou preso a comportamentos instintivos, como outras criaturas animais: é dotado de um princípio que ultrapassa sua natureza material, o que é sensível e mensurável, questionando-se a respeito da existência. Bem, somente isso já mostra que não estamos “destronados” do centro do mundo; muito pelo contrário.

Se aliarmos a fé, então mesmo é que constatamos que somos a meta de toda a criação! No Antigo Testamento, temos no livro do Gênesis, após a criação do ser humano: “Abençoando-os, Deus disse-lhes: ‘Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra’.” (Gn 1,28); também o profeta Isaías já afirmava, a nosso respeito: “Tu és a alegria do Senhor teu Deus” (Is 62,5); e ainda, no livro dos Salmos: “Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? (...) vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes. Destes-lhes poder sobre a obra de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo.” (Sl 8,5-6). No Novo Testamento, temos, em Efésios: “(...)do alto do céu o Pai nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo e nos escolheu Nele antes da criação do mundo.” (Ef 1,3).

Em dois dos textos que escrevi sobre a criação, este e este outro, comento sobre as narrativas do livro do Gênesis, em que Deus cria o homem à Sua imagem e semelhança; dando-nos, portanto, uma condição bem diferente das outras criaturas. Reunimos, em nós, a natureza material e espiritual, uma vez que dotados de corpo e alma. Logo, a teoria Heliocêntrica não nos tirou do centro do universo, coisa alguma. Vemos, a partir dos textos Bíblicos acima citados, que somos a meta para a qual toda a criação foi dirigida, por Deus. Como disse Santo Irineu, no século II: “O homem é a glória de Deus”. Sim, somos a glória de Deus! Ele nos amou desde sempre, e nos escolheu desde antes da criação do mundo! Não somos fruto de um acaso cego... temos um Pai no Céu, que nos ama, e criou a cada um de nós!

Nossa pequenez no universo, falando em termos de medidas físicas, contrasta com a glória com que o Senhor Deus nos cumula. Ocupamos, sim, um lugar muito pequeno, com nossos menos de dois metros de altura, nesse universo de 13,7 bilhões de anos-luz de vastidão. Mas ocupamos um lugar muito especial, no coração de Deus.

Aqui percebemos bem o que disse o Papa João Paulo II em sua Carta Encíclica Fides et Ratio: “A fé e a razão (...) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. Somente com uma asa, ficamos capengas. Mas aliando fé à razão, fica tudo mais claro ao nosso entendimento!


Até a próxima, com a graça de Deus!

(Modificado em 13/02/2019).
 

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