sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Astronomia × astrologia


Amigos,

Resolvi escrever sobre esse assunto, que talvez ainda deva confundir alguns: afinal, astronomia e astrologia... são a mesma coisa? Não, amigos, não são a mesma coisa. Na verdade são muito diferentes... apesar de terem origem comum. Vejamos.

Há muito tempo a humanidade contempla o céu, tentando desvendar seus mistérios. Vocês devem lembrar que, em algumas mensagens do blog, eu já comentei que fatos históricos devem ser avaliados ou julgados dentro do contexto da época em que ocorreram, por uma questão de justiça. Pois bem, isso se aplica às origens dos estudos relativos ao céu e aos astros. Devemos lembrar que os povos antigos tinham um entendimento muito elementar da natureza. Nessas condições, muitas vezes buscavam explicar os fenômenos naturais através de elementos de sua cultura, como seres mitológicos. Temos por exemplo as constelações, figuras imaginárias que esses povos atribuíam a agrupamentos de estrelas no céu. Tudo isso remonta a cerca de 1.500 a.C., com os babilônios, assim como com os egípcios, gregos e romanos.

No século XVII, ambas tomaram rumos diferentes: a astronomia como ciência, dedicada ao estudo dos corpos celestes, sua localização, movimento, constituição e processos físicos que os governam; a astrologia, perdendo o status de ciência, voltada para o “estudo” da (suposta) influência dos astros na vida e comportamento das pessoas.

Bem antes disso, Santo Agostinho já criticava a astrologia, dado o seu fatalismo, pois, se tudo estaria previsto a partir dos astros, como seriam livres os humanos?

A astrologia perdeu o sentido de ser, uma vez que não se enquadra nem como ciência nem como algo ligado a religião. Do ponto de vista da ciência, podemos desmistificar diversos pontos. Vejamos alguns.

Quanto às constelações: A partir de um agrupamento de estrelas no céu, diferentes figuras podem ser imaginadas “interligando” estrelas. Por exemplo, tomemos a constelação de escorpião, conforme o zodíaco de que tanto ouvimos falar; as estrelas que “formam” sua cauda, representam também a constelação de anzol, de acordo com a mitologia dos polinésios. Logo, cada povo (ou pessoa), pode deixar sua imaginação livre para formar a figura que quiser em agrupamentos de estrelas... Mas lembremos que os adeptos de um ou outro povo, atribuem características e influências específicas às suas próprias constelações; mas como pode ser que as mesmas estrelas exerçam influências diferentes nas pessoas, conforme a imaginação de cada povo...? Se fossem influências reais, dependeriam das estrelas em si, não da imaginação de cada um... Hoje sabemos também que as estrelas que formam uma dada constelação, na verdade estão situadas, em geral, muito distantes umas das outras! O aparente agrupamento de estrelas que vemos é devido à projeção destas no céu, conforme observado por nós...

Outra questão: A astrologia é baseada no Sistema Solar. Porém, lembremos que durante muito tempo em que as pessoas faziam e buscavam previsões astrológicas, não eram conhecidos os planetas Urano e Netuno (Plutão recentemente perdeu seu status de planeta...); logo, será que as supostas previsões astrológicas feitas anteriormente a essas descobertas estavam erradas...? Deveriam ser corrigidas...?

Ainda outro ponto: Considerando que há doze signos no zodíaco, então, a cada dia, teríamos cerca da 1/12 da população mundial sujeitas às mesmas “previsões”...?

Logo, amigos, tenhamos bem claro essas diferenças. Não culpemos os antigos, obviamente; mas saibamos caminhar com a evolução do conhecimento humano, em sua constante busca por desvendar os mistérios da criação.

Até a próxima!

Sugestões de leitura:

- Carlos Alexandre Wuensche, “Astronomia versus astrologia – O movimento dos astros influencia nosso dia a dia?”. In: A. Ivanissevich, C.A. Wuensche e J.F.V. da Rocha (Orgs.), Astronomia Hoje, Instituto Ciência Hoje, 2010.

(Este texto do blog foi baseado principalmente nesta referência citada acima).

- Felipe Aquino, Astrologia - horóscopo?

- Marcelo Gleiser, A astrologia, publicado na Folha de São Paulo, em 2002; reproduzido por Felipe Aquino.

Obs.: Vale lembrar algo sobre a citação que faço de materiais de divulgação científica: faço uso deles nas questões sobre ciência, não no tocante à fé, uma vez que não necessariamente têm compromisso com essa última. E sabemos que: ciência, filosofia e teologia mantêm um belo diálogo, porém cada uma em seu campo próprio de atuação. Fiquemos, pois, com a parte que cabe, em cada fonte. Outra observação é que seus autores não necessariamente partilham de nossa visão quanto à religião.

 

2 comentários:

  1. MUITO BOM ESCLARECER AS DIFERENÇAS, TEMOS QUE SABER QUE CIÊNCIA É CIÊNCIA, ADIVINHAÇÃO É SUPERSTIÇÃO...
    A IGREJA NOS AJUDA A CAMINHAR À LUZ DA FÉ E DA RAZÃO.
    SIMONE

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    1. Exato! Se alguns confundem a mente dos menos atentos, nós ajudamos a esclarecer as coisas!

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