Amigos,
Ainda seguindo a mesma inspiração para falar sobre a criação,
resolvi comentar algo sobre nossa origem; ou melhor, sobre a matéria de que
somos constituídos. Vocês já devem ter ouvido falar, ou lido em algum lugar,
que “somos feitos de poeira das estrelas”. Até que essa afirmação é bem
poética, não acham? Poderia servir como inspiração para muitos poetas, ou para
casais em momentos de maior romantismo.
Mas vejamos também do ponto de vista da ciência. Os elementos químicos
são, em boa parte, produzidos no interior das estrelas, que funcionam como
verdadeiros “cadinhos”. Estrelas existem ao longo fases, perfazendo o que podemos
chamar de “vida” das estrelas: elas “nascem”, “vivem” por um período longo de
bastante estabilidade, até finalmente “morrerem”. Vejamos.
Uma estrela “nasce” quando gás de “poeira” cósmica, formado
principalmente por Hidrogênio, em dado momento começa a se acumular em uma
região; quando, pela ação força gravitacional, a matéria atinge certos níveis
de pressão e temperatura, surgem as condições para que se inicie reação de
fusão nuclear do Hidrogênio em Hélio. Essa reação de fusão ocorre durante a
maior parte do tempo de existência de uma estrela (que pode levar bilhões de
anos). A energia produzida nas reações nucleares, no interior de uma estrela,
equilibra sua tendência de colapsar (implodir), sob a ação da própria
gravidade. Quando o combustível (Hidrogênio) começa a ficar escasso, as reações
diminuem, reduzindo também a temperatura no interior da estrela, e ela começa a
colapsar (se contrair); o que, por sua vez, “reaquece” as reações nucleares.
Isso pode ocorrer diversas vezes, em estágios; a estrela “agoniza”
lentamente... O interessante é que, nesses estágios finais de vida de uma
estrela, surgem as condições de temperatura e pressão para que outros elementos
químicos mais pesados sejam sintetizados em seu interior, como Oxigênio e
Carbono, por exemplo.
Ao fim da “vida”, uma estrela pode terminar de várias maneiras;
na mais catastrófica, conhecida como Supernova, o colapso gravitacional é tão
intenso que a estrela termina por explodir violentamente, podendo chegar a
brilhar mais que bilhões de estrelas ao mesmo tempo – até mesmo mais que uma
galáxia –, no momento da explosão. Quando ocorre a explosão, material é ejetado
da estrela “moribunda”, “semeando” o espaço ao seu redor com os elementos
químicos que foram sintetizados ao longo de sua “vida” (e de sua “agonia”)...
Então, novas estrelas podem surgir, a partir deste material – além do
Hidrogênio –, formando estrelas de segunda geração; e assim sucessivamente.
Supõe-se que o Sol seja uma estrela de segunda ou terceira geração.
A produção dos elementos químicos a partir do Hidrogênio, e
também do Hélio, é conhecida como nucleossíntese. A teoria explica que a
proporção de Hélio que se verifica no universo atual – além de outros elementos
leves –, é devido à fusão de Hidrogênio logo após o Big Bang. Aliás, esse entendimento foi um ponto favorável à
consolidação da teoria do Big Bang.
Ou seja: tudo o que existe nesse mundo visível –
inclusive nosso corpo –, composto pelos elementos químicos conhecidos, foi
forjado ou logo após o Big Bang, ou
no interior das estrelas; os elementos mais pesados, nas supernovas. Para que
exista tudo o que vemos hoje, muitas estrelas tiveram que “morrer”... Nesse
aspecto, podemos dizer que somos formados também por poeira das estrelas.
Mas lembremos de nossos textos anteriores, da série “A Criação”
(“A
Criação”, “A
Criação (2)”, “A
Criação (3)”), e também dos textos relacionados (“Evolução”,
“O
Homem é a Glória de Deus!”), em que comentamos sobre o fato de que reunimos
em nós as realidades do mundo visível e invisível, criado por
Deus; conforme a nossa Profissão de Fé. Somos corpo e alma.
Logo, podemos dizer que somos, também (porém não
somente), formados de poeira das estrelas... Nosso corpo é
constituído dos elementos químicos forjados, em boa parte, no interior das
estrelas. Nossa alma, entretanto, é criada por Deus no momento de nossa
concepção. Dada essa última realidade, nos tornamos imagem e semelhança de
Deus!
Sugestões de leituras, sobre a “vida” das estrelas:
-
Simon Singh, Big Bang, Editora Record,
2006.
- José Renan de Medeiros, “Nascimento, vida e morte das estrelas”.
In: A. Ivanissevich, C.A.
Wuensche e J.F.V. da Rocha (Orgs.), Astronomia Hoje, Instituto Ciência Hoje,
2010.
-
Ian Ridpath, Astronomia, Zahar, 3ª
Ed., 2011.
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