quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Poeira das estrelas




Amigos,

Ainda seguindo a mesma inspiração para falar sobre a criação, resolvi comentar algo sobre nossa origem; ou melhor, sobre a matéria de que somos constituídos. Vocês já devem ter ouvido falar, ou lido em algum lugar, que “somos feitos de poeira das estrelas”. Até que essa afirmação é bem poética, não acham? Poderia servir como inspiração para muitos poetas, ou para casais em momentos de maior romantismo.

Mas vejamos também do ponto de vista da ciência. Os elementos químicos são, em boa parte, produzidos no interior das estrelas, que funcionam como verdadeiros “cadinhos”. Estrelas existem ao longo fases, perfazendo o que podemos chamar de “vida” das estrelas: elas “nascem”, “vivem” por um período longo de bastante estabilidade, até finalmente “morrerem”. Vejamos.

Uma estrela “nasce” quando gás de “poeira” cósmica, formado principalmente por Hidrogênio, em dado momento começa a se acumular em uma região; quando, pela ação força gravitacional, a matéria atinge certos níveis de pressão e temperatura, surgem as condições para que se inicie reação de fusão nuclear do Hidrogênio em Hélio. Essa reação de fusão ocorre durante a maior parte do tempo de existência de uma estrela (que pode levar bilhões de anos). A energia produzida nas reações nucleares, no interior de uma estrela, equilibra sua tendência de colapsar (implodir), sob a ação da própria gravidade. Quando o combustível (Hidrogênio) começa a ficar escasso, as reações diminuem, reduzindo também a temperatura no interior da estrela, e ela começa a colapsar (se contrair); o que, por sua vez, “reaquece” as reações nucleares. Isso pode ocorrer diversas vezes, em estágios; a estrela “agoniza” lentamente... O interessante é que, nesses estágios finais de vida de uma estrela, surgem as condições de temperatura e pressão para que outros elementos químicos mais pesados sejam sintetizados em seu interior, como Oxigênio e Carbono, por exemplo.

Ao fim da “vida”, uma estrela pode terminar de várias maneiras; na mais catastrófica, conhecida como Supernova, o colapso gravitacional é tão intenso que a estrela termina por explodir violentamente, podendo chegar a brilhar mais que bilhões de estrelas ao mesmo tempo – até mesmo mais que uma galáxia –, no momento da explosão. Quando ocorre a explosão, material é ejetado da estrela “moribunda”, “semeando” o espaço ao seu redor com os elementos químicos que foram sintetizados ao longo de sua “vida” (e de sua “agonia”)... Então, novas estrelas podem surgir, a partir deste material – além do Hidrogênio –, formando estrelas de segunda geração; e assim sucessivamente. Supõe-se que o Sol seja uma estrela de segunda ou terceira geração.

A produção dos elementos químicos a partir do Hidrogênio, e também do Hélio, é conhecida como nucleossíntese. A teoria explica que a proporção de Hélio que se verifica no universo atual – além de outros elementos leves –, é devido à fusão de Hidrogênio logo após o Big Bang. Aliás, esse entendimento foi um ponto favorável à consolidação da teoria do Big Bang.

Ou seja: tudo o que existe nesse mundo visível – inclusive nosso corpo –, composto pelos elementos químicos conhecidos, foi forjado ou logo após o Big Bang, ou no interior das estrelas; os elementos mais pesados, nas supernovas. Para que exista tudo o que vemos hoje, muitas estrelas tiveram que “morrer”... Nesse aspecto, podemos dizer que somos formados também por poeira das estrelas.

Mas lembremos de nossos textos anteriores, da série “A Criação” (“A Criação”, “A Criação (2)”, “A Criação (3)”), e também dos textos relacionados (“Evolução”, “O Homem é a Glória de Deus!”), em que comentamos sobre o fato de que reunimos em nós as realidades do mundo visível e invisível, criado por Deus; conforme a nossa Profissão de Fé. Somos corpo e alma.

Logo, podemos dizer que somos, também (porém não somente), formados de poeira das estrelas... Nosso corpo é constituído dos elementos químicos forjados, em boa parte, no interior das estrelas. Nossa alma, entretanto, é criada por Deus no momento de nossa concepção. Dada essa última realidade, nos tornamos imagem e semelhança de Deus!

Sugestões de leituras, sobre a “vida” das estrelas:
- Simon Singh, Big Bang, Editora Record, 2006.
- José Renan de Medeiros, “Nascimento, vida e morte das estrelas”. In: A. Ivanissevich, C.A. Wuensche e J.F.V. da Rocha (Orgs.), Astronomia Hoje, Instituto Ciência Hoje, 2010.
- Ian Ridpath, Astronomia, Zahar, 3ª Ed., 2011.

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