quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Poeira das Estrelas – continuação


Amigos,

Há uns dias atrás, eu publiquei o texto “Poeira das estrelas”, onde eu comentava sobre a nucleossíntese – a produção de elementos químicos nas estrelas. Destaquei que tudo nesse nosso mundo visível, inclusive nosso corpo, é feito desses elementos químicos, em boa parte produzidos no interior das estrelas; logo, podemos dizer que somos feitos (também) de poeira das estrelas!

Naquele texto eu comentei sobre um dos fins que uma estrela pode ter, ao “morrer”: a supernova. Trata-se de uma explosão violenta de uma estrela de massa elevada, que acaba por expelir material produzido durante sua “vida” e “agonia”, no espaço em volta, “semeando-o” com esses elementos químicos, inclusive elementos pesados, essenciais para a vida.

Bem, mas uma estrela pode ter diferentes fins, ao “morrer”, dependendo basicamente de sua massa. Não é somente através da explosão de supernovas que o espaço é “semeado” com elementos químicos. Estrelas menos massivas podem “morrer” de forma menos violenta que as supernovas. As estrelas com massa intermediária – da ordem da massa do Sol –, costumam “morrer” como nebulosas planetárias, após tornarem-se gigantes vermelhas. Nesse caso também, a estrela “agonizante” espalha material no espaço em volta.

Quando seu combustível (basicamente Hidrogênio) começa a faltar, esse tipo de estrela começa a se expandir, formando estruturas como cascas: a estrela torna-se uma gigante vermelha. Nosso Sol se tornará uma gigante vermelha, e “devorará” alguns planetas do nosso Sistema Solar, incluindo a Terra... Mas não precisamos nos preocupar, isso deve acontecer daqui a cerca de 5 bilhões de anos. Depois, a estrela entra em colapso (se contrai), e o material das cascas acaba sendo expelido (não de forma drástica como nas supernovas), dando origem a nuvens de material em torno do que restou da estrela. Essas nuvens formam o que é conhecido como nebulosa planetária; essa também é uma forma de espalhar elementos químicos no espaço ao redor.

Há poucos dias atrás saiu uma notícia de uma gigante vermelha, que foi avistada pelo telescópio ALMA (Atacama Large Milimeter/Submilimiter Array) – que na verdade trata-se de um arranjo de telescópios, situado no deserto de Atacama, no Chile –, a nebulosa espiral em torno da estrela R Sculptoris. Nesse caso, a estrutura em cascas é bem visível, e acredita-se que seja devido à influência de alguma estrela companheira  da R Sculptoris (ambas teriam formado um sistema binário). A estrela teria “morrido” há cerca de 1.800 anos. Surpreendentemente, a estrutura da nebulosa não é exatamente esférica, mas em espiral. Bem, chega de conversa, segue a fantástica imagem, com o link, obtida da NASA:
 
A imagem acima é uma fatia da estrutura tridimensional (3D) da nebulosa planetária. Complementando a informação, segue o link de um vídeo mostrando a estrutura 3D, com as fatias obtidas ao longo da mesma:
https://www.youtube.com/watch?v=zvJss-EI4KE


Segue uma imagem, com o link, de outra nebulosa planetária semelhante, LL Pegasi, capturada pelo telescópio espacial Hubble, também obtida da NASA:
Nebulosa planetária à esquerda
A notícia sobre a R Sculptoris foi publicada nas revistas Scientific American Brasil, no link; e Nature, no link. O artigo da Nature (em inglês) é muito bom; para acessá-lo por completo, somente com assinatura. Mas é possível, mesmo sem assinatura, visualizar algumas imagens interessantes (em tamanho reduzido), incluindo a última, de um modelo (simulação). Porém o melhor é que dá para assistir a um vídeo de uma simulação ilustrando a evolução da gigante vermelha ao longo do tempo: basta ir para o fim da página, em “Supplementary information”.
Boa navegação!
Sugestões de leituras, sobre a “vida” das estrelas:
- Simon Singh, Big Bang, Editora Record, 2006.
- José Renan de Medeiros, “Nascimento, vida e morte das estrelas”. In: A. Ivanissevich, C.A. Wuensche e J.F.V. da Rocha (Orgs.), Astronomia Hoje, Instituto Ciência Hoje, 2010.
- Ian Ridpath, Astronomia, Zahar, 3ª Ed., 2011.

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