Amigos,
Em um texto
anterior, eu havia comentado sobre pesquisas com células-tronco e as
questões morais e éticas associadas. Nessa semana, com grande alegria recebemos
a notícia do Prêmio Nobel de Medicina, que contemplou dois cientistas que
trabalham com células-tronco! A grande façanha é que eles fizeram pesquisas bem
sucedidas para induzir a pluripotência em células-tronco adultas.
Todos nós
já ouvimos falar sobre células-tronco, e das polêmicas envolvidas com sua
pesquisa; mas nem sempre os meios de comunicação explicam muito bem o assunto. Vejamos
do que se trata tudo isso.
Bem, há
diferentes tipos de células-tronco, mas no que diz respeito às opções de uso
para tratamento de doenças, podemos falar de dois tipos: células-tronco pluripotentes
e células-tronco multipotentes. As do primeiro tipo, pluripotentes,
são capazes de originar todos os tipos de tecidos, enquanto as do
segundo tipo, multipotentes, têm capacidade mais limitada, podendo
originar apenas alguns tipos de tecidos. O problema é que as pluripotentes
eram “disponíveis”, até alguns anos atrás, apenas em embriões – as células-tronco
embrionárias; enquanto células-tronco obtidas a partir de tecidos, as células-tronco
adultas, eram as multipotentes.
Logo, esse
era o argumento de alguns cientistas a favor de pesquisa com o uso de células-tronco
embrionárias, com a promessa de que poderiam ser usadas para produzir em
laboratório qualquer tipo de tecido, para tratamento de doenças; ao
passo de que era argumentado também que o uso de células-tronco adultas
não seria tão promissor, uma vez que poderiam originar apenas alguns
tipos de tecidos, limitando portanto o tratamento.
Porém,
sabemos que o uso de células-tronco embrionárias causa a MORTE de embriões;
logo, seu uso com embriões humanos significa a morte de pessoas, ainda que
em estágio embrionário. Isso tem repercussões sérias em termos de ética e
moral, obviamente; afinal, não se justifica destruir vidas humanas para
salvar outras...
Agora,
graças a Deus, é possível modificar células-tronco adultas para
torna-las pluripotentes! O Prêmio Nobel de Medicina desse ano contemplou
os cientistas Shinya
Yamanaka, do Japão, e John B. Gurdon, britânico. Yamanaka conseguiu o feito
primeiramente com células-tronco adultas de ratos, cujos resultados foram
publicados em 2006; e posteriormente com células-tronco adultas humanas, cujos
resultados foram publicados em 2007. Gurdon havia conseguido resultados
semelhantes em 1962, com sapos; por isso ambos dividiram o prêmio.
Agora não
há mais desculpas para tentar defender o uso de células-tronco embrionárias,
com a consequente destruição de embriões humanos – o que é anti-ético e amoral.
As células-tronco adultas com pluripotência induzida (conhecidas pela
sigla iPS) possuem a mesma capacidade das embrionárias de originarem todos
os tecidos – agora sim, de forma ética e moralmente correta!
Bendigamos
a Deus, que inspira pessoas a fazer pesquisa e ao mesmo tempo a agir com ética
e de forma moralmente coerente, conforme a Constituição
Pastoral Gaudium et Spes:
GS 36: “Se a pesquisa metódica, em todas as ciências,
proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, na
realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé
originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: aquele que tenta perscrutar com
humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome
consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as
coisas, fazendo que elas sejam o que são.”
O Senhor conduziu as mãos desses dois cientistas, de modo
que pudessem encontrar uma solução científica e tecnicamente viável, e ao mesmo
tempo ética e moralmente correta.
Até a próxima!
(Acrescentado
em 17/10/2012):
Complementando
a informação, essa notícia foi publicada nas seguintes revistas:
- Ciência Hoje, no link;
Há também uma
notícia na
agência Zenit.
Nenhum comentário:
Postar um comentário