Amigos,
No dia 15 de outubro último, houve um evento organizado pelo CERN – a Organização Européia para
Pesquisa Nuclear – envolvendo o diálogo entre ciência, filosofia e teologia. Vocês
lembram que o CERN anunciou em julho ter encontrado uma partícula que poderia
ser mesmo o tão procurado bóson de Higgs; para quem quiser recordar, há
diversos textos nesse blog sobre o assunto, no mês de agosto último – com links para outros textos mais antigos do
blog, ou para notícias externas.
As notícias (em inglês) foram veiculadas pela BBC, mais precisamente neste link, e
neste outro. Rolf
Heuer, diretor geral do CERN, comenta que esse diálogo é necessário, especialmente
no que diz respeito às diferentes visões sobre a origem do universo [Cá entre
nós, não necessariamente são tão diferentes assim; lembremos do Pe.
Georges Lemaître, SJ, pai da teoria do Big
Bang, (já comentado aqui no blog, vide
link anterior), e também dos sacerdotes
astrônomos do Observatório do Vaticano,
que conjugam bem ciência, filosofia e teologia (nota do autor do blog)]. Em
todo caso, um tema bastante enfatizado foi a necessidade de que pessoas de
todas as partes – ciência, filosofia e teologia – conheçam o que os outros
fazem; e de haver uma aproximação, especialmente na forma de se expressarem –
aqui sim, pode haver grandes disparidades, devido às diferenças no linguajar
usado por cada grupo.
Houve a presença do já conhecido (e problemático) Lawrence
Krauss, radicalmente contrário a Deus e à religião – ou seja, um ateu militante,
que já andou por aí alardeando a possibilidade de um mundo surgido do nada, sem
a necessidade (sic) de Deus para criá-lo
(assunto já comentado
no blog anteriormente). Pelo texto da notícia, foi pelo jeito, o maior protagonista
de discórdia no diálogo promovido pelo CERN; como por exemplo, ao dizer que a
ciência progride, porém a religião não...
Porém, felizmente, houve colaboradores que buscaram um diálogo
frutuoso, incluindo John Lennox, professor de matemática da Universidade de
Oxford, declaradamente cristão. Sua opinião é de que, o fato de fazermos ciência,
é uma evidência de Deus, e de que o ateísmo mina a racionalidade de que ele
precisa para fazer ciência. Vejamos que não se trata de um teólogo nem de um
filósofo falando; a convergência entre fé e ciência se dá em alguém que faz
ciência e é religioso.
Outra opinião interessante foi a de Andrew Pinsent, físico que
já trabalhou no0 CERN, e hoje dirige um centro para o diálogo entre ciência e
religião, também na Universidade de Oxford: o Iam Ramsey Centre for Science and
Religion. Ele defende uma aproximação maior entre ciência e filosofia, o que em
sua opinião poderia trazer novas ideias. Para isso, lembrou de Einstein, em sua
opinião um cientista que soube filosofar, ao fazer perguntas que uma criança
faria, como quando se questionou sobre o que aconteceria se viajasse em um raio
de luz, ainda bem jovem. [Sabemos que Einstein divagava bastante, e seus
experimentos mentais acabaram levando-o ao desenvolvimento das teorias da
Relatividade Restrita e Geral, (nota do autor do blog)].
Outra observação de Pinsent foi a hiper-especialização que há
atualmente entre as pessoas que atuam nos diversos campos do conhecimento: com essa
compartimentalização, uns não tomam conhecimento do que ocorre em outras áreas
do conhecimento que não sejam a sua própria especialidade, prejudicando o
diálogo.
Gary Wilton, um arcebispo anglicano, também comentou sobre a
necessidade de diálogo entre ciência e teologia, para tentar abordar as
questões levantadas sobre a origem do universo, que a ciência sozinha não
conseguiria responder.
Enfim, foi uma bela iniciativa do CERN reunir cientistas,
filósofos e teólogos, para um diálogo acerca do universo, e de sua origem.
Esperemos que dê bons frutos, e que não seja o último!
PS: Interessante que, no primeiro link da BBC que eu citei, há um breve
texto – em uma barra lateral – sobre o Pe. Georges Lemaître, SJ, e a teoria do Big Bang.
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