sábado, 29 de setembro de 2012

O homem é a glória de Deus!


Amigos,

Vocês já devem ter ouvido falar que a teoria Heliocêntrica “tirou” a Terra do centro do universo, e com isso também teria “tirado” o homem do centro... Devem ter ouvido comentar também algo como que nós parecíamos ter uma importância maior, ocupando o centro do universo em uma Terra imóvel, mas agora somos quase insignificantes diante da grandeza do universo, uma vez que a Terra é apenas um planeta em um dos tantos sistemas solares orbitando estrelas como o nosso Sol; já que somente a nossa galáxia tem bilhões de estrelas semelhantes ao Sol; sem contar que há bilhões de galáxias no universo, etc... Além disso, esses comentários por vezes têm ares de vitória contra a “visão da Igreja” que predominava quando a teoria vigente era a Geocêntrica.

Bem, nada de mais enganoso em tudo isso. Primeiramente, a teoria Geocêntrica não era apenas uma “visão da Igreja”, imposta por esta: era uma visão de todos os pensadores da época; a teoria Geocêntrica foi amplamente aceita por todos os estudiosos que tentavam desvendar os mistérios da natureza, durante mais de um milênio e meio. Logo, não era exatamente uma “visão da Igreja”, mas sim de toda a “massa crítica” pensante. Em segundo lugar, o fato de ocuparmos (fisicamente) um lugar aparentemente insignificante no vasto universo que hoje conhecemos, nada tem a ver com nós sermos insignificantes... Não ficamos “destronados”, com a descoberta da vastidão do universo.

Mesmo do ponto de vista da ciência, há que se considerar que o ser humano, dotado de inteligência como é, destaca-se, em todo o mundo criado, como o único ser capaz de ultrapassar o dado sensível, a ponto de chegar a tentar desvendar os mistérios da natureza, e de questionar mesmo as razões da existência, como o faz. O homem não ficou preso a comportamentos instintivos, como outras criaturas animais: é dotado de um princípio que ultrapassa sua natureza material, o que é sensível e mensurável, questionando-se a respeito da existência. Bem, somente isso já mostra que não estamos “destronados” do centro do mundo; muito pelo contrário.

Se aliarmos a fé, então mesmo é que constatamos que somos a meta de toda a criação! No Antigo Testamento, temos no livro do Gênesis, após a criação do ser humano: “Abençoando-os, Deus disse-lhes: ‘Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra’.” (Gn 1,28); também o profeta Isaías já afirmava, a nosso respeito: “Tu és a alegria do Senhor teu Deus” (Is 62,5); e ainda, no livro dos Salmos: “Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? (...) vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes. Destes-lhes poder sobre a obra de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo.” (Sl 8,5-6). No Novo Testamento, temos, em Efésios: “(...)do alto do céu o Pai nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo e nos escolheu Nele antes da criação do mundo.” (Ef 1,3).

Em dois dos textos que escrevi sobre a criação, este e este outro, comento sobre as narrativas do livro do Gênesis, em que Deus cria o homem à Sua imagem e semelhança; dando-nos, portanto, uma condição bem diferente das outras criaturas. Reunimos, em nós, a natureza material e espiritual, uma vez que dotados de corpo e alma. Logo, a teoria Heliocêntrica não nos tirou do centro do universo, coisa alguma. Vemos, a partir dos textos Bíblicos acima citados, que somos a meta para a qual toda a criação foi dirigida, por Deus. Como disse Santo Irineu, no século II: “O homem é a glória de Deus”. Sim, somos a glória de Deus! Ele nos amou desde sempre, e nos escolheu desde antes da criação do mundo! Não somos fruto de um acaso cego... temos um Pai no Céu, que nos ama, e criou a cada um de nós!

Nossa pequenez no universo, falando em termos de medidas físicas, contrasta com a glória com que o Senhor Deus nos cumula. Ocupamos, sim, um lugar muito pequeno, com nossos menos de dois metros de altura, nesse universo de 13,7 bilhões de anos-luz de vastidão. Mas ocupamos um lugar muito especial, no coração de Deus.

Aqui percebemos bem o que disse o Papa João Paulo II em sua Carta Encíclica Fides et Ratio: “A fé e a razão (...) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. Somente com uma asa, ficamos capengas. Mas aliando fé à razão, fica tudo mais claro ao nosso entendimento!


Até a próxima, com a graça de Deus!

(Modificado em 13/02/2019).
 

Evolução


Amigos,

Como um desdobramento da nossa reflexão acerca da criação, escrevo agora mais especificamente sobre a evolução.

Compartilho um vídeo do Pe. Paulo Ricardo, sobre a relação da Igreja com a teoria da Evolução. Notem que ele expõe as duas alternativas que temos hoje para explicar a evolução da vida: teoria da Evolução de Darwin e o Design Inteligente. A primeira diz que houve evolução dentro de cada espécie, e entre espécies, com mutações aleatórias e seleção natural dos indivíduos mais aptos ao meio; a segunda, propõe a ação Divina ao longo da evolução, guiando-a.

Para nós, a teoria Darwiniana não se contrapõe à nossa fé, desde que não a usemos para tentar “eliminar” Deus da história, como fazem alguns, dizendo: “Se temos uma teoria que explica a evolução da vida, logo não precisamos de Deus para explicá-la”. Nada mais enganoso. Nós entendemos a evolução como parte do plano Divino da criação – assim como o fazemos com o que diz a teoria do Big Bang.

Porém, notem que a alternativa do Design Inteligente requer que se admita a ação Divina. Logo, os ateus e materialistas de plantão agarram-se desesperadamente à teoria de Darwin, como “alternativa” à crença em Deus; da mesma forma como rejeitam o Design Inteligente. Para nós, católicos, tanto faz a forma como a vida evoluiu: se explicada pela teoria da Evolução de Darwin, aliada à fé em Deus Criador; ou se houve ação/intervenção Divina direta ao longo da história. De uma ou de outra forma, cremos que Deus guiou a evolução: que as espécies não evoluíram até o ser humano devido a um acaso cego, mas conforme a vontade de Deus. Como cremos também que o universo culminou no estado em que hoje se encontra, de alguma forma guiado por Deus, e não pela ação de um acaso cego... Ou seja, a existência do mundo, e nossa existência, foram queridas e planejadas por Deus mesmo!

Faço questão de destacar, mais uma vez: nós não interpretamos as Sagradas Escrituras de forma literal; mas conforme o Magistério da Igreja. Sabemos que as narrativas do livro do Gênesis não constituem descrições científicas acerca da criação do mundo e da vida, mas nos transmitem verdades profundas de fé.

Segue o link para o vídeo de Pe. Paulo Ricardo sobre a teoria da Evolução.

Até a próxima, com a graça de Deus!

(Modificado em 13/02/2019).

A Criação (3)


Amigos,

Continuando ainda nossa reflexão sobre a criação de Deus, hoje eu comento sobre a questão da Evolução, e a teoria mais aceita atualmente que tenta explicá-la; já comentei antes sobre a teoria do Big Bang, no texto sobre o Pe. Georges Lemaître, SJ, sobre a qual comento novamente nesse texto também.

Conforme já expus anteriormente, a Igreja entende que o conteúdo da Bíblia, inspirado por Deus, refere-se àquelas verdades de fé que são fundamentais à salvação do homem. Vimos também que as narrativas bíblicas do livro do Gênesis não devem ser interpretadas de forma literal. Mas sabemos que é bom o homem louvar o Criador, ao se maravilhar com a criação. Logo:

Quanto à criação do mundo:

Hoje a teoria do Big Bang é a mais aceita, devido inclusive às comprovações observacionais, como a Radiação Cósmica de Fundo de Microondas (vide o link sobre o Pe. Georges Lemaître, SJ). Sabemos que ela não contraria nossa fé em Deus que criou o mundo. Porém, se futuramente essa teoria for alterada ou complementada de alguma forma, pouco importa para nós, no sentido em que jamais colocará “em cheque” a nossa fé em Deus como Criador do mundo. O que importa para nós é que Deus é Criador! Agora, exatamente os detalhes de como Ele criou o mundo, do ponto de vista de uma descrição científica, trata-se de um “algo a mais” em nosso entendimento.

Logo, quaisquer pretensas tentativas de se excluir Deus da história, através da teoria do Big Bang, ou de outras teorias científicas, obviamente trata-se de ingerência por parte de quem o faz, uma vez que a esfera de atuação da ciência é bem mais restrita que a da filosofia e da teologia. Seria invadir outro campo do conhecimento para o qual a ciência não se aplica.

Quanto à criação da vida:

Hoje a teoria da Evolução é a mais aceita no meio científico; e é aceita pela Igreja também, como uma teoria, desde que não seja usada como uma alternativa para a fé em Deus; mas seja usada em conjunto com a fé. Aqui valem as mesmas observações do item anterior, sobre a criação do mundo: pouco importa para nós também, se a teoria que explica como a vida foi (e é) criada, é a teoria da Evolução, ou se é outra teoria; se a teoria da Evolução for modificada no futuro, ou substituída por outra... isso em nada abala nossa fé. Tampouco a teoria da Evolução, por si só, abala nossa fé. Obviamente, se for usada para negar Deus... aí temos também um problema de ingerência de quem o faz. Sabemos que Deus criou (e cria) a vida. Mas como exatamente Ele criou... trata-se também de um “algo a mais” em nosso conhecimento.

O que importa para nós, tanto no que diz respeito à criação do mundo quanto da vida, é que nós conjugamos as teorias científicas que descrevem (ou tentam descrever) como tudo isso ocorreu, com a certeza que temos, pela Revelação Divina, de que Deus é o Criador de todas as coisas! Logo, cremos que toda a criação, do mundo e da vida, seguiu um plano Divino, ou seja: foi guiada por Deus; não por um acaso cego... Lembram daquelas citações de cientistas que eu coloquei no texto Macrocosmos? Repito aqui, afinal nunca é demais relembrar o que tem um conteúdo importante e esclarecedor.

“Com os átomos de um bilhão de estrelas, o acaso cego não conseguiria produzir sequer uma proteína útil para o ser vivo.” (Adolf Butenandt, 1903-1995, prêmio Nobel de Química m 1939).

“Querer explicar pelo acaso a origem da vida sobre a terra é o mesmo que esperar que um dicionário completo possa ser o resultado da explosão de uma tipografia.” (Edwin Couklin, 1863-1952, biólogo).

Até a próxima, com a graça de Deus!

Fontes para consulta:

- Catecismo da Igreja Católica

- “Curso de Antropologia Teológica (e Angeologia)”, da Escola “Mater Ecclesiae”, elaborado por Dom Estêvão Bettencourt, OSB.

A Criação (2)


Amigos,

Continuando nossa reflexão sobre a criação de Deus, hoje eu comento sobre o livro bíblico do Gênesis, e a conciliação da verdade de fé nele contidas, com as descrições científicas acerca da criação do mundo e da vida.

Quantas vezes nós já devemos ter sido confrontados com dúvidas sobre crer nas Sagradas Escrituras ou na ciência, como se as verdades explicitadas em cada caso, fossem mutuamente excludentes...? Bem, hoje a Igreja tem bem claro que o livro bíblico do Gênesis não é uma descrição científica sobre a criação do mundo ou da vida, porém contém verdades de fé; e que não estão contra – nem são abaladas por – essas verdades científicas. A Igreja explica que os textos Sagrados foram escritos por inspiração de Deus, para transmitir aquelas verdades necessárias à salvação do homem. Logo, as verdades de fé são fundamentais, porém os detalhes de como o mundo e a vida foram criados, tornam-se menos relevantes no sentido em que esses detalhes não concorrem para nossa salvação. Para nós, o que importa, em última análise, é saber que Deus criou o mundo e a vida, e nos fez à Sua imagem e semelhança; e quer que nos salvemos e tenhamos, d’Ele, vida plena, desde agora e por toda a eternidade! Os detalhes do como, ficam a cargo dos estudos dos cientistas; e é saudável que o homem tente desvendar a natureza, na busca pela verdade, ao se maravilhar com a beleza da criação (cf. Constituição Pastoral Gaudium et Spes e Carta Encíclica Fides et Ratio). A contemplação da criação deve levar o homem a maravilhar-se também com o Criador!

O livro do Gênesis não deve ser interpretado de forma literal. Para começar, há nele duas narrativas da criação. Sim, duas narrativas diferentes! Imagine se alguém fosse querer levar às últimas consequências uma interpretação literal do Gênesis, com duas narrativas da criação...

Em uma das narrativas, a criação é descrita dia-a-dia; ao fim de cada dia, é dito: “E Deus viu que era bom”. Tudo que Deus cria é bom! Nessa narrativa, todas as criaturas, inanimadas e animadas, são criadas por Deus, a cada dia com a ordem: “Faça-se...!”; mas quando chega a hora de criar o homem... Deus o cria de modo muito diferente:

Gn 1,26: “Façamos o homem à Nossa imagem e à Nossa semelhança”.

Notem aqui a verdade profunda acerca da criação do ser humano como um ser diferente de todos os outros; não uma criatura qualquer: mas feito à imagem e semelhança de Deus! Notem também que Deus fala no plural: “Façamos...”, “(...)Nossa imagem...”, “(...)Nossa semelhança...”, revelando então, pois, sua natureza Trinitária.

Na outra narrativa, a criação do homem é descrita como moldado a partir do barro, soprando-lhe Deus em suas narinas:

Gn 2,7: “O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem tornou-se um ser vivente.”

Uma verdade profunda de fé é que o ser humano possui duas naturezas: uma material e outra espiritual; Deus infunde no ser humano uma alma imortal. Lembram do texto anterior, onde eu comentava sobre o fato de Deus ser o Criador do mundo, material e espiritual? Pois o ser humano participa de ambas, uma vez que é constituído de corpo e alma.

Entendem, amigos, como as narrativas do Gênesis em nada se contrapõem ao que diz a ciência?

Bem, até a próxima!

PS: Como hoje (29/09) a Igreja celebra o dia dos Santos Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael, lembramos que os anjos são seres espirituais, não corporais, cuja realidade é afirmada pelas Sagradas Escrituras, e pela Igreja


Fontes importantes:

- Catecismo da Igreja Católica

- “Curso de Antropologia Teológica (e Angeologia)”, da Escola “Mater Ecclesiae”, elaborado por Dom Estêvão Bettencourt, OSB.

(Modificado em 13/02/2019).
 

domingo, 23 de setembro de 2012

A Criação


Amigos,

Hoje comento sobre um ponto importante acerca da criação, e que, portanto, toca questões de fé e de razão.

Infelizmente, constatamos que é comum algumas pessoas confrontarem o que diz a nossa fé com o que diz a ciência, sobre esse tema. Mas não há necessidade de confronto: conjugando fé e razão, dá para conciliar as verdades de fé com as descrições científicas da criação, assim como com o que diz a filosofia. Através da ciência, o homem tenta entender como o mundo funciona; com a filosofia, reflete sobre os porquês, as razões da existência; e através da Revelação Divina, obtém a resposta para as questões mais difíceis de entender, ou mesmo pode-se dizer, questões que não são possíveis de se entender somente com o uso de nossa razão.

A Igreja Católica afirma, logo no início de sua Profissão de Fé – o Credo (tomemos sua versão Niceno-Constantinopolitana, a mais longa):

“Creio em um só Deus, Pai Todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis...”

Interessante refletir sobre essas verdades profundas de fé acerca da criação de Deus. Vejamos. Quando nossa Profissão de Fé afirma que Deus é Criador de todas as coisas, do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis, significa: de toda a realidade material e espiritual; por terra e coisas visíveis, entenda-se o que é material, e por céu e coisas invisíveis, entenda-se o que é espiritual. Essa verdade é profunda por diferentes razões. Vejamos.

Primeiro, mostra que a criação de Deus não se limita a esse mundo palpável, que nós vemos, sentimos e mensuramos; sobre o qual os cientistas tanto se debruçam em tentar desvendar seus mistérios – e, diga-se de passagem, não há nenhum erro nisso! Esse mundo material é denominado realidade imanente. Porém, a criação de Deus também abarca um outro lado da realidade, o espiritual; um mundo que ultrapassa a percepção de nossos sentidos (e instrumentos científicos), ou seja, uma realidade transcendente.

Somos chamados a caminhar por entre as coisas que passam, rumo às que não passam: cf. Cl 3,1: “(...)buscai as coisas do alto...”; ainda, em Mt 6,19-21: “19 Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. 20 Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu, onde as traças e a ferrugem não podem destruí-las, e os ladrões não podem arrombar e roubá-las. 21 Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês.”

Outro ponto importante sobre essas duas faces da realidade, material e espiritual, é que a nossa natureza também é espiritual, e não só material! De todos os seres vivos, Deus fez o ser humano à Sua imagem e semelhança, cf. Gn 1,26: “E Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”, incutindo em nossa natureza material uma alma humana imortal, que transcende esse nosso mundo visível; assim, não somos como uma criatura qualquer, porém nos tornamos imagem e semelhança de Deus!

Vocês já se detiveram a refletir sobre isso antes...? Que bela é nossa Igreja! E que dom (=presente) de Deus, que amor tão grande, em querer nos tornar Sua imagem e semelhança, e querer dar-nos a alegria de viver em Sua presença, por toda a eternidade!

Que resposta nós daremos a Deus por esse amor tão grande? “Sim! Amém!”

Reflitamos também: como poderíamos habitar na presença de Deus, se não nos fosse concedido do alto?

Para complementar (e fundamentar) esse texto do blog, segue o link de um vídeo do Pe. Paulo Ricardo, explicando o trecho da oração do Pai Nosso, em que se diz: “(...)estais nos céus...”. Vocês poderão ver que ele, a partir do Pai Nosso, passa também para explicações sobre o Credo, citando também o livro do Gênesis.

Bom proveito, e até a próxima!

Como sugestão para quem quiser aprender algo mais sobre o que a Igreja diz a respeito da criação, recomendo as seguintes fontes:

Primeiramente:

- Catecismo da Igreja Católica

E também:

- “Curso de Antropologia Teológica (e Angeologia)”, da Escola “Mater Ecclesiae”, elaborado por Dom Estêvão Bettencourt, OSB.

(Modificado em 13/02/2019).


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Entrevista com Ir. Guy Consolmagno, SJ



Amigos,

Li há pouco uma entrevista do Ir. Guy Consolmagno, SJ, ao jornal O Globo, a qual foi publicada no último dia 15, na seção de Ciência. Achei importante retransmitir, já que nem sempre temos entrevistas com esses homens de fé e de ciência, em português.

A jornalista fez perguntas que são, de certa forma, bem abrangentes, em diversos pontos interessantes sobre a relação entre ciência e fé. Conforme vocês poderão conferir, as respostas que ele deu à jornalista foram mais interessantes ainda, e, como sempre, desmistificam a suposta oposição entre ciência e fé.

Bem, melhor vocês mesmos acessarem o texto da entrevista!

Bom proveito, e até a próxima!

(Atualizado em 23/12/2012):

Amigos, quando publiquei esse texto, tratei o Jesuíta Guy Consolmagno, SJ, como Pe. Guy Consolmagno, SJ. De fato, eu imaginava antes que ele fosse religioso (irmão) Jesuíta, apenas, porém não sacerdote; inclusive esse foi o motivo para eu ter usado como título de um texto mais antigo, nesse blog, “Sacerdotes e/ou religiosos cientistas ao longo da história”.

Porém, como algumas notícias vinham sendo publicadas referindo-se a ele como padre, acabei escrevendo alguns textos também tratando-o como tal.

Recentemente, acessando sua página no Observatório do Vaticano, verifiquei que em nenhum momento há menção de que ele tenha sido ordenado; apenas que fez seus votos como irmão Jesuíta em 1991 – apesar de ter estudado filosofia e teologia.

Chama a atenção também seu livro intitulado “Brother Astronomer, Adventures of a Vatican Scientist” (Irmão Astrônomo, Aventuras de um Cientista do Vaticano), e o tratamento, em sua página, como “Br. Guy Consolmagno, SJ” (Ir. Guy Consolmagno, SJ).

Logo, corrigi esse texto, para maior clareza.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Macrocosmos


Amigos,

Imagino que todos já pararam algumas vezes para contemplar o céu à noite, seja numa noite de luar, ou sem luar; sem luar, as estrelas são mais visíveis. Se estivermos em um lugar afastado das grandes cidades, então, podemos ver muito melhor o céu pontilhado de estrelas. Que maravilha, não é? Tive essa experiência ainda na infância, já que morava em um lugar com pouca iluminação. Que outras cenas bonitas podemos citar, ao olharmos o céu? O nascer ou o por do sol...

Mas, além de admirar toda essa beleza visual, vocês já pararam para se questionar a respeito de tudo isso? Já viram uma imagem da Terra obtida por satélite? Não dá sequer para tentar imaginar ver alguém na sua superfície: sumimos na superfície da Terra, quando essa é vista do espaço! Já viram alguma imagem comparando o tamanho da Terra com o do Sol? Só um daqueles jatos de plasma (aquelas chamas que ocorrem na superfície do Sol), costuma ser muitas vezes o tamanho da Terra. Já viram uma imagem do nosso Sistema Solar? Hoje é bem mais fácil: nem precisamos ir às enciclopédias, a internet é uma grande fonte de imagens do universo.

A luz emitida pelo Sol leva cerca de 8 minutos e 20 segundos para alcançar a Terra. Vocês têm ideia de qual é a velocidade da luz? Praticamente 300.000 km/s. Fazendo as contas, o Sol fica a cerca de 150.000.000 de km da Terra... De espantar, não é? Bem, na verdade podemos dizer que o Sol fica “logo ali”... Vejamos.

O Sol é, na verdade, uma estrela: a “nossa” estrela. O vemos tão claro, diferentemente das outras estrelas, porque ele está muito próximo da Terra, se comparado com as outras. Em nossa galáxia, a estrela mais próxima de nós (desconsiderando o Sol), está a cerca de 4 anos-luz: é a Alfa de Centauro. Ano-luz é medida de distância: a distância percorrida pela luz, em seus vertiginosos 300.000 km/s, durante um ano. Façam as contas: um ano-luz dá cerca de 9,5 trilhões de km. E, somente na nossa galáxia, existem outras bilhões de estrelas parecidas com o Sol.... Fantástico, não acham?

Bem, por falar na nossa galáxia... Sabem qual o seu tamanho? Nossa galáxia, a Via Láctea, tem a forma aproximada de um disco, com “braços” espiralados partindo de seu centro. O disco tem cerca de 10.000 anos-luz de espessura, e 100.000 anos-luz de diâmetro. Não disse que o Sol era logo ali...? O que é uma distância percorrida pela luz em meros 8 minutos e 20 segundos, diante de uma distância percorrida pela luz em 10.000 ou 100.000 anos?

Ainda acham muito? Bem, a galáxia mais próxima de nós, Andrômeda, está a cerca de 2,5 milhões de anos-luz, e vai se chocar com a nossa no futuro. Mas calma! Isso acontecerá em cerca de 4 bilhões de anos... Não precisamos nos preocupar, por ora...

Não se espantem, mas no universo há bilhões de galáxias! Andrômeda faz parte de nosso grupo local de galáxias. É algo de assustador... E pensar que o universo levou cerca de 13 bilhões e 700 milhões de anos, desde se início, o Big Bang – que, diga-se de passagem, foi uma teoria proposta por um sacerdote Jesuíta, Pe.Georges Lemaître, SJ –, até hoje! Os telescópios mais modernos têm conseguido avistar corpos celestes a cerca de 12 bilhões de anos-luz, o que significa que estamos vendo fenômenos ocorridos na “infância” do universo, já que a luz emitida durante esses fenômenos levou cerca de 12 bilhões de anos para chegar até nós...

Bem, amigos. O que eu quero mesmo é provocar vocês a refletir, a partir da beleza e da imensidão do universo, na grandeza de Deus. “Quem, como Deus”? Aliás, essa é uma expressão que se refere ao Arcanjo São Miguel. Mas podemos nos indagar também: Quem, como Deus, para criar tudo isso? A contemplação da beleza da criação – digo contemplação da beleza não somente no sentido artístico da beleza visual, como comentei no início desse texto – deve nos levar, naturalmente, a adorar o Criador.

Somente uma cegueira muito grande poderia impedir alguém a fazer tal reflexão... Somente uma cegueira causada pelo orgulho, e por que não dizer também, pelo pecado, pode levar alguém a negar Deus e afirmar que tudo foi obra de um grande acaso. É querer endeusar o acaso...

Lembremos de São Paulo, aos romanos:

Rom 1,20-21: “20 Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu poder eterno e a sua divindade tornaram-se visíveis à inteligência por meio das coisas criadas... 21 Muitos, contudo, conhecendo a Deus não o glorificaram, nem lhe renderem graças.”

Ou ainda Santo Agostinho, em seu Sermão 126,3:

“Eleva o olhar racional, usa os olhos como homem, contempla o céu e a terra, os ornamentos do céu, a fecundidade da terra, o voar das aves, o nadar dos peixes, a força das sementes, a sucessão das estações. Considera bem os seres criados e busca o seu Criador. Presta atenção no que vês e procura quem não vês. Crê naquele que não vês, por causa das realidades que vês.”

Que tal a afirmação de um cientista prêmio Nobel?

“Com os átomos de um bilhão de estrelas, o acaso cego não conseguiria produzir sequer uma proteína útil para o ser vivo.” (Adolf Butenandt, 1903-1995, prêmio Nobel de Química m 1939).

Afirmação de outro cientista:

“Querer explicar pelo acaso a origem da vida sobre a terra é o mesmo que esperar que um dicionário completo possa ser o resultado da explosão de uma tipografia.” (Edwin Couklin, 1863-1952, biólogo).

Bem, amigos, como não amar a Deus, diante da maravilha da criação?

Até a próxima!



Esse texto do blog foi em parte inspirado no livro:




- Felipe Aquino, Ciência e Fé em harmonia, Editora Cléofas, 2004.

domingo, 16 de setembro de 2012

Mais fácil comentar

Amigos,
 
Após alerta de um visitante do blog sobre a dificuldade em comentar os textos, mudei a configuração, procurando facilitar a vida de quem costuma "navegar" por aqui.
 
Até a próxima!

sábado, 15 de setembro de 2012

Astronomia × astrologia (2)


Amigos,

Continuando a reflexão do texto anterior, sobre as diferenças entre astronomia e astrologia, neste eu resolvi comentar algo mais na parte tocante à fé.

A astrologia, ao seguir seu rumo, após a separação com a astronomia, continuou relacionada aos aspectos de adivinhação ou tentativas de prever o futuro, adivinhação da sorte, e coisas do gênero; como se os astros fossem dotados de poderes sobrenaturais capazes de fornecer às pessoas acesso a tais conhecimentos. Ora, sabemos que tudo isso é contrário às orientações das religiões que seguem as Sagradas Escrituras – seja apenas o Antigo Testamento, ou ambos: Antigo e Novo Testamentos1. Senão, vejamos.

Já no Antigo Testamento, temos uma passagem que deixa claro a incompatibilidade entre essas atividades e a fé em Deus, no livro do Deuteronômio:

Dt 19,9-13: “9 Quando tiveres entrado na terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar as práticas abomináveis da gente daquela terra. 10 Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem que se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao fetichismo, 11 à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à invocação dos mortos, 12 porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações. 13 Serás inteiramente do Senhor, teu Deus.”

No Novo Testamento, outra passagem é também bem clara, no livro dos Atos dos Apóstolos:

At 16,16-19: “16 Certo dia, quando íamos à oração, eis que nos veio ao encontro uma moça escrava que tinha o espírito de Pitão, a qual com suas adivinhações dava muito dinheiro a seus senhores. 17 Pondo-se a seguir Paulo e a nós, gritava: Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação. 18 Repetiu isso por muitos dias. Por fim, Paulo enfadou-se. Voltou-se para ela e disse ao espírito: Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora ele saiu. 19 Vendo seus amos que se lhes esvaecera a esperança do lucro, pegaram Paulo e Silas e levaram-no ao foro, à presença das autoridades.”

Chama a atenção, na passagem anterior, a questão do interesse de certas pessoas em se aproveitarem do lucro que aquelas práticas lhes dava.

Ainda hoje, não vemos gente que lucra fácil, às custas de incautos e desesperados, com “trabalhos” de adivinhação ou coisas semelhantes...?

Para concluir, no Catecismo da Igreja Católica, temos as orientações da Igreja quanto a essas práticas:

CIC 2116: “Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõe ‘descobrir’ o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e, finalmente, sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Essas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus.”

Esse trecho do Catecismo está na “Terceira Parte: Vida em Cristo”, mais especificamente, em “Os Dez Mandamentos”. Superstição, e coisas semelhantes, trata-se de uma das afrontas ao Primeiro Mandamento do Decálogo: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento”.

Ao se adotar crendices, se coloca a confiança em outras coisas ocultas ou fictícias, como outros “deuses”, ao invés de colocar a confiança plena no único Senhor, nosso Deus!

Portanto, caros, no texto anterior do blog, vimos que astrologia nada tem a ver com ciência; neste, vemos que também nada tem a ver com fé.

Lembremos, como citado no texto anterior, que Santo Agostinho já criticava a astrologia, dado o seu fatalismo, pois, se tudo estaria previsto a partir dos astros, como seriam livres os humanos? Ele a criticava também – conforme seu livro Confissões –, porque se procurava isentar os homens das culpas por seus erros, atribuindo-os a corpos celestes e – em última análise – ao próprio Deus!

“Os astrólogos dizem: a causa inevitável do pecado vem do céu; Saturno e Marte são os responsáveis. Assim isentam o homem de toda falta e atribuem as culpas ao Criador, àquele que rege os céus e os astros.” (Confissões, I, IV, c. 3).

Até a próxima!

1Nunca é demais lembrar que nós, católicos, temos como fundamento de nossa fé, não apenas as Sagradas Escrituras, mas também a Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja – os quais também, por sua vez, estão fundamentados nas próprias Sagradas Escrituras.

Sugestões de leitura:

- Felipe Aquino, Astrologia - horóscopo?

Além, obviamente, da Bíblia Sagrada e do Catecismo da Igreja Católica.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Astronomia × astrologia


Amigos,

Resolvi escrever sobre esse assunto, que talvez ainda deva confundir alguns: afinal, astronomia e astrologia... são a mesma coisa? Não, amigos, não são a mesma coisa. Na verdade são muito diferentes... apesar de terem origem comum. Vejamos.

Há muito tempo a humanidade contempla o céu, tentando desvendar seus mistérios. Vocês devem lembrar que, em algumas mensagens do blog, eu já comentei que fatos históricos devem ser avaliados ou julgados dentro do contexto da época em que ocorreram, por uma questão de justiça. Pois bem, isso se aplica às origens dos estudos relativos ao céu e aos astros. Devemos lembrar que os povos antigos tinham um entendimento muito elementar da natureza. Nessas condições, muitas vezes buscavam explicar os fenômenos naturais através de elementos de sua cultura, como seres mitológicos. Temos por exemplo as constelações, figuras imaginárias que esses povos atribuíam a agrupamentos de estrelas no céu. Tudo isso remonta a cerca de 1.500 a.C., com os babilônios, assim como com os egípcios, gregos e romanos.

No século XVII, ambas tomaram rumos diferentes: a astronomia como ciência, dedicada ao estudo dos corpos celestes, sua localização, movimento, constituição e processos físicos que os governam; a astrologia, perdendo o status de ciência, voltada para o “estudo” da (suposta) influência dos astros na vida e comportamento das pessoas.

Bem antes disso, Santo Agostinho já criticava a astrologia, dado o seu fatalismo, pois, se tudo estaria previsto a partir dos astros, como seriam livres os humanos?

A astrologia perdeu o sentido de ser, uma vez que não se enquadra nem como ciência nem como algo ligado a religião. Do ponto de vista da ciência, podemos desmistificar diversos pontos. Vejamos alguns.

Quanto às constelações: A partir de um agrupamento de estrelas no céu, diferentes figuras podem ser imaginadas “interligando” estrelas. Por exemplo, tomemos a constelação de escorpião, conforme o zodíaco de que tanto ouvimos falar; as estrelas que “formam” sua cauda, representam também a constelação de anzol, de acordo com a mitologia dos polinésios. Logo, cada povo (ou pessoa), pode deixar sua imaginação livre para formar a figura que quiser em agrupamentos de estrelas... Mas lembremos que os adeptos de um ou outro povo, atribuem características e influências específicas às suas próprias constelações; mas como pode ser que as mesmas estrelas exerçam influências diferentes nas pessoas, conforme a imaginação de cada povo...? Se fossem influências reais, dependeriam das estrelas em si, não da imaginação de cada um... Hoje sabemos também que as estrelas que formam uma dada constelação, na verdade estão situadas, em geral, muito distantes umas das outras! O aparente agrupamento de estrelas que vemos é devido à projeção destas no céu, conforme observado por nós...

Outra questão: A astrologia é baseada no Sistema Solar. Porém, lembremos que durante muito tempo em que as pessoas faziam e buscavam previsões astrológicas, não eram conhecidos os planetas Urano e Netuno (Plutão recentemente perdeu seu status de planeta...); logo, será que as supostas previsões astrológicas feitas anteriormente a essas descobertas estavam erradas...? Deveriam ser corrigidas...?

Ainda outro ponto: Considerando que há doze signos no zodíaco, então, a cada dia, teríamos cerca da 1/12 da população mundial sujeitas às mesmas “previsões”...?

Logo, amigos, tenhamos bem claro essas diferenças. Não culpemos os antigos, obviamente; mas saibamos caminhar com a evolução do conhecimento humano, em sua constante busca por desvendar os mistérios da criação.

Até a próxima!

Sugestões de leitura:

- Carlos Alexandre Wuensche, “Astronomia versus astrologia – O movimento dos astros influencia nosso dia a dia?”. In: A. Ivanissevich, C.A. Wuensche e J.F.V. da Rocha (Orgs.), Astronomia Hoje, Instituto Ciência Hoje, 2010.

(Este texto do blog foi baseado principalmente nesta referência citada acima).

- Felipe Aquino, Astrologia - horóscopo?

- Marcelo Gleiser, A astrologia, publicado na Folha de São Paulo, em 2002; reproduzido por Felipe Aquino.

Obs.: Vale lembrar algo sobre a citação que faço de materiais de divulgação científica: faço uso deles nas questões sobre ciência, não no tocante à fé, uma vez que não necessariamente têm compromisso com essa última. E sabemos que: ciência, filosofia e teologia mantêm um belo diálogo, porém cada uma em seu campo próprio de atuação. Fiquemos, pois, com a parte que cabe, em cada fonte. Outra observação é que seus autores não necessariamente partilham de nossa visão quanto à religião.

 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Inviolabilidade da vida humana (3)


Amigos,

Complementando a reflexão anterior sobre a dignidade da morte natural, nos textos Inviolabilidade da vida humana (2) e Inviolabilidade da vida humana, publicados neste blog, segue uma explicação mais detalhada sobre o assunto, pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte1. Cabe lembrar que Dom Antônio Augusto também é médico – conforme seu currículo na página desta Arquidiocese –, e atuante nas questões relacionadas a vida e família.

Dom Antônio Augusto explica em detalhes, com exemplos, o que seriam meios desproporcionais para manutenção da vida, dos quais é lícito abrir mão para uma morte natural e digna da pessoa em questão; o que se trata da ortotanásia. Mas alerta também para o fato de que não deve haver equívoco entre o que sejam meios proporcionais e desproporcionais, para que não se incorra em eutanásia, pela retirada dos meios proporcionais, que devem, estes últimos sim, ser mantidos, para uma morte reta e digna da pessoa.

O Bispo Auxiliar alerta para que a Resolução do CFM, a Diretiva Antecipada de Vontade, não resulte, futuramente, em um direito absoluto do paciente sobre sua vida. Outro ponto importante diz respeito à situação psicológica de pacientes em estado terminal. Neste caso, estudos em psicologia mostram que, pacientes nessas condições, devido à sua situação de sofrimento, costumam pedir para morrer, o que na verdade reflete um pedido de ajuda, para ser cuidada e ter alívio e apoio em seu sofrimento, e não uma vontade de morrer, de fato. Logo, a equipe de profissionais de saúde deve garantir os meios paliativos de alívio do sofrimento do paciente, para que este tenha uma morte digna.

Outro alerta ainda diz respeito à necessidade de fiscalização na aplicação da Resolução do CFM, conforme também alerto Dom Damasceno, em seu pronunciamento, anterior ao de Dom Antônio Augusto.

Para maiores detalhes, sugiro que vocês mesmos leiam o texto com as considerações de Dom Antônio Augusto.

1O link se refere aos Bispos Auxiliares desta Arquidiocese.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Teoria Heliocêntrica × teoria Geocêntrica (2)


Amigos,

Em um texto anterior deste blog, eu comentei sobre a questão da mudança de paradigma que houve na ciência, a partir do momento em que Nicolau Copérnico – um sacerdote astrônomo do século XVI – começou a vislumbrar a possibilidade de o Sol ser o centro de nosso Sistema Solar, com a Terra e os outros planetas girando em torno dele. Antes, os cientistas – e a Igreja – eram favoráveis ao modelo Geocêntrico, oriundo de Aristóteles e Ptolomeu, em que a Terra seria o centro do nosso Sistema Solar – que à época era basicamente o Universo conhecido – com o Sol e os outros planetas girando em torno dela.

Bem, conforme eu havia comentado ao fim daquele texto, além da referência citada, o livro Big Bang, de Simon Singh, eu também me baseio em materiais de outras pessoas atuantes na fronteira entre ciência e fé – tendo citado especificamente o Felipe Aquino. Como o texto já era suficientemente grande, acrescentar novos materiais para complementá-lo, o tornaria talvez grande demais... Logo, resolvi acrescentar em um texto à parte.

Dos episódios do programa Escola da Fé, de Felipe Aquino, na Canção Nova, – programa que também tem um blog associado –, houve um em particular, que teve como convidado especial Alexandre Zabot, católico, físico e (à época) doutorando (agora já doutor), já citado anteriormente neste blog. Infelizmente, os vídeos deste programa eu ainda não consegui encontrar em nenhuma página do site da Canção Nova; os que eu acessei, foram certamente gravados por telespectadores, que depois os disponibilizaram no youtube. Tenho também um vídeo baixado, com um comentário de Felipe Aquino sobre Galileu, mas cujo link preciso ainda encontrar.

Porém, hoje, encontrei um link de um outro vídeo muito interessante, na webtvcn (a web tv da Canção Nova) em que ele comenta também sobre o caso Galileu, que resolvi disponibilizar aqui no blog. Assistam! Ele tem, além de bom conhecimento sobre esses assuntos, também uma boa didática!

Segue ainda o link de um outro vídeo interessante, também de Felipe Aquino, relacionado a àquele texto anterior do blog. Neste caso, ele explica o tema da interpretação da Bíblia e da autoridade do Magistério da Igreja, conforme eu havia comentado.

Conforme eu encontre mais material, pretendo disponibilizar neste, ou em outro texto do blog.

Inviolabilidade da vida humana (2)


Amigos,

Continuando a reflexão do texto anterior, Inviolabilidade da vida humana, gostaria de partilhar mais alguns pensamentos com vocês.

Tudo o que foi exposto no texto anterior, nos leva a refletir sobre as seguintes questões: por que as pessoas tentam, por vezes, obstinadamente, adiar ou fugir da morte...? A morte, desde que natural, é algo que faz parte de nossas vidas. A tecnologia disponível hoje pode e deve ser muito útil na manutenção da vida, desde que de forma proporcional; mas é realmente necessário (e digno), manter alguém sob toda uma parafernália desproporcional para forçar a vida de forma obstinada, quando ela, por si, já não seria mais capaz de se manter de forma natural...?

Por outro lado, vemos outro comportamento no extremo oposto, quando se quer legalizar a eutanásia, que trata-se de provocar a morte, quando a vida ainda é possível ser mantida de forma natural e com meios proporcionais e dignos.

Trata-se, evidentemente, de uma grande contradição. Seria a “falta” de Deus na vida destes – e consequentemente a falta de valores morais e éticos –, o que levaria a tais desesperos...? Digo falta entre aspas, porque Deus está sempre presente: é onipresente! Mas as pessoas, por falta de conhecimento, ou por opção, podem, no uso (equivocado) de sua liberdade, fechar-se à Sua presença...

Nós ficamos com aquilo que é ético e moralmente correto: a manutenção da vida, com meios proporcionais, respeitando a dignidade humana, desde seu início até seu fim natural.

Por outro lado, fiquemos atentos às tentativas de se aprovar leis no Brasil, a exemplo do que vem ocorrendo em outros países, como sob uma imposição em nível mundial, que visem legalizar a eutanásia – assim como o aborto –; que constituem, portanto, em tentativas de legalizar a morte provocada: assassinato de indefesos, ou suicídio. Em ambos os casos, trata-se de aberrações, atentados contra a vida e, – não esqueçamos –, afrontas ao Quinto Mandamento: Não Matarás!

Repetindo a referência citada no texto anterior:

- Dom Estevão Bettencourt, OSB; Revista “Pergunte e Responderemos”, nº 484, Ano 2002, pp. 428; reproduzido na página do site da Editora Cléofas, de Felipe Aquino.

Tenho também dois livros na “fila” para leitura, que tratam especificamente sobre esses temas:

- Leo Pessini; Eutanásia – Por que abreviar a vida?, Ed. Do Centro Universitário São Camilo/Ed. Loyola, 2004.

- Leo Pessini; Distanásia – Até quando prolongar a vida?, Ed. Do Centro Universitário São Camilo/Ed. Loyola, 2001.

Pe. Leo Pessini é sacerdote Camiliano, com doutorado em Teologia Moral, e com forte atuação no campo da bioética.

Interessante lembrarmos que a Ordem (Congregação Religiosa) dos Camilianos foi fundada por São Camilo de Lélis, patrono dos enfermos e dos hospitais...

Boa reflexão, e até a próxima!


(Modificado em 22/03/2012):

Acrescento à lista de referências, o artigo recém-publicado do Pe. Leo Pessini, na revista Ciência Hoje; o artigo é de acesso livre!

- Leo Pessini; “Distanásia: por que prolongar o sofrimento?”, Ciência Hoje, V. 51, N. 301, pp. 62-65, Mar/2013; disponível online no link.

Inviolabilidade da vida humana


Amigos,

Hoje comento sobre a questão da inviolabilidade da vida humana, no caso do fim da vida. A questão do aborto – relacionado ao início da vida humana –, prefiro deixar para outro texto, conforme as possibilidades. Todos nós já devemos ter tido contato com questões a respeito da abreviação ou não da vida humana, no caso de pessoas doentes ou idosas, por vezes em estado terminal, irreversível. Porém, imagino que a maioria das pessoas tenha ouvido falar apenas da eutanásia.

Há alguns anos atrás, em 2005, houve o caso de uma norte-americana, Terri Schiavo, tetraplégica, cujo marido entrou na justiça para conseguir sua eutanásia. A família dela lutou para impedir tal absurdo, porém sem obter sucesso, e a mulher foi finalmente morta. Ela não estava em estado terminal; suas funções vitais funcionavam perfeitamente, e ela era alimentada e hidratada por meio de uma sonda, que foi retirada, causando sua morte por desidratação e inanição, ou, mais claramente: mataram-na de fome e sede! Lembro que, à época, esse caso foi discutido em meios de comunicação católicos, a fim de nos esclarecer a respeito dessas questões.

Mais recentemente, em 2009, outro caso semelhante ocorreu com uma italiana, Eluana Englaro, que foi submetida à mesma tragédia: foi morta por inanição e desidratação, como a norte-americana.

Esses casos podem ser relembrados nos seguintes links: notícia na Canção Nova, com comentário de Felipe Aquino sobre a morte de Terri Schiavo, um ano após sua morte; notícia à época da morte de Eluana Englaro; notícia em que a família de Terri Schiavo lamenta caso semelhante com Eluana Englaro; e notícia recente sobre a aprovação da eutanásia na Argentina, com comentário de Felipe Aquino sobre os casos de Terri Schiavo e Eluana Englaro.

Recentemente, a CNBB publicou uma notícia comentando a resolução do Conselho Federal de Medicina – CFM, que visa disciplinar os casos de pacientes terminais, que poderiam manifestar, antecipadamente, se querem ou não ser submetidos a tratamentos para prolongar sua vida (e também seu sofrimento desproporcional), sem esperança de recuperação, devido ao seu estado irreversível. O Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis presta alguns esclarecimentos a respeito. Penso que isso seja uma boa oportunidade para divulgar esses assuntos.

Primeiramente, tenhamos três termos em mente, sobre essas questões de abreviação da vida humana em situações de sofrimento: eutanásia, distanásia e ortotanásia. Conforme eu comentei no início do texto, provavelmente a maioria das pessoas está acostumada apenas com o primeiro termo: eutanásia. Como já sabemos, a Igreja declara, de forma inequívoca, que a eutanásia é algo contrário à ética e à moral – independente de ser autorizada por lei em alguns países: trata-se de suicídio assistido, a pedido do doente; ou de morte provocada (assassinato), a pedido de parentes. Trata-se de dar fim a um dom precioso de Deus, a vida humana. Porém, o que seriam distanásia e ortotanásia?

Quando uma pessoa está doente, mesmo em estado grave, se os meios usados para manter essa pessoa viva são meios proporcionais – como por exemplo fornecer alimentação, água (hidratação), entre outros cuidados comuns –, estes devem ser mantidos. Explicando melhor: se as funções vitais da pessoa funcionam de forma autônoma, ou seja: seu coração bate sozinho, sua respiração ocorre normalmente (eventualmente, pode haver necessidade de alguma fisioterapia para facilitar a respiração, porém isso é um cuidado proporcional). Nesses casos, estes cuidados básicos (proporcionais) devem ser mantidos para que a pessoa viva; suas funções vitais estão preservadas, e não dependem de máquinas. A interrupção desses cuidados proporcionais incorre em eutanásia. Por exemplo: uma pessoa tetraplégica não tem como se alimentar ou beber água/líquidos sozinha, obviamente; precisa ser ajudada, o que costuma incluir o uso de sonda para supri-la com alimento e água. Retirar uma sonda dessas, interrompendo o fornecimento de alimento e água, é interromper meios proporcionais, matando a pessoa de fome e sede. Trata-se de uma maldade terrível, uma vez que a pessoa depende desses meios para viver, e não tem como se defender caso os mesmos lhe sejam retirados. Foi o que aconteceu com a norte-americana Terri Sciavo, e com a italiana Eluana Englaro.

Porém, digamos que a pessoa esteja em um estado terminal, na prática sem qualquer chance de recuperação, ou seja, em uma situação irreversível, e que depende de meios desproporcionais para viver. Os médicos chegam a uma conclusão de que estes tratamentos desproporcionais em nada têm chance de recuperar ou curar a pessoa, que permanecerá em estado irreversível; mas apenas de prolongar sua vida (e seu sofrimento), o que acaba se tornando desumano. Neste caso, deve a vida humana ser prolongada indefinidamente, ainda que isto incorra em consequências de maior sofrimento para o paciente, mesmo sabendo-se que isto não resultará em sua recuperação? Trata-se, por exemplo, de casos onde o organismo da pessoa não consegue manter as funções vitais por si mesmo, necessitando de máquinas. Digamos que o coração só funcione por meio de máquina, caso esta seja desligada, o coração para; e não se trata de uma máquina para manter o coração funcionando apenas temporariamente, como uma ajuda proporcional durante ou logo após uma cirurgia, por exemplo, mas de uma necessidade permanente... Neste caso, trata-se de um meio desproporcional. Caso a vida seja prolongada com o uso desses meios desproporcionais, incorremos na distanásia, o que a Igreja considera também ofensivo à dignidade humana. Porém, se esses meios extraordinários forem retirados, ocorre a ortotanásia, ou morte “reta”. Neste caso, trata-se de morte natural, uma vez que a vida não é capaz de se manter sem os meios desproporcionais. A ortotanásia é ética e moralmente correta, pois respeita a dignidade da vida humana.

Portanto, tenhamos bem claro as diferenças:

·         Ortotanásia = morte natural, digna;

·         Eutanásia = morte provocada (suicídio ou assassinato);

·         Distanásia = prolongamento obstinado da vida humana, por meios desproporcionais, aumentando o sofrimento da pessoa em questão, o que acaba por ferir a dignidade humana.

Pela explicação de Dom Damasceno, a tal resolução do CFM refere-se à ortotanásia, e a Igreja nada tem contra tal decisão. A lei, no Brasil, considera a eutanásia crime, e o CFM reitera essa posição. Logo, a tal resolução sequer poderia propor a eutanásia.

Logo, amigos, vejam como é importante a gente ter conhecimento sobre esses temas. Aposto que muitas das críticas que recebemos por nossa firme posição contra a eutanásia, são devidas ao desconhecimento, por parte de muitos, quanto ao que seja realmente eutanásia, distanásia e ortotanásia. Imagino que muitos tentem defender a eutanásia, equivocadamente, citando casos irreversíveis, onde o tratamento seria desproporcional, etc... Ora, isso trata-se de uma questão entre distanásia e ortotanásia, não de eutanásia. Esta última, porém, continua a ser um caso de morte provocada, não natural, e portanto, crime!

Em breve devo refletir mais alguns pontos sobre essa questão.

Para consultar, recomendo fortemente o seguinte texto:

- Dom Estevão Bettencourt, OSB; Revista “Pergunte e Responderemos”, nº 484, Ano 2002, pp. 428; reproduzido na página do site da Editora Cléofas, de Felipe Aquino.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A busca pelo conhecimento (4)


Caros amigos,

Última parte da reflexão.

Seguem trechos de documentos da Igreja que tratam sobre o presente tema, com comentários quando for o caso. As abreviações FR e GS referem-se a Fides et Ratio e Gaudium et Spes, respectivamente:

“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a ele, para que, conhecendo-o e amando-o, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33,8; Sl 27/26,8-9; 63/62,2-3; Jo 14,8; 1Jo 3,2).” (Fides et Ratio).

FR 48: “A razão privada do contributo da Revelação percorre sendas marginais, com o risco de perder de vista a sua meta final. A fé privada da razão põe em maior evidência o sentimento e a experiência, correndo o risco de deixar de ser uma proposta universal. É ilusório pensar que, tendo pela frente uma razão débil, a fé goze de maior incidência; pelo contrário, cai no grave perigo de ser reduzida a um mito ou superstição. Da mesma maneira, uma razão que não tenha pela frente uma fé adulta, não é estimulada a fixar o olhar sobre a novidade e a radicalidade do ser.”

Amigos, nossa fé não se faz com uma maior evidência do sentimento e da experiência (experiência no sentido que a Fides et Ratio destaca, no trecho acima). Certas coisas podem despertar muito os sentimentos, as emoções; o que não significa necessariamente, que seja algo útil à nossa fé; não vivemos somente de emoções. Muito menos ainda, pode a nossa fé ser reduzida a mito ou superstição...

Aliás, dizer que pesquisa em ciência básica é desnecessária, e “desvia” dinheiro que poderia ser gasto para matar a fome dos outros, é realmente um mito... como o é também, achar que a Igreja deveria vender “seus bens”... Nossa fé nada tem a ver com mito.

FR 22: “...o Apóstolo [São Paulo] exprime uma verdade profunda: por meio da criação, os ‘olhos da mente’ podem chegar ao conhecimento de Deus. Efetivamente, por meio das criaturas, ele faz intuir à razão o seu ‘poder’ e a sua ‘divindade’ (cf. Rm 1,20). Desse modo, é atribuída à razão humana uma capacidade tal que parece quase superar os seus próprios limites naturais: não só ultrapassa o âmbito do conhecimento sensorial, visto que lhe é possível refletir criticamente sobre o mesmo, mas, raciocinando a partir dos dados dos sentidos, pode chegar também à causa que está na origem de toda a realidade sensível...”

FR 4: “Impelido pelo desejo de descobrir a verdade última da existência, o homem procura adquirir aqueles conhecimentos universais que lhe permitam uma melhor compreensão de si mesmo e progredir na sua realização. Os conhecimentos fundamentais nascem da maravilha que nele suscita a contemplação da criação(...) Parte daqui o caminho que o levará, depois, à descoberta de horizontes de conhecimentos sempre novos. Sem tal assombro, o homem tornar-se-ia repetitivo e, pouco a pouco, incapaz de uma existência verdadeiramente pessoal.”

Sem tal assombro... o que seria de nós...?

FR 25: “ ‘Todos os homens desejam saber’1, e o objeto próprio desse desejo é a verdade.”

1Aristóteles, Metafísica, I, 1.

FR 21. “E a força para continuar o seu caminho rumo à verdade provém da certeza de que Deus o criou como um ‘explorador’ (cf. Ecl 1,13),...”

Somos exploradores, e isto nos impele a desbravar o conhecimento!

GS 36: “Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: Aquele que tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são.”

GS 15: “Participando da luz da inteligência divina, com razão pensa o homem que supera, pela inteligência, o universo. Exercitando incansavelmente, no decurso dos séculos, o próprio engenho, conseguiu ele grandes progressos nas ciências empíricas, nas técnicas e nas artes liberais. Nos nossos dias, alcançou notáveis sucessos, sobretudo na investigação e conquista do mundo material. Mas buscou sempre, e encontrou, uma verdade mais profunda. Porque a inteligência não se limita ao domínio dos fenómenos; embora, em consequência do pecado, esteja parcialmente obscurecida e debilitada, ela é capaz de atingir com certeza a realidade inteligível.”

GS 57: “...dedicando-se às várias disciplinas da história, filosofia, ciências matemáticas e naturais, e cultivando as artes, pode o homem ajudar muito a família humana a elevar-se a concepções mais sublimes da verdade, do bem e da beleza e a um juízo de valor universal, e ser assim luminosamente esclarecida por aquela admirável sabedoria, que desde a eternidade estava junto de Deus, dispondo com Ele todas as coisas, e encontrando as suas delícias em estar com os filhos dos homens”. (Cf. Prov 8,30-31).

Esse último trecho, realmente, é de fazer arder o coração! Dissipa toda e qualquer crítica generalizada (e infundada) à busca pelo conhecimento (destaco as ciências matemáticas e naturais, mais afins à discussão presente).

Boa reflexão, e até a próxima.