Amigos,
Vocês já devem ter
ouvido falar que a teoria Heliocêntrica “tirou” a Terra do centro do universo,
e com isso também teria “tirado” o homem do centro... Devem ter ouvido comentar também algo como
que nós parecíamos ter uma importância maior, ocupando o centro do universo em
uma Terra imóvel, mas agora somos quase insignificantes diante da grandeza do
universo, uma vez que a Terra é apenas um planeta em um dos tantos sistemas
solares orbitando estrelas como o nosso Sol; já que somente a nossa galáxia tem
bilhões de estrelas semelhantes ao Sol; sem contar que há bilhões de galáxias
no universo, etc... Além disso, esses comentários por vezes têm ares de vitória
contra a “visão da Igreja” que predominava quando a teoria vigente era a
Geocêntrica.
Bem, nada de mais enganoso em tudo isso.
Primeiramente, a teoria Geocêntrica não era apenas uma “visão da Igreja”,
imposta por esta: era uma visão de todos os pensadores da época; a teoria
Geocêntrica foi amplamente aceita por todos os estudiosos que tentavam
desvendar os mistérios da natureza, durante mais de um milênio e meio. Logo,
não era exatamente uma “visão da Igreja”, mas sim de toda a “massa crítica”
pensante. Em segundo lugar, o fato de ocuparmos (fisicamente) um lugar
aparentemente insignificante no vasto universo que hoje conhecemos, nada tem a
ver com nós sermos insignificantes... Não ficamos “destronados”, com a
descoberta da vastidão do universo.
Mesmo do ponto de vista da ciência, há
que se considerar que o ser humano, dotado de inteligência como é, destaca-se,
em todo o mundo criado, como o único ser capaz de ultrapassar o dado sensível,
a ponto de chegar a tentar desvendar os mistérios da natureza, e de questionar
mesmo as razões da existência, como o faz. O homem não ficou preso a comportamentos
instintivos, como outras criaturas animais: é dotado de um princípio que ultrapassa
sua natureza material, o que é sensível e mensurável, questionando-se a respeito
da existência. Bem, somente isso já mostra que não estamos “destronados” do
centro do mundo; muito pelo contrário.
Se aliarmos a fé, então mesmo é que constatamos
que somos a meta de toda a criação! No Antigo Testamento, temos no livro do Gênesis,
após a criação do ser humano: “Abençoando-os, Deus disse-lhes: ‘Crescei
e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar,
sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra’.” (Gn
1,28); também o profeta Isaías já afirmava, a nosso respeito: “Tu és a alegria
do Senhor teu Deus” (Is 62,5); e ainda, no livro dos Salmos: “Que é o homem,
digo-me então, para pensardes nele? (...) vós o fizestes quase igual aos anjos,
de glória e honra o coroastes. Destes-lhes poder sobre a obra de vossas mãos,
vós lhe submetestes todo o universo.” (Sl 8,5-6). No Novo Testamento, temos, em
Efésios: “(...)do alto do céu o Pai nos abençoou com toda a bênção espiritual em
Cristo e nos escolheu Nele antes da criação do mundo.” (Ef 1,3).
Em dois dos textos que escrevi sobre a
criação, este
e este
outro, comento sobre as narrativas do livro do Gênesis, em que Deus cria o
homem à Sua imagem e semelhança; dando-nos, portanto, uma condição bem
diferente das outras criaturas. Reunimos, em nós, a natureza material e espiritual,
uma vez que dotados de corpo e alma. Logo, a teoria Heliocêntrica
não nos tirou do centro do universo, coisa alguma. Vemos, a partir dos textos
Bíblicos acima citados, que somos a meta para a qual toda a criação foi
dirigida, por Deus. Como disse Santo Irineu, no século II: “O homem é a glória
de Deus”. Sim, somos a glória de Deus! Ele nos amou desde sempre, e nos
escolheu desde antes da criação do mundo! Não somos fruto de um acaso cego...
temos um Pai no Céu, que nos ama, e criou a cada um de nós!
Nossa pequenez no universo, falando em
termos de medidas físicas, contrasta com a glória com que o Senhor Deus nos cumula.
Ocupamos, sim, um lugar muito pequeno, com nossos menos de dois metros de
altura, nesse universo de 13,7 bilhões de anos-luz de vastidão. Mas ocupamos um
lugar muito especial, no coração de Deus.
Aqui percebemos bem o que disse o Papa
João Paulo II em sua Carta
Encíclica Fides et Ratio: “A fé e
a razão (...) constituem como que as
duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.
Somente com uma asa, ficamos capengas. Mas aliando fé à razão, fica tudo mais claro
ao nosso entendimento!
Até a próxima, com a graça
de Deus!
(Modificado em 13/02/2019).
(Modificado em 13/02/2019).