segunda-feira, 13 de abril de 2020

Os sofrimentos de Cristo durante Sua Paixão e Morte

Caros leitores,

A fé da Igreja atesta que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Divino, consubstancial ao Pai, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se fez carne: se fez homem, assumindo nossa humanidade em tudo, exceto no pecado, para nos resgatar. Logo, tendo assumido um corpo humano, Jesus também tinha as mesmas sensações que nós: frio, calor, dores, fome, sede,... Lembremos do período que Jesus passou no deserto, jejuando, antes de iniciar sua vida pública.

Em sua Paixão e Morte, Jesus passou por um grande sofrimento físico, devido à crueldade dos castigos que sofreu. Houve as chibatadas, a coroação com a coroa de espinhos, a ida ao calvário e a crucificação. As chibatadas, durante a flagelação, eram dadas com chicotes dotados de objetos contundentes e o/ou pontiagudos em sua extremidade, como pedaços de chumbo ou de ossos de animais, que chegavam a causar ferimentos não só na pele do castigado, como também ferimentos mais profundos.

A planta da qual os soldados teceram a coroa possui espinhos de grande tamanho e muito pontiagudos, que causam grande dor, particularmente a quem recebe uma coroa feita destes espinhos, cravada na cabeça... sem contar que os estudos indicam que a coroa teria tido um formato de "capacete", e não de arco, como comumente retratado.

Uma dica: o filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, dá uma ideia de quão cruento foi o sofrimento de Jesus.

Consideremos também que Jesus, após ter sofrido enormemente durante a flagelação e a coroação de espinhos, teve que carregar a sua cruz até o calvário, e com as costas muito feridas, além da exaustão física.

O sofrimento de Jesus culminou com a crucificação, cujos efeitos no corpo humano são de uma crueldade sem tamanho. Pelo que indicam os estudos sobre o assunto, os cravos foram provavelmente pregados nos punhos e nos pés, nas regiões denominadas carpo e metatarso, respectivamente. Em ambos os casos, há espaçamentos entre os ossos, por onde é possível transpassar objetos como os cravos, sem quebra-los. Estas perfurações, entretanto, causam grande dores e contraturas musculares, uma vez que esgarçam os tendões nestas regiões.

A cruz é um suplício terrível, pois, o corpo, pendurado sob o próprio peso pelos braços, faz o tórax abrir-se, enchendo os pulmões de ar. O crucificado sofre por não conseguir expirar o ar, que se acumula nos pulmões, com maior concentração de gás carbônico, dificultando a troca gasosa necessária à vida: o efeito é a falta de oxigenação, ou seja, asfixia. Para conseguir trocar o ar dos pulmões, o crucificado precisava fazer grande esforço com os braços para erguer o corpo, e assim fechar o tórax, expirando, para inspirar ar novo em seguida. A falta de oxigenação causa também acúmulo de líquido na base dos pulmões; também causa contraturas musculares pelo corpo, devido à concentração de ácido carbônico nos tecidos.

Vale lembrar que Jesus pronunciou algumas palavras enquanto pendia da cruz. Para falar, Jesus precisava realizar o esforço descrito anteriormente; e o fez, inclusive, para pedir ao Pai que perdoasse seus algozes, porque não sabiam o que estavam fazendo...

Com o passar do tempo, tal tarefa tornava-se cada vez mais difícil, levando o crucificado a uma falta de oxigenação cada vez mais crítica, até que, não conseguindo mais respirar, acaba indo a óbito.

Após sua morte, Jesus teve o lado direito de seu peito transpassado por uma lança, que atingiu seu coração, fazendo jorrar sangue e água. Alguns poderiam perguntar por que o soldado perfurou o lado direito do peito de Jesus, se o coração fica ligeiramente mais à esquerda. Tratava-se de uma técnica que fazia parte dos treinamentos de guerra dos soldados Romanos, à época. Via de regra, nos combates, o oponente portava uma espada ou lança na mão direita, e um escudo na esquerda, o que dificultava atingir o peito do oponente. Logo, os soldados Romanos eram treinados a manejar a espada ou lança de modo a atingir o coração do oponente, a partir de um golpe do lado à sua esquerda, e portanto, do lado direito da vítima, livre do escudo.

Bem, considero que este texto seja de caráter introdutório sobre o assunto, o que, para muitos, pode ser o suficiente. O texto abrange, em linhas gerais, diversos aspectos sobre o sofrimento de Jesus, durante sua Paixão e Morte. Pretendo, conforme minhas possibilidades, discorrer mais sobre um ou outro tópico.

Alguém poderia, ainda, argumentar: é tão difícil ler sobre os sofrimentos de Jesus, algo tão cruento! Bem, que sirva para nos mostrar, talvez mais claramente, o amor d’Ele por nós, que foi levado às últimas consequências. Que poderemos, nós, retribuir ao Senhor Deus...?

Até o próximo texto, e Santa Páscoa a todos!

Para saber mais:
- Barbet, Pierre, A Paixão de Cristo segundo o cirurgião, Ed. Cléofas e Ed. Loyola, 12ª edição, 2014.
- Divulgação[1] da Exposição “Quem é o Homem do Sudário?”, pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, ocorrida há alguns anos.






[1] Nesta matéria, é possível visualizar algumas imagens da Exposição, incluindo réplicas da coroa de espinhos e dos cravos.


Obs.: Texto modificado em 13/04/2020.

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