sábado, 31 de dezembro de 2011

Meu perfil

Motivos para dizer: "...Católico, casado, engenheiro trabalhando com pesquisa...":

1º) Ao contrário do que alguns ainda possam pensar, a busca por conhecer e estudar assuntos ligados à fé não está restrita a pessoas do clero, ou religiosos. Trata-se de um conhecimento também disponível a nós, leigos, incluindo os que também constituem família.

2º) Trabalhar com pesquisa na área de exatas (ou em outra área científica) não atrapalha a fé; nem o contrário.

sábado, 17 de dezembro de 2011

O Bóson de Higgs. Partícula de Deus...?

Caros,

Nesta última semana, os meios de comunicação divulgaram amplamente notícias sobre pesquisas do CERN - Organização Européia para Pesquisa Nuclear - relacionados à busca pela partícula "bóson de Higgs". A forma como as notícias têm sido veiculadas causa certa preocupação. Esta partícula, bóson de Higgs, vem sendo chamada equivocadamente de "partícula de Deus", o que pode causar grande confusão entre pessoas de boa fé, em especial pessoas "de fé", e também entre aqueles interessados por temas sobre ciências.

O bóson de Higgs é uma partícula elementar prevista teoricamente, mas que ainda não foi encontrada experimentalmente. Ela faz parte de uma bela teoria da física chamada "Modelo Padrão", que busca explicar a origem e comportamento de todas as partículas constituintes da matéria, assim como das interações básicas da natureza, ou seja, das forças ou campos: eletromagnetismo, e interações nucleares forte e fraca. Esta teoria não foi desenvolvida por um único físico, em particular, mas foi um desenvolvimento conjunto de vários cientistas ao redor do mundo, e é bela porque consegue explicar de forma muito satisfatória, e elegante, questões relacionadas a partículas e campos. Os cientistas vêm, ao longo de décadas, realizando experimentos com aceleradores de partículas cada vez mais potentes, que têm comprovado a existência de cada uma destas partículas previstas teoricamente pelo Modelo Padrão; com exceção do bóson de Higgs...

Aceleradores de partículas são dispositivos que aceleram íons ou partículas elementares a elevadas velocidades (e energias). No caso dos experimentos em física, os aceleradores, em determinados momentos, fazem com que os feixes de partículas aceleradas se choquem, gerando diversas outras partículas mais elementares, cuja análise pode comprovar a existência daquelas partículas previstas pela teoria. Em física, massa possui um equivalente com energia (dada pela famosa equação da teoria da Relatividade Geral, de Einstein, E = mc2); logo, para detecção de partículas com massas mais elevadas, é necessário produzir aceleradores cada vez mais potentes.

O bóson de Higgs leva esse nome em homenagem a um dos cientistas que propuseram sua existência, Peter Higgs, durante os anos 60, como uma explicação para o que até então era inexplicável: de onde vem toda a massa que compõe todas as outras partículas na natureza? Pois bem, estes cientistas propuseram, teoricamente, que haveria uma partícula de importância fundamental, que teria surgido pouco tempo após o Big Bang, e que seria responsável pela massa de todas as outras partículas. A (proposta da) existência do bóson de Higgs se encaixou perfeitamente na teoria do Modelo Padrão, tornando-o o elegante modelo que hoje é.

Bem, mas a existência do bóson de Higgs ainda precisa ser comprovada experimentalmente. A teoria prevê que esta partícula deveria possuir uma massa muito elevada. Logo, uma eventual detecção do bóson de Higgs requer experimentos que alcancem os níveis de energia elevados, necessários para a medida de sua massa.

Só recentemente foi possível construir um acelerador de partículas que alcançasse os níveis de energia necessários à realização de tal experimento: trata-se do LHC - Large Hadron Collider (Grande Colisor de Hádrons) - que faz parte do grande complexo do CERN. No LHC, prótons são acelerados a elevadas velocidades (próximas à da luz), fazendo com que se choquem, o que, nos níveis de energia alcançados, pode resultar na detecção do bóson de Higgs.

Bem... o que isso tem a ver com Deus...? Por que chamam o bóson de Higgs de partícula de Deus? Claro que, dado o objetivo deste Blog, nós que compartilhamos o interesse por ciência e fé temos a criação como obra do Criador. Porém, chamar uma partícula elementar de partícula de Deus pode causar a grande confusão de que haja algo de divino nela, ou que a descoberta de sua existência fosse uma comprovação científica da existência de Deus. E como ainda não conseguiram encontrar esta partícula - e nem se sabe se irão encontrá-la, ou mesmo se ela realmente existe -, associá-la a Deus pode confundir os menos avisados, levando-os a crer que uma eventual não descoberta desta partícula poderia de alguma forma colocar em cheque a fé.

Claro que não há nenhuma relação entre a descoberta desta partícula e fé, neste sentido. Sua descoberta não irá fortalecer a fé de ninguém em Deus, tampouco a descoberta de que ela não exista irá enfraquecer a fé de ninguém. Trata-se somente da tentativa de comprovar experimentalmente, a existência (ou não) de algo previsto em uma teoria. Se os cientistas encontrarem o bóson de Higgs, significa que o Modelo Padrão é realmente uma teoria que explica muito bem a existência e comportamento de partículas e campos da natureza. Porém, se não encontrarem o bóson de Higgs, isto terá efeito somente no âmbito da ciência, e não no da fé. O que acontecerá é que os físicos terão que buscar desenvolver outra teoria alternativa, ou melhorar a existente, para explicar a existência de massa de outra forma, que não seja a partir do bóson de Higgs. Nossa fé continuará inabalável!

Vejam, amigos, como é importante ser bem informado em questões de fé, e em questões que, eventualmente, possam se relacionar à fé.

As teorias científicas - em particular na física -, não são verdades absolutas, de forma alguma! As teorias constituem meios, tentativas, de explicar os fenômenos observados na natureza, e estão sujeitas ao conhecimento da humanidade no momento em que são desenvolvidas. Tempos mais adiante, os cientistas podem estender as teorias existentes, complementando-as, ou mesmo propor novas teorias completamente distintas das que existiam até então, para explicar os mesmos fenômenos. Um exemplo clássico disto é o que ocorreu em relação ao fenômeno da gravidade. Isaac Newton propôs, em 1666/67, a teoria da Gravitação Universal, a fim de explicar os fenômenos relacionados à gravidade, que perdurou durante muito tempo como sendo a teoria da gravidade. Dois séculos e meio adiante, em 1915/16, Albert Einstein propôs uma nova teoria, a Relatividade Geral, completamente diferente de sua antecessora, para explicar os mesmos fenômenos! Qual delas corresponde mais à realidade...? Como pode ser que duas teorias tão diferentes expliquem os mesmos fenômenos, em certa medida...? Isto ficará para um próximo texto.

Por ora, basta sabermos que teorias podem mudar, a fim de serem adaptadas a novos fenômenos observados, e isto é o trabalho da ciência. Porém, nada disso põe em risco a fé, que é outro campo do conhecimento, que se relaciona com a filosofia e a ciência em um belo diálogo, porém cada uma tem seu campo de atuação. A ciência tenta explicar como funciona o mundo à nossa volta; a filosofia trata das questões dos porquês, da existência; a teologia trata de questões de .

Espero ter podido contribuir e esclarecer. Até a próxima!

Complementando, cito alguns textos interessantes:

- Alexandre Zabot, "Colisões com a fé"; http://stalbertus.com/?page_id=108
(Modificação em 14/07/2012):
Infelizmente, o site "stalbertus.com", de Alexandre Zabot, está inacessível atualmente.

Este segundo, para os mais curiosos sobre o Modelo Padrão:
- Marco A. Moreira, "O Modelo Padrão da Física de Partículas", Revista Brasileira de Ensino de Física, Vol. 31, No. 1, 2009, pp. 1306.1 - 1306.11;
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-11172009000100006&script=sci_arttext ("pdf" disponível).

(Modificado em 03/01/2013):
Uma observação quanto ao Modelo Padrão, para deixar mais clara uma questão: este modelo não engloba todos os campos/forças da natureza, mas – como eu comentei no segundo parágrafo – eletromagnetismo, campo fraco e campo forte. O campo gravitacional não é abordado nesta teoria.

(Texto modificado em 13/07/2017, e em 18/07/2017).

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"Os céus proclamam a glória do Senhor!"

Caros,

A liturgia diária de hoje me trouxe uma alegria que mal cabia dentro de mim! Este blog traz temas que falam sobre o diálogo entre ciência e fé, entre fé e razão, tema tratado pelo Papa João Paulo II em sua Encíclica "Fides et Ratio", conforme já comentado anteriormente. E as leituras da liturgia de hoje mostram, em textos Sagrados do Antigo Testamento, que o homem já reconhecia a grandeza de seu Criador, a partir da contemplação das maravilhas de Sua criação! Melhor que tentar explicar, é contemplar a Palavra:

Sb 13,1-9
"1 São insensatos por natureza os homens que ignoram a Deus, os que, partindo dos bens visíveis, não foram capazes de conhecer aquele que é; nem tampouco, pela consideração das obras, chegaram a reconhecer o artífice. 2 Tomaram por deuses, por governadores do mundo, o fogo e o vento, o ar fugidio, o giro das estrelas, a água impetuosa, os luzeiros do dia. 3 Se, encantados por sua beleza, tomaram essas criaturas por deuses, reconheçam quanto o seu Senhor está acima delas, pois foi o autor da beleza quam as criou. 4 Se ficaram maravilhados com o seu poder e a sua atividade, concluam daí quanto mais poderoso é aquele que as formou: 5 de fato, partindo da grandeza e da beleza das criaturas, pode-se chegar a ver, por analogia, aquele que as criou. 6 Contudo, estes merecem menor repreensão: talvez se tenham extraviado procurando a Deus e querendo encontrá-lo. 7 Com efeito, vivendo entre as obras dele, põem-se a procurá-lo, mas deixam-se seduzir pela aparência, pois é belo aquilo que se vê! 8 Mesmo assim, nem a estes se pode perdoar, 9 porque, se chegaram a tão vasta ciência, a ponto de investigarem o universo, como é que não encontraram mais facilmente o seu Senhor?"

Salmo responsorial
Sl 18A(19)
"R. Os céus proclamam a glória do Senhor!

1. Os céus proclamam a glória do Senhor,
    e o firmamento, a obra de suas mãos;
    o dia ao dia transmite esta mensagem,
    a noite à noite publica esta notícia.

2. Não são discursos nem frases ou palavras,
    nem são vozes que possam ser ouvidas;
    seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
    chega aos confins do universo a sua voz."

domingo, 21 de agosto de 2011

Blogs interessantes

Costumo visitar alguns blogs ou páginas interessantes, sobre assuntos relacionados ao tema deste blog, que pretendo partilhar aqui. Se você chegou aqui, certamente também irá gostar desses!

Página da Pontifícia Academia de Ciências:
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_academies/acdscien/index.htm
Agora há também o site que pode ser acessado diretamente: http://www.pas.va/ (Modificado em 29/08/2012).
O Vaticano mantém algumas Pontifícias Academias, para estudos em diversas áreas do conhecimento, dentre as quais há a Pontifícia Academia de Ciências. Seus acadêmicos são escolhidos com base em sua atuação científica e moral, independente de etnia ou religião.
 
Segue também a página da Pontifícia Academia para a Vida:
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_academies/acdlife/index_po.htm
Esta trata de questões relacionadas à vida, como bioética.

Página do Observatório do Vaticano:
O Vaticano possui e mantém o observatório astronômico mais antigo do mundo. Seu quadro é formado, em grande parte, por sacerdotes e/ou religiosos (em sua maioria, Jesuítas), que também são cientistas: quase todos doutores em alguma ciência relacionada, como física, astronomia,... . Nesta página, vocês poderão conhecer sobre o trabalho do Observatório, assim como também as biografias e currículos de seus cientistas, além das publicações e eventos promovidos pela Instituição.

Blog do Felipe Aquino:
Trata sobre assuntos gerais relacionados à nossa fé, incluindo diversas categorias relacionadas ao tema deste blog, como "Ciência e fé", "Bioética",...

Página do Alexandre Zabot:
Dedicada a assuntos relacionados à ciência e fé.
(Modificação em 14/07/2012):
Infelizmente, esta página do Alexandre Zabot está indisponível atualmente.

Blog do Márcio Campos:
Dedicada a assuntos relacionados à ciência e fé.

Blog do Pe. Paulo Ricardo:
Trata sobre assuntos diversos relacionados à nossa fé.

Blog e página do Pe. Demétrio:
Trata sobre assuntos diversos relacionados à nossa fé.

Página e blog de Dom Henrique Soares da Costa:
http://www.domhenrique.com.br/
http://costa_hs.blog.uol.com.br/
Tratam sobre assuntos diversos relacionados à nossa fé.
 
Blog do Antônio Marcos dos Santos:
Este é de um amigo, e concentra-se no diálogo inter-religioso entre Cristianismo e Judaísmo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pe. Paul Schweitzer, SJ.

Caros,

Será realizado um congresso na PUC do Rio de Janeiro - PUC-RJ, entre os dias 15 e 19 de agosto, com o título: "1º Workshop Internacional de Astronomia 'A Evolução do Universo'". Este congresso está sendo organizado por Enio Frota da Silveira, do Depto. de Física da PUC-RJ, e Duília de Mello, astrônoma brasileira, professora da Catholic University of America e pesquisadora associada da NASA. Há informações no blog sobre o evento, onde pode ser consultada sua programação.

Este congresso foi anunciado pela Academia Brasileira de Ciências - ABC, nesta página, que também traz uma divulgação sobre um dos palestrantes, o acadêmico Pe. Paul Alexander Schweitzer, SJ, sacerdote jesuíta, doutor em matemática e professor da PUC-RJ. Sua palestra versará sobre o tema "God's Action in the Evolution of the Universe" (Ação de Deus na Evolução do Universo).
Pessoas como o Pe. Paul Schweitzer mostram, com sua própria vida, o quanto ciência e fé têm em comum!
A página seguinte contém uma biografia do Pe. Paul Schweitzer, SJ, na Academia Brasileira de Ciências, onde se pode conhecer um pouco de sua história. A seguir, uma mostra, com sua formação; tanto estas informações quanto a foto, foram reproduzidas da página de sua biografia na ABC, mostrada acima.
Títulos
Bacharel (Matemática) - College of the Holy Cross, Worcester, MA (EUA) - 1958.
Doutor (Matemática) - Princeton University (EUA) - 1962.
Mestre (Filosofia) - Weston College, Weston, MA (EUA) - 1966.
Bacharel (Teologia) - Weston School of Theology, Cambridge, MA (EUA) - 1970.
Pe. Paul Schweitzer, SJ.

Pe. Gregor Mendel, pai da genética.

Caros amigos, estou retornando depois de um longo tempo de "hibernação"!... Fica difícil conciliar estudo com qualquer outra atividade que requeira também uma certa dedicação, como a escrita e atualização de blogs. Entretanto, tentarei retornar sempre que possível.

Desta vez, o que me levou a "blogar" novamente foi a notícia sobre o aniversário natalício de Gregor Mendel, ou melhor, Pe. Gregor Mendel, considerado o pai da genética. Sei que já passaram alguns dias desta comemoração, mas nunca é tarde para uma reflexão a respeito.

Em 20 de julho último, comemoramos 189 anos do nascimento do Pe. Gregor Mendel. Isto me fez lembrar das aulas de ciências na época de escola, em que ouvíamos falar de suas experiências com cruzamento de ervilhas, o que o permitiu descobrir leis da genética. Não é pretensão minha, de forma alguma, falar sobre estas leis ou descrever suas experiências. Não sou da área, e lá se vão mais de vinte anos desde que concluí o segundo grau (que hoje se chama “ensino médio”...). Minha intenção é homenagear o sacerdote cientista, e fazer uma breve reflexão justamente sobre essa questão: sacerdote cientista.

É uma grande alegria saber que, assim como Pe. Mendel, houve tantos outros sacerdotes e/ou religiosos que também foram cientistas, e ainda há tantos outros hoje em dia, - basta procurar, por exemplo, no Observatório do Vaticano. Ao mesmo tempo, lamento só ter descoberto que se tratava de um sacerdote e religioso, depois de adulto... não me lembro de ter ouvido nada a respeito na época da escola.

Quanto à atuação da Igreja no vasto campo do conhecimento, percebe-se que foi ela que conseguiu resgatar e manter o conhecimento da antiguidade, durante a Idade Média, preservando-o das destruições causadas pelas invasões bárbaras em toda a Europa. Nos mosteiros, - que eram muitos -, havia os monges copistas, encarregados de copiar as obras que ali chegavam, de modo a preservá-las e encaminhá-las a outros mosteiros. O conhecimento era assim transmitido e preservado, através de múltiplas cópias de importantes obras. Nestes mosteiros, e nas dioceses, surgiram as primeiras escolas, e o papel da Igreja no ensino culminou depois na criação das universidades. Aliás, este é também um ponto importante: as universidades foram criadas pela Igreja!

Nestes mesmos mosteiros, grandes homens enveredavam pelos estudos não só em Filosofia e Teologia, mas em diversos campos do conhecimento, tendo contribuído para o avanço do conhecimento científico e desenvolvimento de técnicas para melhoria da produção de diversos artigos necessários à época, - ou seja, desenvolvimento tecnológico, com os meios então disponíveis, obviamente.

Que maravilha saber que foi em um mosteiro também, - apesar de ter sido já após a Idade Média -, que o sacerdote católico e religioso agostiniano, também professor de ciências naturais, Pe. Gregor Mendel, realizou os experimentos que levaram à descoberta de leis da genética.

Pe. Mendel, ao lado de tantos outros sacerdotes e/ou religiosos cientistas, são a prova mais contundente de que ciência e fé nada têm de antagônicas, muito pelo contrário! Na verdade se complementam. Já dizia o Papa João Paulo II, em sua Encíclica “Fides et Ratio” (Fé e Razão), que pode ser consultada na íntegra aqui:

“A fé e a razão são as duas asas com as quais o espírito humano alça vôo para contemplar a verdade”.

Ainda, a Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, do Concílio Vaticano II, mostra que:

“Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: Aquele que tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são.”

E como disse Santo Agostinho, - que deu origem à ordem à qual pertenceu Pe. Mendel -, no Sermão 126,3:

“Eleva o olhar racional, usa os olhos como homem, contempla o céu e a terra, os ornamentos do céu, a fecundidade da terra, o voar das aves, o nadar dos peixes, a força das sementes, a sucessão das estações. Considera bem os seres criados e busca o seu Criador. Presta atenção no que vês e procura quem não vês. Crê naquele que não vês, por causa das realidades que vês. E não julgues que é pelo meu sermão que és assim exortado. Ouve o Apóstolo que diz: ‘As perfeições invisíveis de Deus tornaram-se visíveis, desde a criação do mundo, pelos seres por ele criados’ (Rom 1,20)”.

Segue uma cronologia da vida de Pe. Gregor Mendel, retirada da Wikipedia:

· 1822 - No dia 20 de Julho, nasce Gregor Johann Mendel na Silésia, na região de Troppau, filho de uma família de camponeses.
· 1841-1843 - Estuda dois anos no Instituto Filosófico em Olomouc.
· 1843-1854 - Torna-se professor de ciências naturais na Escola Superior de Brno.
· 1843 - Entra no mosteiro de Brno, onde passará a maior parte da sua vida e onde fará as suas famosas experiências.
· 1847 - É ordenado sacerdote.
· 1851-1853 - Estuda dois anos na Universidade de Viena história natural.
· 1853 - De volta ao mosteiro, dá aulas principalmente de Física.
· 1856 - Inicia as suas experiências nos jardins do mosteiro onde cruza as ervilhas e diferentes árvores.
· 1862 - com alguns colegas do mosteiro funda a Sociedade de Ciências Naturais.
· 1863 - Acaba as suas experiências em animais e plantas que duraram cerca de sete anos.
· 1865 - A 8 de Março e a 8 de Fevereiro apresenta à sociedade local o seu trabalho: "Ensaios com Plantas Híbridas".
· 1866 - Pública oficialmente o seu livro tendo muito pouco impacto na comunidade científica.
· 1868 - É eleito abade do mosteiro, após o que nunca mais pôde continuar as suas pesquisas devido às numerosas tarefas administrativas.
· 1871 - É nomeado presidente da Sociedade de Apicultura de Brno.
· 1873 - Mendel demite-se do cargo.
· 1874 - É reeleito, mas por razões pessoais não ocupa o cargo.
· 1884 - Morre a 6 de Janeiro de 1884 em relativa obscuridade, aos 61 anos de idade.
· 1900 - Os botânicos K. Correns (Alemanha), E. Tschermak (Áustria) e H. de Vries (Países Baixos) redescobrem o trabalho de Mendel, demonstrando a sua importância e estabelecendo as Leis de Mendel.

A relação entre ciência e fé, assim como a atuação da Igreja na Idade Média, são temas tratados nos livros de Felipe Aquino: “Ciência e Fé”, e “Uma história que não é contada”, assim como na bibliografia por ele citada em ambos os livros; além das referências da Igreja já citadas ao longo do presente texto. Em particular, há pesquisadores como Thomas Woods, Daniel-Rops e J. L. Heilbron, que tratam destes assuntos, podendo ser consultados diretamente. Thomas Woods escreveu um livro diretamente relacionado com o segundo livro de Felipe Aquino acima citado: “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental”.

Graças a Deus por te chamado tantos homens para atuarem nos estudos e pesquisas em Filosofia, Teologia e nos diversos campos do conhecimento humano, tendo enriquecido a Igreja e toda a sociedade. Graças, em especial, pela contribuição da Igreja à construção da civilização moderna ocidental, que não existiria, - ao menos como nós a conhecemos -, caso não fosse a dedicação destes homens à geração, à preservação e à transmissão do conhecimento, pela criação das universidades, entre outros feitos. Como se trata de uma homenagem a um sacerdote cientista, cabe um reconhecimento particular àqueles com atuação em ambos os campos: da Fé e da Ciência.

Novo blog

Caros,

Estou migrando do antigo blog, com o mesmo título, Ciência e Fé (http://jorge.caf.blog.uol.com.br/), para este novo, recém criado. Está me parecendo bem mais amigável (pelo menos consegui editar meu perfil...), e com melhores recursos. Para começar, vou publicar novamente aqui as mensagens mais recentes do blog anterior. Vocês verão, pelas datas dos eventos citados, que já se passaram; o primeiro, há algumas semanas. Mas achei interessante publicar novamente, pelo conteúdo, apesar da defasagem das datas...

Bom proveito, e espero que este meio possa ser útil a todos que partilham do interesse pelo diálogo entre ciência e fé!