sexta-feira, 10 de abril de 2020

O jejum, sob os pontos de vista da fé e da ciência (Parte 1)


Caros leitores,

Hoje, Sexta-feira da Paixão, vamos tratar sobre o jejum, prescrito pela Igreja na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão, junto com a abstinência de carnes (Cân. 1251). O jejum ou a abstinência/mortificação (=sacrifício) podem também ser feitos voluntariamente em outras ocasiões – com exceção dos Domingos, dia da Ressurreição do Senhor, e de outras solenidades. Porém, nestes dois dias do ano – Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão –, o jejum e a abstinência de carnes são prescritos, sendo, assim, preceito da Igreja, ou seja: são obrigatórios. Além disso, o Código de Direito Canônico1 também prescreve abstinência de carnes todas as sextas-feiras, excetuando-se solenidades (Cân. 1250-1251).

Qual o sentido do jejum e da abstinência? Do ponto de vista da fé, são gestos de amor a Deus, em que nos unimos a Cristo em seus sofrimentos e sacrifício. Por isso mesmo, são realizados neste dia da Paixão do Senhor; assim como no início da Quaresma, período que remete aos quarenta dias que Jesus passou no deserto, antes de iniciar sua vida pública.

Há diferentes propostas de jejum e abstinência, algumas mais rigorosas, outras menos. Porém, aquelas prescritas pela Igreja – que devem ser feitos exatamente desta forma –, consistem em:

- Jejum: apenas uma refeição completa no dia, e algum alimento em até dois momentos no dia. Deve ser realizado por pessoas dos 18 aos 59 anos de idade (Cân. 1252).

- Abstinência de carnes: abster-se de carnes de sangue quente, sendo permitido, portanto, alimentar-se de peixes. Deve ser realizado dos 14 anos de idade, por toda a vida (Cân. 1252).

Ou seja: para o jejum, a pessoa escolhe apenas uma das refeições (café da manhã, ou almoço, ou jantar) para ser a refeição completa; e faça as duas outras de forma reduzida.

Um segundo benefício espiritual do jejum e da abstinência é que podemos exercitar a continência, ou seja, aprendemos a conter nossos impulsos que, como bem sabemos, se descontrolados, podem nos levar a muitos males, sejam físicos ou espirituais. Citemos como exemplos, os impulsos no comer, no falar, no temperamento e na sexualidade: quantos males advêm da incontinência nestas áreas...

Às outras sextas-feiras do ano, a Igreja também prescreve a abstinência de carnes. Porém, a Conferência Episcopal local pode decidir comutar esta abstinência por outras formas de mortificação, orações ou gestos de caridade (Cân. 1253).

Quanto à abstinência de carnes, lembremos que, como se trata de uma mortificação, a preferência deve ser por refeições simples: nada de banquetes, ainda que seja de peixes...

Na parte 2, tocaremos na questão do jejum, do ponto de vista científico.
Até o próximo!


1 Código de Direito Canônico – Promulgado por S.S. Papa João Paulo II, 1983, disponível online.

Um comentário: