sábado, 13 de outubro de 2012

Prêmio Nobel de Medicina 2012: células-tronco


Amigos,

Em um texto anterior, eu havia comentado sobre pesquisas com células-tronco e as questões morais e éticas associadas. Nessa semana, com grande alegria recebemos a notícia do Prêmio Nobel de Medicina, que contemplou dois cientistas que trabalham com células-tronco! A grande façanha é que eles fizeram pesquisas bem sucedidas para induzir a pluripotência em células-tronco adultas.

Todos nós já ouvimos falar sobre células-tronco, e das polêmicas envolvidas com sua pesquisa; mas nem sempre os meios de comunicação explicam muito bem o assunto. Vejamos do que se trata tudo isso.

Bem, há diferentes tipos de células-tronco, mas no que diz respeito às opções de uso para tratamento de doenças, podemos falar de dois tipos: células-tronco pluripotentes e células-tronco multipotentes. As do primeiro tipo, pluripotentes, são capazes de originar todos os tipos de tecidos, enquanto as do segundo tipo, multipotentes, têm capacidade mais limitada, podendo originar apenas alguns tipos de tecidos. O problema é que as pluripotentes eram “disponíveis”, até alguns anos atrás, apenas em embriões – as células-tronco embrionárias; enquanto células-tronco obtidas a partir de tecidos, as células-tronco adultas, eram as multipotentes.

Logo, esse era o argumento de alguns cientistas a favor de pesquisa com o uso de células-tronco embrionárias, com a promessa de que poderiam ser usadas para produzir em laboratório qualquer tipo de tecido, para tratamento de doenças; ao passo de que era argumentado também que o uso de células-tronco adultas não seria tão promissor, uma vez que poderiam originar apenas alguns tipos de tecidos, limitando portanto o tratamento.

Porém, sabemos que o uso de células-tronco embrionárias causa a MORTE de embriões; logo, seu uso com embriões humanos significa a morte de pessoas, ainda que em estágio embrionário. Isso tem repercussões sérias em termos de ética e moral, obviamente; afinal, não se justifica destruir vidas humanas para salvar outras...

Agora, graças a Deus, é possível modificar células-tronco adultas para torna-las pluripotentes! O Prêmio Nobel de Medicina desse ano contemplou os cientistas Shinya Yamanaka, do Japão, e John B. Gurdon, britânico. Yamanaka conseguiu o feito primeiramente com células-tronco adultas de ratos, cujos resultados foram publicados em 2006; e posteriormente com células-tronco adultas humanas, cujos resultados foram publicados em 2007. Gurdon havia conseguido resultados semelhantes em 1962, com sapos; por isso ambos dividiram o prêmio.

Agora não há mais desculpas para tentar defender o uso de células-tronco embrionárias, com a consequente destruição de embriões humanos – o que é anti-ético e amoral. As células-tronco adultas com pluripotência induzida (conhecidas pela sigla iPS) possuem a mesma capacidade das embrionárias de originarem todos os tecidos – agora sim, de forma ética e moralmente correta!

Bendigamos a Deus, que inspira pessoas a fazer pesquisa e ao mesmo tempo a agir com ética e de forma moralmente coerente, conforme a Constituição Pastoral Gaudium et Spes:

GS 36: “Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: aquele que tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são.”

O Senhor conduziu as mãos desses dois cientistas, de modo que pudessem encontrar uma solução científica e tecnicamente viável, e ao mesmo tempo ética e moralmente correta.

Até a próxima!


(Acrescentado em 17/10/2012):
Complementando a informação, essa notícia foi publicada nas seguintes revistas:

- Science, no link; (requer assinatura)


Há também uma notícia na agência Zenit.

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