sábado, 15 de setembro de 2012

Astronomia × astrologia (2)


Amigos,

Continuando a reflexão do texto anterior, sobre as diferenças entre astronomia e astrologia, neste eu resolvi comentar algo mais na parte tocante à fé.

A astrologia, ao seguir seu rumo, após a separação com a astronomia, continuou relacionada aos aspectos de adivinhação ou tentativas de prever o futuro, adivinhação da sorte, e coisas do gênero; como se os astros fossem dotados de poderes sobrenaturais capazes de fornecer às pessoas acesso a tais conhecimentos. Ora, sabemos que tudo isso é contrário às orientações das religiões que seguem as Sagradas Escrituras – seja apenas o Antigo Testamento, ou ambos: Antigo e Novo Testamentos1. Senão, vejamos.

Já no Antigo Testamento, temos uma passagem que deixa claro a incompatibilidade entre essas atividades e a fé em Deus, no livro do Deuteronômio:

Dt 19,9-13: “9 Quando tiveres entrado na terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar as práticas abomináveis da gente daquela terra. 10 Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem que se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao fetichismo, 11 à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à invocação dos mortos, 12 porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações. 13 Serás inteiramente do Senhor, teu Deus.”

No Novo Testamento, outra passagem é também bem clara, no livro dos Atos dos Apóstolos:

At 16,16-19: “16 Certo dia, quando íamos à oração, eis que nos veio ao encontro uma moça escrava que tinha o espírito de Pitão, a qual com suas adivinhações dava muito dinheiro a seus senhores. 17 Pondo-se a seguir Paulo e a nós, gritava: Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação. 18 Repetiu isso por muitos dias. Por fim, Paulo enfadou-se. Voltou-se para ela e disse ao espírito: Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora ele saiu. 19 Vendo seus amos que se lhes esvaecera a esperança do lucro, pegaram Paulo e Silas e levaram-no ao foro, à presença das autoridades.”

Chama a atenção, na passagem anterior, a questão do interesse de certas pessoas em se aproveitarem do lucro que aquelas práticas lhes dava.

Ainda hoje, não vemos gente que lucra fácil, às custas de incautos e desesperados, com “trabalhos” de adivinhação ou coisas semelhantes...?

Para concluir, no Catecismo da Igreja Católica, temos as orientações da Igreja quanto a essas práticas:

CIC 2116: “Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõe ‘descobrir’ o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e, finalmente, sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Essas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus.”

Esse trecho do Catecismo está na “Terceira Parte: Vida em Cristo”, mais especificamente, em “Os Dez Mandamentos”. Superstição, e coisas semelhantes, trata-se de uma das afrontas ao Primeiro Mandamento do Decálogo: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento”.

Ao se adotar crendices, se coloca a confiança em outras coisas ocultas ou fictícias, como outros “deuses”, ao invés de colocar a confiança plena no único Senhor, nosso Deus!

Portanto, caros, no texto anterior do blog, vimos que astrologia nada tem a ver com ciência; neste, vemos que também nada tem a ver com fé.

Lembremos, como citado no texto anterior, que Santo Agostinho já criticava a astrologia, dado o seu fatalismo, pois, se tudo estaria previsto a partir dos astros, como seriam livres os humanos? Ele a criticava também – conforme seu livro Confissões –, porque se procurava isentar os homens das culpas por seus erros, atribuindo-os a corpos celestes e – em última análise – ao próprio Deus!

“Os astrólogos dizem: a causa inevitável do pecado vem do céu; Saturno e Marte são os responsáveis. Assim isentam o homem de toda falta e atribuem as culpas ao Criador, àquele que rege os céus e os astros.” (Confissões, I, IV, c. 3).

Até a próxima!

1Nunca é demais lembrar que nós, católicos, temos como fundamento de nossa fé, não apenas as Sagradas Escrituras, mas também a Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja – os quais também, por sua vez, estão fundamentados nas próprias Sagradas Escrituras.

Sugestões de leitura:

- Felipe Aquino, Astrologia - horóscopo?

Além, obviamente, da Bíblia Sagrada e do Catecismo da Igreja Católica.

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