Amigos,
Dia desses, eu
assisti a um programa de divulgação científica sobre telefonia celular e, em
determinado momento, comentaram sobre o Pe. Landell de Moura... Não preciso nem
dizer que ideias já começaram a pulular, para escrever algo sobre este padre
inventor, que era brasileiro!
Todos nós
aprendemos que o italiano Guglielmo Marconi teria sido o inventor das
comunicações sem fio. O que poucos sabem é que aqui no Brasil, mais ou menos
pela mesma época, um padre fazia experimentos sobre o mesmo tema e – pasmem –
conseguiu o feito antes de Marconi! Infelizmente, o nome de Marconi ficou na
história como o inventor da transmissão por rádio, e o do Pe. Landell de Moura
ficou praticamente no esquecimento...
Pe. Landell de
Moura nasceu em 1861, em Porto Alegre, RS. Em 1879, veio morar no Rio de
Janeiro, a fim de estudar na real Academia de Artilharia, Fortificação e
Desenho; porém, ficou por pouco tempo. Decidiu seguir o sacerdócio, e foi para
Roma com seu irmão, Guilherme, tendo ambos estudado na Universidade Gregoriana.
Pe. Landell de Moura Foi ordenado em 1886. Durante sua estadia em Roma,
realizou estudos também em exatas.
Pe. Roberto Landell de Moura.
Retornando ao Brasil,
manteve contado com D. Pedro II, que se interessava pelo tema da transmissão do
som – interesse que já vinha desde a invenção do telefone por Graham Bell. Pe.
Landell de Moura começou a montar seu equipamento em 1892, tendo realizado,
publicamente, a primeira transmissão em 1894, em São Paulo, através de uma
distância de oito quilômetros! Marconi realizou seu experimento em 1895.
Pe. Landell de
Moura obteve uma patente no Brasil, em 1900, e três nos Estados Unidos, entre
1903 e 1904, estas últimas por três inventos: transmissor de ondas, telefone
sem fio e telégrafo sem fio. Pe. Landell de Moura chegou a idealizar também
outros aparatos, como controle remoto e uma forma de transmitir imagens – algo
que trata-se dos primórdios da televisão. Como se isso tudo não fosse
suficiente, ele ainda predisse que poderíamos chegar a ter comunicações
interplanetárias! Obviamente, à época, tudo isso parecia absurdo –
especialmente a última proposta, de comunicação interplanetária... Mas hoje
vemos que ele era um visionário; afinal, lembremos de quando o Pathfinder foi
enviado a Marte, na década de 1990, que se comunicava com a base na Terra
por... comunicações sem fio, obviamente! Isso sem falar nas comunicações
durante as idas do homem à Lua, a partir de 1969. Pe. Landell de Moura realizou
estudos também sobre a transmissão de informação, sem fio, por meio de feixes
luminosos.
De volta ao
Brasil, em 1905, Pe. Landell de Moura
solicitou ao então Presidente da República dois navios para demonstrar seus
inventos, o que foi negado... Desiludido, o padre acabou por abandonar seus
estudos e experimentos. Já fora do Brasil... Marconi, que também realizava
estudos e experimentos semelhantes, acabou levando a fama. Algum tempo depois,
a comunicação via rádio tornou-se uma realidade. Obviamente que era realidade
desde os antigos experimentos; porém, então, uma realidade em nível industrial
e comercial.
É uma pena que Pe.
Landell de Moura tenha ficado no esquecimento. Mas há algumas pessoas que
ajudam a difundir essa informação, a bem da justiça. E... mais uma vez, temos
aqui um padre com vocação também para assuntos de ciência e tecnologia! Como
ainda falar de incompatibilidade entre ciência e fé...?
Em 2012, Pe.
Roberto Landell de Moura teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria,
por Decreto
Presidencial.
Para maiores
detalhes sobre os trabalhos do Pe. Landell de Moura, sugiro consultar a
referência:
- Alencar, Marcelo Sampaio de; Lopes, Waslom T. A.;
Alencar, Thiago T.; “O Fantástico Padre
Landell de Moura e a Transmissão sem Fio”. Anais do 10º Seminário Nacional de
História da Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, 2005.
PS: Quando eu cito uma referência de origem não
católica, é para divulgar somente conteúdo que não tenha a ver com nossa fé.
Quando, nessas referências, houver comentários sobre nossa fé, sobre a Igreja,
atenção! Nem sempre têm o devido compromisso com nossa fé (não é o objetivo de
seus autores). Logo, passem adiante de eventuais “alfinetadas” contra a Igreja;
sabemos o quanto alguns gostam de fomentar uma suposta oposição da Igreja à
ciência, que é falsa, como já sabemos. Para um comentário mais detalhado, queiram
acessar texto
anterior sobre esse assunto.
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