Amigos,
Estou
lendo um livro muito interessante que trata sobre a história do magnetismo;
logo, é um livro1 de divulgação científica sobre história da
ciência, não é uma fonte da Igreja. Conforme eu já comentei
antes, uso essas fontes para questões científicas apenas. É muito
interessante ver citações de homens da Igreja que contribuíram de alguma forma
com a ciência, em um livro que não possui, em princípio, nenhuma ligação com
nossa fé, com a Igreja; é um bom testemunho!
Este
livro cita, por exemplo, três autores que colaboraram com a área do magnetismo, na Idade Média: Alexander Neckam, Guyot
de Provins e Jacques de Vitry. Os três são considerados pioneiros, no mundo
ocidental, em citar o uso da bússola. Vejamos alguns detalhes sobre cada um
deles.
Alexander
Neckam (1157-1217), inglês, foi um estudioso, nos campos da teologia e em
outros, como história natural. Foi professor em universidades europeias, e
tornou-se Agostiniano, tendo sido nomeado Abade em Cirencester. Entre suas
obras, podemos citar De nobinimus
utensilium e De naturis rerum –
respectivamente “Sobre os nomes dos utensílios” e “Sobre a natureza das
coisas”. Em ambas, ele comenta sobre o uso da bússola.
Guyot
de Provins (1184-1210), francês, da época do imperador Frederico I, tornou-se
monge da ordem religiosa de Cluny. Escreveu um poema chamado La Bible, onde cita o uso da bússola em
navegação.
Jacques
de Vitry (~1165-1240), também francês, era sacerdote, tendo sido também
ordenado bispo, e feito cardeal pelo Papa Gregório IX. Escreveu a obra Historia orientalis Hierosolymitana – “História
oriental de Jerusalém” –, na qual cita também a bússola.
Além
destes, podemos citar também Guilherme d’Auvergne (~1180-1249), que se tornou
bispo de Paris em 1228. Escreveu a obra De
universo creaturarem – “Sobre o universo de criaturas” –, no qual descreve
o que depois foi estudado como a indução magnética, fenômeno que ele verificou
notando como um pedaço de ferro atraído por um ímã era capaz de atrair outro
pedaço de ferro.
Outro
homem da Igreja a interessar-se por magnetismo foi João de Santo Amando
(1261-1298), médico e cônego em Tournai, na Bélgica. Ele foi o pioneiro na
ideia de que a Terra é um gigantesco íma, conforme comentado em sua obra Expositio sive additio super antidotarium
Nicolai – “Um comentário sobre o antidotário de Nicolau” (de Salerno). Nisto,
precedeu o famoso cientista sobre magnetismo, William Gilbert.
O
frade Dominicano Vincent de Beauvais (~1190-1264?) faz também referência ao
magnetismo em sua obra Speculum naturale,
onde descreve os polos magnéticos.
Devemos
citar também o interesse de grandes homens da Igreja, por magnetismo – entre
tantos outras áreas do conhecimento; entre eles: Santo Agostinho (354-430), Santo
Isidoro de Sevilha (~560-636), Santo Alberto Magno (~1200-1280) e São Tomás de
Aquino (~1225-1274).
Podemos
citar ainda Nicolau de Cusa (1401-1464), alemão, que tornou-se cardeal em 1450,
que, em sua obra Exercitationes,
compara a bússola a Cristo, pois ambos mostram o caminho ao homem, e derivam
seu poder do céu.
Quanto
à eletricidade, podemos citar o Jesuíta Niccolo Cabeo (1586-1650), que publicou
a obra Philosophia magnética, na qual
estudou o magnetismo terrestre, tendo por base a obra de William Gilbert; e
também descreveu a observação do fenômeno de repulsão elétrica entre corpos com
cargas de mesma polaridade – fenômeno que foi depois observado também por Isaac
Newton, e discutido pelo físico alemão Otto von Guericke. Niccolo Cabeo foi um
dos Jesuítas
que tiveram seus nomes dados a crateras da Lua.
Ewald
Georg von Kleist, administrador e clérigo, na Pomerânia, Prússia, inventou a
garrafa de Leiden, aproximadamente à mesma época que outro cientista, o físico
Pietr van Musschenbroek, no século XVIII. Este dispositivo é uma máquina
eletrostática, e servia para armazenar carga elétrica, podendo ser considerado
o precursor do capacitor – tão usado atualmente.
Bem,
amigos, fico por aqui. Qualquer novidade quanto a este assunto, acrescento aqui
mesmo e publico a modificação, ou escrevo outro texto – dependendo da
quantidade de material novo. Como ainda estou lendo este livro, pode ser que
surjam mais novidades.
Espero
que tenham gostado, e até a próxima!
1 Alberto
Passos Guimarães, A pedra com alma – A
fascinante história do magnetismo, Ed. Civilização Brasileira, 2011.
Obs: Para escrever este texto, me baseei também em
outro material: Vincent Courtillot e e Jean-Louis Le Mouël, “The study of
Earth’s magnetism (1269-1950): A foundation by Peregrinus and subsequent
development of geomagnetism and paleomagnetism”, Reviews of Geophysics, V. 45, N. 3, 2007.
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