Amigos,
Há uns dias atrás, eu publiquei o texto “Poeira
das estrelas”, onde eu comentava sobre a nucleossíntese – a produção de
elementos químicos nas estrelas. Destaquei que tudo nesse nosso mundo visível, inclusive
nosso corpo, é feito desses elementos químicos, em boa parte produzidos no
interior das estrelas; logo, podemos dizer que somos feitos (também) de poeira
das estrelas!
Naquele texto eu comentei sobre um dos fins que uma estrela pode
ter, ao “morrer”: a supernova. Trata-se de uma explosão violenta de uma estrela de
massa elevada, que acaba por expelir material produzido durante sua “vida” e “agonia”, no espaço em volta, “semeando-o” com esses elementos químicos,
inclusive elementos pesados, essenciais para a vida.
Bem, mas uma estrela pode ter diferentes fins, ao “morrer”,
dependendo basicamente de sua massa. Não é somente através da explosão de
supernovas que o espaço é “semeado” com elementos químicos. Estrelas menos
massivas podem “morrer” de forma menos violenta que as supernovas. As estrelas
com massa intermediária – da ordem da massa do Sol –, costumam “morrer” como
nebulosas planetárias, após tornarem-se gigantes vermelhas. Nesse caso também,
a estrela “agonizante” espalha material no espaço em volta.
Quando seu combustível (basicamente Hidrogênio) começa a faltar, esse
tipo de estrela começa a se expandir, formando estruturas como cascas: a
estrela torna-se uma gigante vermelha. Nosso Sol se tornará uma gigante
vermelha, e “devorará” alguns planetas do nosso Sistema Solar, incluindo a
Terra... Mas não precisamos nos preocupar, isso deve acontecer daqui a cerca de
5 bilhões de anos. Depois, a estrela entra em colapso (se contrai), e o
material das cascas acaba sendo expelido (não de forma drástica como nas
supernovas), dando origem a nuvens de material em torno do que restou da
estrela. Essas nuvens formam o que é conhecido como nebulosa planetária; essa
também é uma forma de espalhar elementos químicos no espaço ao redor.
Há poucos dias atrás saiu uma notícia de uma gigante vermelha,
que foi avistada pelo telescópio ALMA (Atacama
Large Milimeter/Submilimiter Array) – que na verdade trata-se de um arranjo
de telescópios, situado no deserto de Atacama, no Chile –, a nebulosa espiral
em torno da estrela R Sculptoris. Nesse caso, a estrutura em cascas é bem
visível, e acredita-se que seja devido à influência de alguma estrela
companheira da R Sculptoris (ambas
teriam formado um sistema binário). A estrela teria “morrido” há cerca de 1.800
anos. Surpreendentemente, a estrutura da nebulosa não é exatamente esférica,
mas em espiral. Bem, chega de conversa, segue a fantástica imagem, com o link, obtida da NASA:
A imagem acima é uma fatia da estrutura tridimensional (3D) da
nebulosa planetária. Complementando a informação, segue o link de um vídeo mostrando a estrutura
3D, com as fatias obtidas ao longo da mesma:
https://www.youtube.com/watch?v=zvJss-EI4KE
Segue uma imagem, com o link, de outra nebulosa
planetária semelhante, LL Pegasi, capturada pelo telescópio espacial Hubble,
também obtida da NASA:
Nebulosa planetária à esquerda
A notícia sobre a R Sculptoris foi publicada nas revistas Scientific American Brasil, no link;
e Nature, no link.
O artigo da Nature (em inglês) é muito bom; para acessá-lo por completo,
somente com assinatura. Mas é possível, mesmo sem assinatura, visualizar
algumas imagens interessantes (em tamanho reduzido), incluindo a última, de um
modelo (simulação). Porém o melhor é que dá para assistir a um vídeo de uma simulação
ilustrando a evolução da gigante vermelha ao longo do tempo: basta ir para o
fim da página, em “Supplementary information”.
Boa navegação!
Sugestões de leituras, sobre a “vida” das estrelas:
- Simon Singh, Big Bang, Editora Record, 2006.
- José Renan de Medeiros, “Nascimento, vida e morte das
estrelas”. In: A.
Ivanissevich, C.A. Wuensche e J.F.V. da Rocha (Orgs.), Astronomia Hoje, Instituto Ciência Hoje, 2010.
-
Ian Ridpath, Astronomia, Zahar, 3ª
Ed., 2011.