Caros leitores!
Conforme a
postagem de 13 de janeiro último, temos publicado textos sobre "Ciência e Fé" e temas correlatos no Jornal paroquial: "
Ecos de Lourdes", da
Basílica Nossa Senhora de Lourdes, no Rio de Janeiro, desde maio de 2018. Gratos pelo convite, temos buscado colaborar com publicações, a cada mês, desde então.
No mesmo dia 13 de janeiro, reproduzimos um texto publicado antes no Jornal "Ecos de Lourdes", com o Título "
A Estrela de Belém e os Reis Magos", aproveitando ainda o tempo Litúrgico do Natal.
Reproduzimos, agora, o primeiro texto publicado no Jornal "Ecos de Lourdes", em maio de 2018, que teve o título "Ciência e Fé", um texto introdutório à coluna.
Segue também o
link do Jornal, com a versão eletrônica:
http://www.nsl.org.br
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Muitos de nós fomos levados a acreditar, desde a época escolar,
em uma suposta oposição – e até mesmo contradição – entre ciência e fé. Porém,
não há conflito, de fato, quando se faz reto uso da razão na tentativa de
desvendar os mistérios da natureza, e a vivência da fé. Vejamos o que diz o
Papa São João Paulo II, logo no início de sua Carta Encíclica Fides et Ratio (Fé e Razão), de 1998. “A
fé e a razão(...) constituem como que
as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da
verdade. (...)”.
O Papa explica que, do lado da razão, estão a ciência e a
filosofia, ou seja: a tentativa do ser humano em tentar entender a natureza e
as razões da existência. Deus, porém, vem em nosso auxílio na busca pela
verdade, com sua Revelação. Vejamos o Papa diz a respeito: “Em auxílio da
razão, que procura a compreensão do mistério, vêm também os sinais presentes na
Revelação.” (FR 13). O Papa alerta também para o perigo do racionalismo, quando
se despreza a fé; e do fideísmo, quando se despreza a razão: “A razão privada
do contributo da Revelação percorre sendas marginais, com o risco de perder de
vista a sua meta final. A fé privada da razão põe em maior evidência o
sentimento e a experiência, correndo o risco de deixar de ser uma proposta
universal.(...)” (FR 48).
Vejamos também um
trecho de outro documento da Igreja, a Constituição Pastoral Gaudium et Spes: “(...)a
investigação metódica em todos os campos do saber, quando levada a cabo de um
modo verdadeiramente científico e segundo as normas morais, nunca será
realmente oposta à fé, já que as realidades profanas e as da fé têm origem no
mesmo Deus. Antes, quem se esforça com humildade e constância por perscrutar os
segredos da natureza, é, mesmo quando disso não tem consciência, como que
conduzido pela mão de Deus, o qual sustenta as coisas e as faz ser o que são.”
(GS 36).
A Igreja tem santos que eram grandes estudiosos também na
investigação das ciências, além da teologia e filosofia. Por exemplo, Santo
Tomás de Aquino – um gigante na fé! –, cujos ensinamentos são usados até hoje
no estudo da teologia e na formação dos futuros sacerdotes, também enveredava
por estudos em ciências naturais. Houve, ao longo da história, diversos
sacerdotes e/ou religiosos, que atuaram em ciências, tendo dado grandes
contribuições; ainda hoje há outros que se dedicam também aos estudos e
pesquisas em ciências. Podemos citar, como exemplo, o Observatório do Vaticano,
um observatório astronômico onde o corpo de cientistas é formado por sacerdotes
e/ou religiosos!
Portanto, é necessário desmistificar este suposto conflito entre
investigação científica e religião; entre o uso da razão e da fé. É necessário
divulgar isso para o público, inclusive os mais jovens. Como professamos no
Credo, Deus é o Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, ou seja, de
toda a realidade material e espiritual. Logo, não pode haver conflito entre
ciência, uso da razão, e fé; não se fizermos reto uso dos dons que Deus nos concede.
Carlos
Alexandre F. Jorge,
Integrante do Coral Opus.
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Obs. 1: A assinatura ao fim do texto
reproduzido consta da publicação no Jornal paroquial "Ecos de Lourdes",
para o qual é solicitado identificar a pastoral ou grupo ao qual
pertence o autor do texto (à época, eu integrava apenas o Coral Opus).