Amigos,
Continuemos essa
reflexão, citando mais alguns trechos dos Evangelhos em que Jesus aparece
ressuscitado a seus discípulos, mostrando a eles a realidade de seu corpo
ressuscitado, chegando mesmo a comer com eles. Vejamos primeiro um trecho do
Evangelho da última quinta-feira (Lc 24,35-48):
Lc 24,35-42: “Naquele
tempo, 35 os discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho e como
tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36 Ainda estavam falando quando o
próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: ‘A paz esteja convosco!’ 37
Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um
fantasma. 38 Mas Jesus disse: ‘Por que estais preocupados e por que tendes
dúvidas no coração? 39 Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim
e vede! Um fantasma não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho’. 40
E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas eles ainda não
podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse:
‘Tendes aqui alguma coisa para comer?’ 42 Deram-lhe um pedaço de peixe assado.
43 Ele o tomou e comeu diante deles.”
Por isso eu tinha
escrito no texto
anterior, que as aparições de Jesus aos seus discípulos não eram aparições
de um “fantasma”... Lembremos do trecho do Catecismo que eu reproduzi naquele
texto, que também atesta isso. Jesus ressuscitado não é apenas espiritual,
Jesus ressuscitou em corpo. Logo, amigos, Jesus não é um “espírito de
luz”, ou um “espírito evoluído” – conforme distorções e equívocos que são
propagados por aí –, que se “materializou” diante de seus discípulos (seja lá o
que for que queriam dizer com isso...). Jesus é ressuscitado, e seu corpo agora
é glorioso, não mais situado neste mundo; possui propriedades novas, ao mesmo
tempo em que traz as marcas de Sua Paixão, mostrando que é corpo (cf.
CIC 645).
Destaquemos também
o que Jesus lhes disse ao final daquela passagem do Evangelho: Lc 24,48: “48
‘Vós sereis testemunhas de tudo isso’.”
Vejamos agora a narrativa
da aparição de seus aos seus discípulos, enquanto estes pescavam (Jo 21,1-14):
Jo 21,1-14: “1
Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição
foi assim: 2 estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná
da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3 Simão
Pedro disse a eles: ‘Eu vou pescar’. Eles disseram: ‘Também nós vamos contigo’.
Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4 Já tinha
amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que
era Jesus. 5 Então Jesus disse: ‘Moços, tendes alguma coisa para comer?’
Responderam-lhe: ‘Não’. 6 Jesus disse: ‘Lançai as redes à direita da barca e
achareis’. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa
da quantidade de peixes. 7 Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É
o Senhor!’ Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois
estava nu, e atirou-se ao mar. 8 Os outros discípulos vieram com a barca,
arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam muito longe da terra,
mas somente a cerca de cem metros. 9 Logo que pisaram a terra, viram brasas
acesas, com peixe em cima, e pão. 10 Jesus disse-lhes: ‘Trazei alguns dos
peixes que apanhastes’. 11 Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede
para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e,
apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12 Jesus disse-lhes: ‘Vinde
comer’. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam
que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E
fez a mesma coisa com o peixe. 14 Esta foi a terceira vez que Jesus,
ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.”
The miracle of
the Catch of 153 fish, por Duccio,
século XIV.
Que maravilha!
Como é um grande bem ler estas passagens dos Evangelhos, tendo como auxílio a
orientação da nossa Mãe Igreja, do seu Magistério, através do Catecismo da
Igreja Católica! Para evitar repetições, sugiro que leiam o texto
anterior, em que reproduzo um trecho do Catecismo a respeito das aparições
de Jesus em Seu corpo glorioso. Ouvindo o Magistério da Igreja, ficamos livres
de toda interpretação equivocada, falsa ou maliciosa, das Sagradas Escrituras.
Vimos a explicação sobre a realidade do corpo glorificado de Jesus, que é
corpo, e não um espírito; vimos também a explicação para o fato de Jesus
aparecer aos discípulos com aparências diferentes da que eles estavam
acostumados; vimos ainda a explicação para Jesus aparecer onde e quando quiser.
Entretanto,
gostaria de citar outros trechos do Catecismo, de suma importância no
esclarecimento de eventuais dúvidas de algumas pessoas sobre a ressurreição de
Jesus:
CIC 642: “(...)A
fé da primeira comunidade dos crentes tem por fundamento o testemunho de homens
concretos, conhecidos dos cristãos e, na maioria dos casos, vivendo ainda entre
eles. Estas ‘testemunhas da Ressurreição de Cristo’ são, antes de tudo, Pedro e
os Doze, mas não somente eles: Paulo fala claramente de mais de quinhentas
pessoas às quais Jesus apareceu de uma só vez, além de Tiago e de todos os
apóstolos.”
CIC 643: “Diante
desses testemunhos é impossível interpretar a Ressurreição de Cristo fora da
ordem física e não reconhecê-la como um fato histórico. (...)os discípulos
(pelo menos alguns deles) não creram de imediato na notícia da ressurreição.
Longe de nos falar de uma comunidade tomada de exaltação mística, os Evangelhos
nos apresentam os discípulos abatidos, ‘com o rosto sombrio’ (Lc 24,17) e
assustados. (...) Por isso, a hipótese segundo a qual a ressurreição teria sido
um ‘produto’ da fé (ou da credulidade) dos apóstolos carece de consistência.
Muito pelo contrário, a fé que tinham na Ressurreição nasceu – sob a ação da
graça divina – da experiência direta da realidade de Jesus ressuscitado.”
Ou seja: não foram
os discípulos que quiseram acreditar; eles passaram a acreditar porque viram e
viveram a experiência de Cristo ressuscitado! A ordem dos fatos é inversa. Eles
tinham certeza de Sua morte, e não acreditaram de imediato em Sua ressurreição.
Pelo contrário, até mesmo custaram a acreditar! A fé na ressurreição de Cristo
nasceu da experiência vivida por eles.
Bem, espero que
tudo isso seja de grande ajuda a quem ler.
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