sábado, 20 de abril de 2013

Buscar a verdade ou somente aquilo que agrada...?


Amigos,

Lendo o Evangelho da liturgia deste sábado, novamente refleti sobre a questão da busca pela verdade, e das “caricaturas” de anúncio da verdade que vemos por aí, em que coloca-se máscaras e disfarces a fim de agradar as pessoas. Já comentei algo sobre isso antes neste blog, em outro texto, mas é sempre válido refletir sobre esse assunto.

O texto do Evangelho de hoje (Jo 6,60-69) inicia do ponto em que alguns dos seguidores de Jesus O abandonam, por considerarem duras as Suas palavras. É importante perceber que estes discípulos seguiam Jesus, com um entendimento não muito claro do que isso significava, e também não tinham fé; quando Jesus falou mais claramente, eles logo desistiram, por acharem muito exigente o seguimento a Jesus. Vejamos alguns trechos:

Jo 6,60-60: “(...) 60 muitos dos discípulos de Jesus que o escutaram disseram: ‘Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?’ 61 Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: ‘Isso vos escandaliza? 62 E quando virdes o Filho do homem subindo para onde estava antes?’ 63 O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64 Mas entre vós há alguns que não creem’. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé (...) 65 E acrescentou: ‘É por isso que eu vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai’. 66 A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67 Então, Jesus disse aos doze: ‘Vós também quereis ir embora?’ 68 Simão Pedro respondeu: ‘A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna, 69 Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus’.”

Vejam que, aqueles discípulos, insatisfeitos com o que Jesus lhes dissera, resolveram não mais segui-Lo. O que Jesus lhes disse, não estava de acordo com o que eles esperavam. Como a mensagem de Jesus não “se adaptou” ao que eles queriam, resolveram então abandona-Lo. Essa é uma grande questão, a ser refletida seriamente por todos nós: nós queremos que a mensagem de Deus se adapte às nossas vontades, às nossas expectativas...? Ou queremos receber a mensagem de Deus, e adequar nossa vida a ela...? Qual é a opção correta? Será que Deus poderia “se equivocar” (sic), e nós então vamos querer que Ele se adapte ao nosso entendimento...? Ou nós cremos que Ele é onisciente e tem palavras de vida eterna, e que nós é que devemos confiar n’Ele, e modificar nossas vidas (=conversão), para que, então, tenhamos essa vida que Ele nos traz...?
Jésus s'assied au bord de la mer et prêche, de James Tissot, entre 1886 e 1894, Brooklyn Museum.

Obviamente, nós é que devemos nos converter, e adequar nossas vidas para que estejam de acordo com os ensinamentos trazidos por Deus a nós, para nosso bem e nossa salvação! Aqui, trago outra questão: nossa busca pela verdade. O homem tem fome e sede de verdade, busca a verdade, quer encontrar respostas para questões fundamentais sobre sua origem e destino. Tudo isso fica muito claro, ao lermos a Carta Encíclica Fides et Ratio, do Papa João Paulo II – tão citada neste blog... O homem, a partir de sua razão, busca a verdade; e, em seu auxílio, vem a Revelação Divina, trazendo dados da fé. Nem a ciência nem a filosofia respondem a todas as questões do ser humano; nada respondem sobre o sofrimento e a morte do inocente, por exemplo. Mas da cruz de Cristo vem a consolação... Ele também sofreu e morreu inocentemente, por nós, e para nossa salvação...

Logo, nossa meta é a verdade. Nós buscamos a verdade! Não queremos nada menos que a verdade! Não queremos “meias verdades”, que sejam simpáticas e agradáveis, que satisfaçam às nossas expectativas por vezes comodistas, que se adaptem à nossas vontades... Nós queremos a verdade! Quem é da verdade, a encontra em Jesus, e permanece com Ele; não foge, em busca de meias verdades mais cômodas. Vejam a resposta de Pedro a Jesus: ‘A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna (...)’. Talvez ele também não tenha entendido bem o que Jesus lhes dissera antes; mas ele confiava firmemente em Jesus!

Hoje, encontramos muitas pessoas determinadas a modificar coisas na Igreja, a fim de agradar aos ouvintes, para que eles, assim, queiram permanecer nela. Que loucura! Por acaso, o Evangelho que acabei de reproduzir aqui, mostra Jesus preocupado com número de pessoas? Por acaso, mostra Jesus preocupado em ser simpático e agradável, a ponto de adaptar-se àquilo que seus discípulos esperavam ouvir, para reunir número cada vez maior de gente? Por acaso, mostra Jesus preocupado com o fato de certos discípulos terem deixado de segui-Lo, correndo atrás deles e dizendo algo como: Não, não vão embora, voltem! Eu vou ser simpático e agradável a vocês, não vou mais dizer a verdade, que vocês não querem ouvir; vou dizer somente o que vocês quiserem e acharem agradável, para que fiquem, porque o que importa é aumentar número de pessoas! É isso o que lemos no Evangelho...? É essa a conduta de Jesus...? Ou é bem outra, a ponto de perguntar até mesmo aos doze se queriam também ir embora...?

Logo, qualquer tentativa de colocar máscaras e disfarces na fé, a fim de torna-la mais agradável e simpática, com o objetivo de encher os templos católicos, trata-se de equívoco total. Jesus disse para levarmos a Boa Nova a todos os povos; Boa Nova é Verdade. Quem for da verdade, quem quiser a verdade, vai permanecer conosco; quem não quiser a verdade, e preferir ficar nos seus comodismos, fugirá do nosso meio... Nada podemos fazer sobre isso. Cada um decide conforme sua plena liberdade. A pessoa quer a verdade? Bem; não quer? Paciência. De outra forma, podemos dizer também que, quem é da luz – ainda que, momentaneamente, esteja mergulhado em trevas – ao encontrar a luz, corre em direção a ela, que dissipa as trevas, pois nela encontra o bem! Já quem é das trevas, ao encontrar a luz, ao contrário, foge dela! Foge, porque a luz traz à vista todos os seus crimes; já nas trevas, a pessoa pode continuar no erro, às escondidas...

Nenhum de nós diz isso como se seguisse a Jesus perfeitamente; todos nós somos pecadores. Mas precisamos estar decididos a segui-Lo. Uma coisa é decidir segui-Lo, mesmo que tropecemos aqui ou acolá; outra coisa é decidir abandoná-Lo...

Diante de Cristo, ninguém fica neutro, todos tomam uma decisão: por Ele, ou contra Ele. “Ou vai ou racha”, como diz o ditado popular; ou sobe, ou desce... A decisão é de cada um. Decidamos por Jesus, que é Caminho, Verdade e Vida! D’Ele temos a vida, e vida plena! D’Ele podemos ter a vida eterna!

sábado, 13 de abril de 2013

Morte e Ressurreição de Jesus (4)


Amigos,

Continuemos essa reflexão, citando mais alguns trechos dos Evangelhos em que Jesus aparece ressuscitado a seus discípulos, mostrando a eles a realidade de seu corpo ressuscitado, chegando mesmo a comer com eles. Vejamos primeiro um trecho do Evangelho da última quinta-feira (Lc 24,35-48):

Lc 24,35-42: “Naquele tempo, 35 os discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36 Ainda estavam falando quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: ‘A paz esteja convosco!’ 37 Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38 Mas Jesus disse: ‘Por que estais preocupados e por que tendes dúvidas no coração? 39 Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho’. 40 E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: ‘Tendes aqui alguma coisa para comer?’ 42 Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele o tomou e comeu diante deles.”

Por isso eu tinha escrito no texto anterior, que as aparições de Jesus aos seus discípulos não eram aparições de um “fantasma”... Lembremos do trecho do Catecismo que eu reproduzi naquele texto, que também atesta isso. Jesus ressuscitado não é apenas espiritual, Jesus ressuscitou em corpo. Logo, amigos, Jesus não é um “espírito de luz”, ou um “espírito evoluído” – conforme distorções e equívocos que são propagados por aí –, que se “materializou” diante de seus discípulos (seja lá o que for que queriam dizer com isso...). Jesus é ressuscitado, e seu corpo agora é glorioso, não mais situado neste mundo; possui propriedades novas, ao mesmo tempo em que traz as marcas de Sua Paixão, mostrando que é corpo (cf. CIC 645).

Destaquemos também o que Jesus lhes disse ao final daquela passagem do Evangelho: Lc 24,48: “48 ‘Vós sereis testemunhas de tudo isso’.”

Vejamos agora a narrativa da aparição de seus aos seus discípulos, enquanto estes pescavam (Jo 21,1-14):

Jo 21,1-14: “1 Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2 estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3 Simão Pedro disse a eles: ‘Eu vou pescar’. Eles disseram: ‘Também nós vamos contigo’. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4 Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5 Então Jesus disse: ‘Moços, tendes alguma coisa para comer?’ Responderam-lhe: ‘Não’. 6 Jesus disse: ‘Lançai as redes à direita da barca e achareis’. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7 Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É o Senhor!’ Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8 Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam muito longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9 Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10 Jesus disse-lhes: ‘Trazei alguns dos peixes que apanhastes’. 11 Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12 Jesus disse-lhes: ‘Vinde comer’. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14 Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.”
The miracle of the Catch of 153 fish, por Duccio, século XIV.
Que maravilha! Como é um grande bem ler estas passagens dos Evangelhos, tendo como auxílio a orientação da nossa Mãe Igreja, do seu Magistério, através do Catecismo da Igreja Católica! Para evitar repetições, sugiro que leiam o texto anterior, em que reproduzo um trecho do Catecismo a respeito das aparições de Jesus em Seu corpo glorioso. Ouvindo o Magistério da Igreja, ficamos livres de toda interpretação equivocada, falsa ou maliciosa, das Sagradas Escrituras. Vimos a explicação sobre a realidade do corpo glorificado de Jesus, que é corpo, e não um espírito; vimos também a explicação para o fato de Jesus aparecer aos discípulos com aparências diferentes da que eles estavam acostumados; vimos ainda a explicação para Jesus aparecer onde e quando quiser.
Entretanto, gostaria de citar outros trechos do Catecismo, de suma importância no esclarecimento de eventuais dúvidas de algumas pessoas sobre a ressurreição de Jesus:
CIC 642: “(...)A fé da primeira comunidade dos crentes tem por fundamento o testemunho de homens concretos, conhecidos dos cristãos e, na maioria dos casos, vivendo ainda entre eles. Estas ‘testemunhas da Ressurreição de Cristo’ são, antes de tudo, Pedro e os Doze, mas não somente eles: Paulo fala claramente de mais de quinhentas pessoas às quais Jesus apareceu de uma só vez, além de Tiago e de todos os apóstolos.”
CIC 643: “Diante desses testemunhos é impossível interpretar a Ressurreição de Cristo fora da ordem física e não reconhecê-la como um fato histórico. (...)os discípulos (pelo menos alguns deles) não creram de imediato na notícia da ressurreição. Longe de nos falar de uma comunidade tomada de exaltação mística, os Evangelhos nos apresentam os discípulos abatidos, ‘com o rosto sombrio’ (Lc 24,17) e assustados. (...) Por isso, a hipótese segundo a qual a ressurreição teria sido um ‘produto’ da fé (ou da credulidade) dos apóstolos carece de consistência. Muito pelo contrário, a fé que tinham na Ressurreição nasceu – sob a ação da graça divina – da experiência direta da realidade de Jesus ressuscitado.”
Ou seja: não foram os discípulos que quiseram acreditar; eles passaram a acreditar porque viram e viveram a experiência de Cristo ressuscitado! A ordem dos fatos é inversa. Eles tinham certeza de Sua morte, e não acreditaram de imediato em Sua ressurreição. Pelo contrário, até mesmo custaram a acreditar! A fé na ressurreição de Cristo nasceu da experiência vivida por eles.
Bem, espero que tudo isso seja de grande ajuda a quem ler.
 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Morte e Ressurreição de Jesus (3)


Amigos,

Depois de refletir sobre a Morte e Ressurreição de Jesus, neste texto e neste outro, escrevo agora mais este, por causa do Evangelho do último Domingo (Jo 20,19-31), sobre São Tomé...

À primeira vista, costumamos pensar na falta de fé de São Tomé, que não estava presente durante uma aparição de Jesus ressuscitado aos Apóstolos, e duvidou quando lhe contaram. Vejamos um trecho do Evangelho:

Jo 20,24-29: “24 Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos contaram-lhe depois: ‘Vimos o Senhor!’. Mas Tomé disse-lhes: ‘Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei’. 26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: ‘A paz esteja convosco’. 27 Depois disse a Tomé: ‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. 28 Tomé respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus!’ 29 Jesus lhe disse: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’”

The Incredulity of Saint Thomas, por Caravaggio, cerca de 1601-1602.
Pensando bem, que testemunho São Tomé nos deixou! Ele foi o Apóstolo a tocar nas chagas de Jesus ressuscitado! Vejam, da incredulidade inicial, ele confessou sua fé (“Meu Senhor e meu Deus”), e nos deixa o testemunho de um Apóstolo que não só viu Jesus ressuscitado, mas tocou Jesus em Suas chagas! Pôs as mãos no lado de Jesus, de onde jorrara sangue e água, quando o soldado O perfurou com a lança, após Sua morte na cruz!
Este testemunho soma-se a todos os outros que nós temos narrados nas Sagradas Escrituras; e chegam até nós hoje.
Vemos, amigos, que Jesus morreu e ressuscitou; e ressuscitou em corpo: Seu corpo foi glorificado. Não se trata de um “fantasma”; um “fantasma” (seja lá o que o imaginário de algumas pessoas queria fazer crer com isso) não tem corpo, e São Tomé nos dá o testemunho de quem pôs os dedos e as mãos nas chagas do corpo glorificado de Jesus. Vejamos um trecho do Catecismo da Igreja Católica, a esse respeito:
CIC 645: “Jesus ressuscitado estabelece com seus discípulos relações diretas, em que estes o apalpam e com Ele comem. Convida-os, com isso, a reconhecer que Ele não é um espírito, mas sobretudo a constatar que o corpo ressuscitado com o qual Ele se apresenta a eles é o mesmo que foi martirizado e crucificado, pois ainda traz as marcas de sua Paixão. Contudo, este corpo autêntico e real possui, ao mesmo tempo, as propriedades novas de um corpo glorioso: não está mais situado no espaço e no tempo, mas pode tornar-se presente a seu modo, onde e quando quiser, pois sua humanidade não pode mais ficar presa à terra, mas já pertence exclusivamente ao domínio divino do Pai. Por esta razão também Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como quiser: sob a aparência de um jardineiro ou ‘de outra forma’ (Mc 16,12), diferente das quais eram familiares aos discípulos, e isto precisamente para suscitar-lhes a fé.”
Como Jesus pode tornar-se presente onde e quando quiser, por isso lemos, em outro trecho do mesmo Evangelho:
Jo 20,19: “(...)estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: ‘A paz esteja convosco’.”
Quanto a Jesus aparecer aos discípulos com aparência diferente daquelas que eram familiares aos discípulos, recordemos o primeiro texto desta série, em que Maria Madalena confundira Jesus com um jardineiro; e também o segundo, em que os discípulos de Emaús caminharam com Jesus sem reconhece-Lo, até que Ele partiu o pão... Há também outro episódio, em que Jesus apareceu aos discípulos no Mar da Galileia, e comeu com eles; mas isto fica para um próximo texto, quem sabe...
Completando esta reflexão, lembremos do que Jesus disse: “(...)Bem-aventurados os que creram sem terem visto”. Esses somos nós! Então, bem-aventurados somos nós!
São Tomé, rogai por nós!


terça-feira, 9 de abril de 2013

Morte e Ressurreição de Jesus (2)


Amigos,

Continuando do último texto, no qual refletimos sobre a Morte e Ressurreição de Jesus, senti necessidade de refletir mais um pouco sobre a aparição de Jesus aos dois discípulos, conforme citado no Evangelho do último sábado (Mc 16,9-15). Durante a semana que passou, tivemos também o Evangelho de Lc 24,13-35, que narra a aparição de Jesus aos discípulos de Emaús.

Estes discípulos, como todos os outros seguidores de Jesus, estavam muito tristes com a morte de Jesus. O Mestre que tanto os havia ensinado a respeito do Reino dos Céus, e que eles testemunharam tantas vezes curando, libertando e ressuscitando mortos, havia morrido! Para eles, tudo parecia ter terminado: seu Mestre estava morto.

Quando Jesus se aproximou dos discípulos de Emaús, eles também não O reconheceram logo, assim como Maria Madalena (que O havia confundido com o jardineiro, à porta do túmulo...). Jesus se aproximou deles, perguntando sobre o que falavam:

Lc 24,13-16: “13 Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14 Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16 Os discípulos, porém, estavam como que cegos e não o reconheceram. 17 Então Jesus perguntou: ‘O que ides conversando pelo caminho?’”

Um deles chegou até mesmo a, de certa forma, “repreender” Jesus:

Lc 24,17-: “Eles pararam, com o rosto triste, 18 e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: ‘Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?’ 19 Ele perguntou: ‘O que foi?’ Os discípulos responderam: ‘O que aconteceu com Jesus, o nazareno, que foi um profeta poderoso, em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. 20 Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23 e não encontraram o corpo dele. Então voltaram dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu’.”

Vejam o testemunho também sincero destes discípulos! Estavam certos da morte de Jesus, que acabaram narrando ao próprio, sem o saber...

Jesus explicou a eles o que devia acontecer, a partir das Sagradas Escrituras:

Lc 24,25-27: “25 Então Jesus lhes disse: ‘Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26 Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?’ 27 E, começando por Moisés e passando pelos profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.”

Convidando Jesus para ficar com eles, acabaram por reconhecê-Lo:

Lc 24,30-31: “30 Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. 31 Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles.”

The Supper at Emmaus (A Ceia em Emaús), Diego Velásquez, cerca de 1620, Metropolitan Museum of Art.

Reproduzi, aqui, apenas alguns trechos do Evangelho. Recomendo que busquem o texto completo. O que quero destacar é justamente a surpresa, também destes discípulos, assim como ocorreu com Maria Madalena, ao reconhecerem Jesus ressuscitado! Eles estavam certos de sua morte, e, assim como todos os outros, não haviam compreendido realmente o que Jesus quisera dizer, antes de Sua morte, que ressuscitaria ao terceiro dia. Estavam tristes e acabrunhados. Parecia que haviam perdido definitivamente o Seu Mestre...

Mas qual nada, aí estava Jesus, conforme havia prometido! E conforme a Lei e os Profetas haviam predito! Seu Mestre não foi vencido pela morte! Ressuscitou! Está vivo entre nós! Permanece vivo na Eucaristia, a cada vez que parte o pão para nós, na santa missa. Não é mais pão, não é mais vinho: É Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus, conforme Ele mesmo instituíra durante a Última Ceia, e dissera aos seus Apóstolos: “Fazei isto em memória de Mim” (cf. 1 Cor 11,23-25; CIC 1341-44, CIC 1356)!

Até hoje a Igreja cumpre esta ordem de Jesus, a cada missa. Jesus está presente em nosso meio, na missa: Na Eucaristia, na Palavra, no sacerdote e na assembleia reunida (“(...)onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles”, cf. Mt 18,20). Jesus caminha conosco, assim como caminhou com os discípulos de Emaús: explicando-nos as Escrituras (Liturgia da Palavra, incluindo a Homilia); e tomando o pão, abençoando-o e distribuindo-o (Liturgia Eucarística); (cf. CIC 1346-47).

Façamos, com palavras e com nossa vida, também como estes discípulos, que correram para dar aos outros, esta boa notícia:

Lc 24,33.35: “33 Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze reunidos com os outros. (...) 35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão”.

Boa reflexão!

sábado, 6 de abril de 2013

Morte e Ressurreição de Jesus


Amigos,

Estamos na Oitava da Páscoa, os oito dias que se seguem ao Domingo da Páscoa (incluindo o próprio); tempo propício para refletirmos sobre certas realidades de fé que professamos. Escrevo este texto para ajudar a dissipar eventuais dúvidas daqueles que ainda não conhecem bem a nossa fé, e que possam ter ouvido por aí “explicações” alternativas, que nada tem a ver com nossa fé em Cristo.

No Credo – a nossa Profissão de Fé –, que nós rezamos nas missas Dominicais, podemos destacar a seguinte parte, que se refere a Jesus:

“(...)padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus(...)”

Aqui fica bem claro que Jesus realmente morreu. Se alguém já ouviu dizer algo diferente, de que Jesus não teria morrido de fato... esqueçam. Jesus morreu. Se não acreditássemos em sua morte, não poderíamos crer na sua ressurreição; e Jesus ressuscitou ao terceiro dia. Jesus não ficou desacordado, e depois despertou... não: Jesus morreu e ressuscitou.

No Evangelho da liturgia de hoje, podemos constatar, de maneira muito clara, o testemunho daqueles que o viram ressuscitado, e, por fim, o testemunho dos Apóstolos:

Mc 16,9-15: “9 Depois de ressuscitar, na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. 10 Ela foi anunciar isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando. 11 Quando ouviram que ele estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar. 12 Em seguida, Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. 13 Eles também voltaram e anunciaram isso aos outros. Também a estes não deram crédito. 14 Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo, repreendeu-os por causa da falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. 15 E disse-lhes: ‘Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!’.”

No Evangelho da última terça-feira, nós lemos a descrição do encontro de Maria com Jesus, e constatamos que para ela foi uma surpresa encontrar Jesus ressuscitado:

Jo 20,11-18: “11 Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12 Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Os anjos perguntaram: ‘Mulher, por que choras?’ Ela respondeu: ‘Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram’. 14 Tendo dito isso, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15 Jesus perguntou-lhe: ‘Mulher, por que choras?’ Pensando que era o jardineiro, Maria disse: ‘Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste e eu o irei buscar’. 16 Então Jesus disse: ‘Maria!’ Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: ‘Rabuni’ (que quer dizer mestre). 17 Jesus disse: ‘Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus’. 18 Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor!’ e contou o que Jesus lhe tinha dito.”

Noli Me Tangere, por Antonio de Correggio, cerca de 1525, Museu do Prado.

Todos os seguidores de Jesus estavam muito tristes, pois viram seu Mestre e Senhor morrer na cruz. Todos estavam de luto, chorando. Vejam como Maria Madalena estava chorando do lado de fora do túmulo de Jesus! Ela sabia de sua morte; os Apóstolos também estavam chorando a morte de Jesus, quando ela foi dar-lhes a boa notícia. Vejam que, quando Jesus se dirigiu a Maria Madalena, ela achou que se tratava do jardineiro... estava certa da morte de Jesus! Mas quando Ele a chamou pelo nome, ela teve a certeza de que era o Senhor! Vejam que, para ela, foi uma grande surpresa! Seu testemunho é sincero e verdadeiro! É o testemunho de quem fora ao túmulo de Jesus, levando perfumes para seu corpo, conforme o costume da época; chorando, esperando vê-Lo morto... e foi surpreendida com a ressurreição de Jesus!

O testemunho dos primeiros discípulos de Jesus chega hoje até nós, conforme a missão que Ele mesmo lhes dera: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!”. E eles o fizeram, e seu testemunho chegou a nós! E nós temos plena certeza, porque é digno de toda confiança Aquele que apareceu vivo e ressuscitado aos discípulos e Apóstolos!

Isso nos impele também a testemunhar, com palavras e com nossa vida, Cristo ressuscitado, a todos os que nos cercam! Digamos, assim como Maria Madalena, com palavras e com nosso testemunho de vida: “Eu vi o Senhor!”.

Para complementar, transcrevo aqui um trecho da Sequência que cantamos (ou rezamos) no Domingo de Páscoa:

“3. O rei da vida, cativo,
      é morto, mas reina vivo!
      Responde pois, ó Maria;
      no caminho o que havia?
 
 
 4.  ‘Vi Cristo ressuscitado,
       o túmulo abandonado.
       Os anjos da cor do sol,
       dobrado ao chão o lençol...’.”
 

Até a próxima! Boa reflexão!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Teorias e realidade (2)


Amigos,

Em janeiro de 2012, eu escrevi e publiquei aqui no blog, o texto “Teorias e realidade”, em que eu comentava sobre a questão da realidade e das teorias científicas que tentam representa-la. Resolvi retornar ao assunto, ao ler um artigo sobre o tema, na Edição Especial “Fronteiras da Física 3”, da revista de divulgação científica “Scientific American Brasil”, em que os autores parecem questionar sobre a existência de uma realidade objetiva.

Eles até usam um argumento que, em princípio, é correto, de que o mundo pode ser “explicado” por diferentes modelos, diferentes teorias; e que não parece haver um modelo preferencial, uma vez que todos se tratam de aproximações. Até aí, tudo bem; mas daí a questionar a existência de uma realidade objetiva, tem muita distância...

Já conhecemos exemplos da existência de diferentes teorias para explicar um mesmo fenômeno. Por exemplo, a gravidade. Inicialmente, este fenômeno foi explicado pela teoria da gravitação universal de Newton; depois veio a teoria da relatividade geral de Einstein, que também é uma teoria da gravidade... Surge então a pergunta: qual das duas teorias é “a verdadeira”, ou “a mais correta”...? Sabemos que a primeira, de Newton, tem domínio mais limitado: funciona bem a velocidades baixas – em que a massa possa ser considerada constante –, e com corpos não muito massivos. Porém, diante de velocidades elevadas ou corpos massivos, a teoria de Newton não fornece bons resultados, e os fenômenos são explicados de melhor forma pela teoria de Einstein. Mas isso significa que a teoria da gravitação universal de Newton esteja errada...?

Não, não significa. A teoria de Newton funciona muito bem para descrever movimentos de corpos nas escalas em que estamos habituados: escalas nem muito grandes nem muito pequenas de distância, tempo, velocidade e massa. Ou seja: casas e carros, por exemplo, são construídos com base nesta teoria.

Alguns exemplos podem ser dados, entretanto, em que a teoria de Einstein deve ser usada; vejamos. Aceleradores de partículas produzem, de modo geral, feixes de partículas relativísticas, ou seja, onde sua velocidade não é tão desprezível assim em relação à da luz; logo, a variação da massa em função da velocidade das partículas deve ser considerada. Outro caso é o desvio da luz emitida por estrelas distantes, ao passar próxima ao Sol, por exemplo (poderia ser outra estrela); a massa da estrela próxima é tão elevada, que o desvio causado no feixe de luz só pode ser explicado corretamente pela teoria de Einstein – na qual o desvio é consequência da curvatura do espaço-tempo nas proximidades da estrela massiva próxima (já comentei sobre isso antes). Esse fenômeno também ocorre na observação de galáxias distantes, com outra galáxia a meio caminho: a imagem da galáxia distante é distorcida, ao passar em torno da mais próxima, dando origem a formas em arcos, ou a múltiplas imagens da galáxia distante – trata-se do efeito de lentes gravitacionais. A primeira Figura a seguir ilustra o efeito de lentes gravitacionais; a segunda e a terceira, mostram exemplos de imagens distorcidas por lentes gravitacionais.
 
Ilustração do efeito de lentes gravitacionais: as setas em cinza mostram a trajetória da luz emitida pelas galáxias distantes até a Terra, curvadas pelo efeito da gravidade do corpo massivo ao centro; as setas em laranja mostram as trajetórias aparentes, que causam a impressão de imagens distorcidas das galáxias distantes. Imagem da NASA, obtida de Hubblesite.
 

A cruz de Einstein: imagem múltipla (quatro imagens) de um quasar distante, causadas por uma galáxia situada entre o quasar e a Terra. Imagem da NASA, obtida de Hubblesite.


Efeito de lente gravitacional causado pelo aglomerado de galáxias Abell 1689, composto de trilhões de estrelas, um dos mais massivos conhecidos; nota-se imagens distorcidas em formas de arcos, de brilho fraco, de outras galáxias ao fundo. Imagem da NASA, obtida de Hubblesite.
 
 
No domínio dos átomos e partículas subatômicas, a mecânica de Newton também falha na descrição dos fenômenos... Aqui entra a mecânica quântica, que diz que uma partícula poderia percorrer diferentes trajetórias ao mesmo tempo! Tudo muito esquisito, por sinal... Mas experimentos com partículas em fendas mostram o efeito de interferência, que seria esperado somente em experimentos com ondas, não com partículas: daí vem dualidade onda-partícula... Este efeito é ilustrado em uma animação, neste link1. Para maiores explicações, veja observação ao fim deste texto2.


Enfim, cada teoria parece valer para um domínio específico: uma funciona bem para o macrocosmos (relatividade geral); outra, para o microcosmos (mecânica quântica); e a mecânica newtoniana, para o domínio em que vivemos e convivemos, do “não muito grande”, “nem muito pequeno”. Físicos ainda buscam unir a relatividade geral com a mecânica quântica: seria uma teoria da gravidade quântica...


Algo semelhante ocorre com a teoria eletromagnética (esta sim, é mais a “minha praia”!). Nós explicamos os efeitos causados por cargas e correntes elétricas, através dos campos elétrico e magnético, respectivamente. A teoria clássica diz que uma carga cria, em seu entorno, um campo elétrico – que é um campo vetorial –, e outra carga que seja aproximada da primeira, é afetada por este campo; diz também que uma corrente elétrica cria um campo magnético no seu entorno – também um campo vetorial. Mas há um modelo mais fundamental, que explica os fenômenos através da troca de fótons – estes sim, seriam a causa das interações! Então a teoria clássica está errada...? Também não: máquinas elétricas são projetadas segundo a teoria eletromagnética “clássica”, e estão por aí, funcionando “muito bem, obrigado”.


Como tudo isso parece estranho, não...? Diversas teorias, algumas das quais parecem contradizer-se, em certo sentido, mas ao mesmo tempo, cada uma explica bem os fenômenos naturais, em determinadas condições... Parece que não conseguimos desvendar, de todo, os mistérios da natureza, mas chegamos apenas a representações limitadas, descrições aproximadas, de como ela funciona...


Porém, isso não significa que não haja uma realidade objetiva; ou que cada um possa “criar” a “sua própria realidade”, cada qual segundo um modelo diferente... Modelos matemáticos que tentam explicar a natureza são representações; representações podem ser diferentes, a despeito de a realidade ser única. Para dar um exemplo claro, tomemos um objeto, a ser representado por diferentes pessoas, de diferentes maneiras: uma pode fazer um desenho simplificado do objeto; outra pode fazer um desenho mais detalhado; outra pode fazer uma pintura (ou pinturas, em diferentes estilos); outra ainda pode representa-la através de uma foto; outra pode fazer uma escultura; outra pode representa-la em estéreo, com efeito 3D! Enfim: as representações podem ser muitas, apesar de o objeto em questão ser, objetivamente, um só.


Este texto é uma reflexão pessoal, porém fruto de leituras, conforme o primeiro texto citado do blog, de janeiro de 2012. Diante de possíveis dúvidas quanto à existência ou não de uma realidade objetiva, que tal recorrermos à nossa fé, que atesta, em nosso Credo: “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. (...)”. Nossa fé atesta que Deus é criador, e efetivamente criou o mundo: material (“terra”, “coisas visíveis”) e espiritual (“céu”, “coisas invisíveis”). Logo, o mundo não é uma ilusão, nem fruto de nossos sentidos apenas, nem há diversas possíveis realidades, cada qual conforme o “gosto do freguês”, conforme seu modelo ou teoria. Há o mundo criado por Deus, disso podemos ter certeza!


Viram como conjugar ciência com fé acalma nosso entendimento, e dissipa eventuais dúvidas?


E quanto a desvendar os mistérios da natureza, através de diferentes modelos ou representações, alguém já conhecia algo a respeito?


Espero ter ajudado. Até a próxima!
1Ao acessar o site, clique no vídeo “duality video demonstration” (no canto superior direito).
2Explicação sobre o vídeo citado:
 
- Primeiro, é mostrado o resultado de um canhão disparando partículas “clássicas” (conforme a mecânica Newtoniana) em uma parede alvo, por meio de duas fendas; neste caso não há interferência, pois cada partícula atravessa, sem dúvida, uma fenda por vez.
- Depois, é mostrada a emissão de uma onda, e o efeito de interferência surge na parede alvo, devido às contribuições construtiva e destrutiva das ondas que emergem das duas fendas.
- Em terceiro lugar, é mostrado um objeto quântico (como uma partícula subatômica, cujo comportamento é descrito pela mecânica quântica, não pela Newtoniana); incrivelmente, apesar de se tratarem de partículas, surgem interferências na parede alvo, da mesma forma como ocorre com as ondas! Ou seja, partículas, no “microcosmo”, comportam-se como ondas; e vice-versa. Vale ressaltar que esse efeito ocorre somente na ausência de um observador, ou seja, se ninguém tentar medir, verificar, por qual fenda a partícula passa. Isso é muito estranho, porque é como se a partícula passasse por ambas as fendas simultaneamente, como as ondas, causando a interferência!
- Por último, o vídeo mostra o efeito de um observador: quando se tenta verificar por qual fenda a partícula passa, fica definido que ela passa por uma ou outra fenda, pondo fim à interferência...


Não se preocupe se você achou toda essa explicação estranha; um dos expoentes da teoria quântica, Niels Bohr, disse que “se alguém não ficar chocado com a teoria quântica é porque não a entendeu”.