Como vocês
devem ter notado, costumo ler e ouvir materiais, ou mesmo frequentar encontros,
de caráter científico, de divulgação científica, sobre as relações entre
ciência e fé, ou correlatos, ainda que por conta própria. Frequentar nem sempre
é fácil pois, quando não se trata de assuntos relacionados ao trabalho, não se
consegue, obviamente, liberação para tal. Mas sempre que dá, devido ao dia, horário
ou mesmo a férias, tento participar.
Estive,
uma ocasião, em um encontro sobre divulgação científica, cujo conteúdo foi
excelente, diga-se de passagem. Porém, ao final do encontro, durante a etapa de
perguntas do público, tive uma grande decepção: um comentário lamentável sobre
o uso de células-tronco embrionárias. A pessoa – um pesquisador de destaque – “comemorou”
a tal aprovação da Lei de Biossegurança que permite o “uso” (a destruição) de
embriões congelados para obter-se células-tronco, ocorrida há alguns anos em
nosso país; quem acompanhou deve se lembrar. Para quem não se lembra, segue um link do Pró-Vida Anápolis sobre o assunto. O fato de se
colocar em uma mesma lei a questão do uso de alimentos transgênicos e o uso de
células-tronco embrionárias foi algo que confundiu bastante a população, além
do que é óbvio o descabimento de se se votar conjuntamente temas tão diversos.
Minha
grande decepção foi que, o tal pesquisador, que falava muito bem sobre as
questões de educação, quanto à necessidade de as escolas promoverem um ensino
de qualidade, sobre a importância da divulgação científica para esclarecer a
população sobre questões e decisões que envolvam ciência, etc..., lançou esta
“pedrada”: comemorou a tal vitória da lei, como se fosse uma vitória do
esclarecimento sobre a ignorância... lamentável. Se este comentário tivesse
vindo de um leigo, já seria lastimável do ponto de vista da desvalorização da
vida humana; mas vindo de um pesquisador, doutor, esclarecido... fica mais
difícil falar em ignorância...
Durante a
proposta da famigerada lei, houve, nos meios de comunicação católicos – não sei
se em outros também –, um grande debate acerca do tema, com especialistas
renomados favoráveis ao uso de células-tronco adultas, porém contrários ao uso
de células-tronco embrionárias; antes de falar em questões de ética e moral – não menos pertinentes –,
usaram argumentos puramente científicos. As pesquisas científicas mostram que o
uso de células-tronco embrionárias têm levado a resultados desastrosos: as
células se reproduzem de forma desordenada, podendo resultar em tumores e em
células de diferentes órgãos na mesma região. Por outro lado, pesquisas
científicas também têm demostrado o uso eficiente de células-tronco adultas,
para recuperação de tecidos de diversos tipos.
Nós, que
conjugamos ciência com ética e moral, temos a noção de que, ainda que ambas as
alternativas tivessem o mesmo resultado terapêutico, o uso de células-tronco
embrionárias seria sempre inadmissível, uma vez que destroem embriões humanos –
que indubitavelmente são VIDAS HUMANAS. Portanto, não seria jamais moralmente
lícito destruir uma vida humana – ainda que em estágio embrionário – com
qualquer justificativa que se tentasse apresentar. Mais ainda quando, do ponto
puramente terapêutico, os resultados com uso de células-tronco adultas dão
melhores resultados que os obtidos com células-tronco embrionárias.
Logo, não
há qualquer justificativa para o uso de células-tronco embrionárias. A não
ser que se queira “arranjar um jeito” de “resolver” outro problema criado
anteriormente, o da produção in vitro excessiva de embriões para
fertilização artificial, congelando os excedentes; como não se sabe agora o que fazer com todos estes embriões congelados, sua destruição pode ser uma“alternativa”... (não para nós que prezamos pela vida, obviamente!). Aliás, diga-se de passagem
que estes procedimentos (produção in vitro excessiva de embriões para fertilização artificial e posterior congelamento) também são antiéticos e amorais, uma vez que condenam seres humanos embrionários a jamais serem gerados e dados à luz...
Infelizmente, na prática só teve voz nos meios
de comunicação aberta quem era favorável ao uso de células-tronco embrionárias,
em particular uma cientista brasileira desta opinião. Cientistas contrários ao uso de
células-tronco embrionárias, e favoráveis ao uso de células-tronco adultas, não
tiveram vez nem voz. Isto demostra um caráter parcial, antiético, amoral e
anticientífico destes meios de comunicação – e de quem mais esteve envolvido nesta omissão de informação –, uma vez que não houve um debate
mais amplo com a devida seriedade, como requerem temas tão graves quanto este. Logo, a vontade de alguns – sabe-se lá por que – quanto à liberação do
uso de células-tronco embrionárias, foi imposta “à força”, sem um debate
esclarecedor. Mais ainda, a população foi confundida em dose dupla; senão
vejamos: (i) em primeiro lugar, falava-se no uso terapêutico de células-tronco
de um modo geral, sem se deixar claro as diferenças entre células-tronco
adultas e embrionárias; (ii) segundo, iludiu-se a população como se a liberação
do uso de células-tronco embrionárias fosse resultar logo em algum benefício,
sem mencionar que ainda não há resultados científicos favoráveis, e que este –
caso haja – poderia levar ainda muito tempo a ser alcançado.
Bem,
amigos, este é um tema bem complexo, que pretendo aprofundar mais em outros
textos – até para que este não fique longo demais. Em princípio, eu estava
querendo reunir material sobre os pesquisadores, com seus argumentos
científicos contrários ao uso de células-tronco embrionárias, mas creio que
isso dará algum trabalho; e eu não queria demorar a começar a escrever sobre
estes temas, dados os acontecimentos em curso no país.
Como primeiras
citações para consulta, disponibilizo aqui dois links de textos publicados em outro blog, de Felipe Aquino, com
declarações de duas pesquisadoras brasileiras sobre o tema. O primeiro, texto
da Dra. Lilian Piñero Eça, em que ela expõe uma declaração da única pesquisadora
que foi ouvida nos meios de comunicação abertos, que vocês mesmos poderão
avaliar que é chocante, pela distorção deliberada da informação para alcançar seus objetivos; o segundo, da Dra. Alice Teixeira Ferreira, da Escola
Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, em que ela
comenta sobre a falácia do uso de células-tronco embrionárias.
A
motivação para escrever logo este texto foi também a indignação pela declaração
infeliz do tal pesquisador na reunião de que eu havia participado. Concordo com
ele no ponto em que a população deva ser esclarecida nas questões que envolvam
ciência; mas certamente não é isso que ele faz, ao defender e vibrar com o uso
de células-tronco embrionárias, alimentando a ignorância da população.
Pretendo
ainda falar sobre as questões de aborto, eutanásia, e bioética em geral,
conforme for possível. Claro que tentarei fundamentar os textos em opiniões de
especialistas da área.
Até breve!
Espero estar ajudando a lançar luz sobre estas trevas da desinformação e do
engano!
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