quinta-feira, 19 de março de 2020

Em tempos de pandemia: fé e prudência (2)


Amigos,

Em continuação ao texto anterior, resolvi tecer mais um comentário, que tinha deixado de fora antes.

Mais uma vez, reforçando o que já foi escrito: usemos a fé e a razão em conjunto. A fé nos ajuda a não entrar e desespero ou pânico com a pandemia, a razão nos leva a sermos racionais o suficiente para seguirmos as orientações das autoridades de saúde, ou das diferentes esferas de governos. Fé e razão: confiança em Deus e prudência.

Não é razoável para nós, que professamos fé, entrarmos em desespero (=falta de esperança). Tampouco, podemos ter uma fé ingênua que nos leve a nos arriscarmos, porque “Deus irá nos socorrer”. Faz parte de nossas ações, evitarmos o perigo: Deus nos deu capacidade para raciocinarmos e evitarmos o perigo, tanto físico quanto espiritual. Lembremos das tentações que Jesus sofreu no deserto, conforme o Evangelho que ouvimos no Primeiro Domingo da Quaresma, particularmente desta:

Mt 4,5-7: “5 Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, 6 e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’ ”. 7 Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’ ””

Ou seja: o fato de termos fé em Deus, não significa que iremos arriscar nossa vida (esta ou a vida externa), desnecessariamente[1], achando que Deus irá nos socorrer, o que quer que façamos. Logo, não podemos colocar nossa saúde em risco, achando que Deus irá nos proteger mesmo assim. Não que Ele não nos proteja, mas também nos deu inteligência o suficiente para sabermos que devemos preservar nossa saúde física e nossa vida (seja esta ou a futura).

Portanto, façamos a nossa parte, seguindo as orientações das autoridades, e continuemos em oração, pedindo ao Senhor que nos livre desta praga.

Podemos também aproveitar a quarentena para nos aprofundarmos na Quaresma, com orações e outros exercícios espirituais.



[1] Estão excluídas as pessoas que atuam diretamente na contenção, diagnóstico e tratamento da doença.

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