Amigos,
No último dia 25,
dia da conversão de São Paulo, a Liturgia do dia me chamou muito atenção para a
nossa responsabilidade em acolher a Boa Nova, e em nos abrirmos ao amor de
Deus. Mais uma vez, vocês devem estar se perguntando: mas o que tem isso a ver
com o diálogo entre ciência e fé...?
Bem, já comentei
antes, em outros textos do blog, sobre questões a respeito do “fim” do mundo, e
da salvação do homem. O tema sobre o fim do mundo diz respeito ao diálogo entre
ciência e fé; e nesse contexto, comentei tanto sobre o que a ciência diz quanto
ao fim da vida na Terra, ou quanto ao fim do universo, em diálogo com o que a
Igreja ensina sobre o último dia: o dia da Segunda Vinda de Cristo. Comentei sobre
a necessidade de vivermos em conversão, nos preparando para esse encontro
definitivo com o Senhor, que ninguém sabe quando ocorrerá para cada um (Juízo Particular),
ou para todos (Juízo Final). Nesse contexto, precisamos refletir sobre a
liberdade do ser humano diante da salvação proporcionada por Deus. Sugiro uma
recapitulada nos textos do blog, das séries: “Fim do mundo...?” e “Novos Céus e
Nova Terra”; especialmente no texto “Novos
Céus e Nova Terra (2)”.
Sobre a reflexão
a seguir, baseada na Liturgia do dia da conversão de São Paulo, chamo a atenção
de que se trata de uma reflexão pessoal; porém, cito também embasamento
concreto, como vocês verão.
No Evangelho
desse dia, destaco o trecho: Mc 16,15-16: “Naquele tempo, Jesus se manifestou
aos onze discípulos 15 e disse-lhes: ‘Ide pelo mundo inteiro e anunciai o
evangelho a toda criatura! 16 Quem crer e for batizado será salvo. Quem não
crer será condenado’. (...)”. Aqui está a questão sobre o anúncio da Boa Nova,
e sobre a liberdade do ser humano em aceita-la ou não. Deus fez o ser humano
dotado de liberdade, e conforme eu comentara antes, essa liberdade é total. Cabe
ao homem fazer reto uso dessa liberdade; liberdade com responsabilidade. Claro
que o homem poderia fazer mal uso de sua liberdade, mas as consequências ruins viriam
também... Deus não nos força a nada; ele quer que nós O amemos, mas na total
liberdade de quem ama a Deus sobre todas as coisas.
Vejamos também
que Jesus não diz para seus discípulos tentarem incutir “a qualquer custo” o
anúncio do Evangelho às pessoas; mas para que eles anunciem a Verdade: a
aceitação ou não da mensagem do Evangelho, cabe a cada um. Claro que o anúncio
precisa ser bem feito, o que envolve diferentes questões: o anúncio precisa ser
feito de forma que as pessoas possam compreender; e principalmente, que o
anúncio seja acompanhado de um testemunho coerente da vivência desta Verdade que
é anunciada, ou seja, que aqueles que anunciam, vivam aquilo que pregam. Mas...
a aceitação do anúncio cabe a cada um que o recebe. E essa aceitação não pode
ser algo forçado: cada um que recebe o anúncio, precisa ter uma abertura à
mensagem anunciada; há que se ter uma abertura, uma disponibilidade para recebe-la,
uma boa vontade em acolhê-la.
Vejam que, na
Primeira Leitura, São Paulo demonstra essa abertura, quando ouve a voz do
Senhor que lhe fala, conforme o trecho que destaco: At 22,6-10: “(...) 6 Ora,
aconteceu que, na viagem, estando já perto de Damasco, pelo meio-dia, de
repente uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim. 7 Caí por
terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ 8 Eu
perguntei: ‘Quem és tu, Senhor?’ Ele me respondeu: ‘Eu sou Jesus, o nazareno, a
quem tu estás perseguindo’. Meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a
voz que me falava. 10 Então perguntei: ‘Que devo fazer, Senhor?’ O Senhor me
respondeu: ‘Levanta-te e vai para Damasco. Ali te explicarão tudo o que deves
fazer’. (...)”.
Conversão de São Paulo
Aqui há algo bem
interessante: Jesus se identifica com Sua Igreja; Ele não pergunta: por que
persegues a Igreja? Mas sim: “(...) por que me persegues? (...)”; e
também, no trecho: “(...) Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu estás perseguindo.
(...)”. Aqui temos claro que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo: perseguir
Sua Igreja, é o mesmo que persegui-Lo... Fica aqui um alerta para todos esses
que vêm perseguindo a Igreja ferozmente, em todo o mundo... E quando chegar o
Juízo Particular de cada um desses que O perseguem...? Bem, mas isso é assunto
para outra oportunidade, quem sabe.
O que eu quero
destacar, nesse texto do blog, é que São Paulo (ainda Saulo), ao ouvir a voz do
Senhor, tem total abertura à Sua mensagem: “(...) Quem és tu, Senhor? (...)”;
ele não O conhecia, mas abriu-se à novidade... (reparem na palavra Senhor, em
maiúsculas...). E ainda, no trecho: “(...) Que devo fazer, Senhor? (...)”,
vejam que tamanha, total, abertura de São Paulo a Jesus! Saulo, que era grande
perseguidor da Igreja! Mas ao receber a Boa Nova, abre-se totalmente a ela! E
isso importa muito, essa abertura, essa disponibilidade. A pessoa ainda não
conhece a mensagem do Evangelho? Que lhe seja anunciada (e isso precisa ser bem
feito). Mas quem recebe o anúncio precisa ter essa abertura, para acolher de
boa vontade a Boa Nova de Cristo.
É isso, amigos.
De um lado, anúncio da Boa Nova; de outro, abertura de coração de quem recebe o
anúncio. É como uma via de mão dupla. Deus não nos força; precisamos querer viver
Seus ensinamentos também. E esta segunda parte cabe a cada um de nós... é nossa
responsabilidade; agimos no uso da nossa liberdade. Que todos nós façamos reto
uso de nossa liberdade.
Cito alguns
trechos do Catecismo da Igreja Católica, a respeito da liberdade humana:
CIC 1705: “Em
virtude de sua alma e de seus poderes espirituais de inteligência e vontade, o
homem é dotado de liberdade, ‘sinal eminente da imagem de Deus’.”
CIC 1730: “Deus
criou o homem dotado de razão e lhe conferiu a dignidade de uma pessoa agraciada
com a iniciativa e o domínio de seus atos. ‘Deus deixou o homem nas mãos de sua
própria decisão’ (Eclo 15,14), para que pudesse ele mesmo procurar seu Criador
e, aderindo livremente a Ele, chegar à plena e feliz perfeição.”
Para terminar, cito
uma frase de Santo Agostinho: “Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti”.
Até a próxima,
com a graça de Deus!
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