Caros amigos,
Li dois textos muito interessantes com depoimentos do Papa e de sacerdotes cientistas, sobre declarações do conhecido Stephen Hawking, relativas ao seu livro “The Grand Design” - traduzido e publicado no Brasil como “O Grande Projeto”. Na verdade, eu já havia lido comentários a respeito em outro blog semelhante, que também trata sobre ciência e fé.
Stephen Hawking tem sido bastante competente em seu campo de atuação - circunscrito à ciência - durante décadas. Sua competência levou o Vaticano a indica-lo para a Pontifícia Academia de Ciências. Stephen Hawking participa desta Pontifícia Academia desde 1986, conforme sua página no site. A Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano indica cientistas de todo o mundo para participarem como membros, com base em seus estudos científicos e sua conduta moral, independentemente de critérios étnicos ou de religião, conforme pode ser constatado em seu Estatuto.
Hawking, entretanto, se manifestou de forma estranha ultimamente, quando sugeriu uma “explicação” científica para o surgimento do universo a partir do “nada”, de forma a descartar a participação de Deus na criação. O Papa Bento XVI se pronunciou recentemente a respeito, assim como também dois sacerdotes cientistas - um deles do quadro do Observatório do Vaticano.
Conforme pode ser lido neste texto (em inglês), Papa Bento XVI comentou, em pronunciamento durante um encontro inter-religioso – do qual participaram líderes de outras religiões – que ciência e religião operam em esferas diferentes, na questão da explicação da existência humana; e disse também que foi Deus mesmo quem colocou esta “saudade d’Ele” no fundo de nossos corações. Além disso, comentou que as ciências humanas e naturais contribuem muito para o entendimento acerca de nossa existência e do universo, porém não são capazes de explicar com uma resposta definitiva sobre nossa origem e destino, sobre o propósito de nossa existência, ou responder à questão fundamental: “Por que existe algo ao invés de nada?” O Papa disse ainda que o livro do Gênesis mostra que Deus quis que o homem buscasse desvendar os mistérios da natureza, quando disse para crescerem e multiplicarem-se, encherem a terra e dominá-la; mas para um bem maior (não para satisfazer aos próprios propósitos).
Como vocês podem ler também no texto (em inglês) com declarações dos dois sacerdotes Jesuítas cientistas - Pe. Robert Spitzer, SJ e Pe. Guy Consolmagno, SJ -, eles comentam que Hawking tenta explicar o surgimento espontâneo e o desenvolvimento do universo, supostamente a partir do “nada”, porém este “nada” a que ele se refere envolve a Gravitação, e outras leis físicas... Bem, se alguém passa a querer denominar a gravidade de “nada”...
Pe. Spitzer atenta para este “detalhe”, explicando que o que entendemos sobre criação, inclui também as leis físicas que governam o universo. Ele explica também que a gravidade tem uma constante universal associada a ela – a Constante Gravitacional, uma dentre outras constantes universais –, e tem efeito sobre a matéria e a energia, e sobre o espaço-tempo. Ele diz que isto seria uma estranha definição de “nada”...
Pe. Consolmagno, SJ, explica que o “deus” em que Hawking diz não acreditar, nem os cristãos acreditam! Ele comenta que Deus não pode ser confundido com uma força na natureza, ou preencher espaços vazios momentâneos, para os quais ainda não temos conhecimento...
Nota do autor do blog: Esta última afirmação seria o tão comentado “Deus das lacunas”, invocado como razão para fenômenos ainda não explicados cientificamente. E quando se descobre a explicação científica para estes fenômenos antes não explicados, será que não precisamos mais de Deus, porque agora temos uma explicação científica para tais fenômenos...? Não, não é assim que nós acreditamos. Para nós, Deus é transcendente – aliás, conforme os próprios sacerdotes cientistas comentam no texto – sendo a causa primeira de toda a existência do mundo; obviamente, não pode ser confundido com nenhuma parte da criação...
Bem amigos, importante divulgar estes textos, e comentar a respeito. Eu tenho alguns livros de Hawking; mas precisamos ter todo o cuidado com que dizem alguns cientistas – vide comentário feito anteriormente neste blog, a este respeito. Lembremos que, em princípio, eles não têm compromisso com as questões de fé – com exceção para sacerdotes cientistas, por exemplo. É muito estranho um cientista tentar definir “nada” a partir de “algo”... Fiquemos atentos, portanto, com o que lemos por aí. Por isso é tão importante nos mantermos informados sobre questões que toquem a fé, de alguma forma, para não “levarmos gato por lebre”, acreditando em qualquer coisa que se diga por aí.
Para complementar, coloco links para alguns textos do blog que eu havia citado, que também trata sobre questões de ciência e fé: este e ainda este sobre Lawrence Krauss, que lançou o livro A Universe from Nothing (que traduzindo seria algo como “Um Universo a partir do Nada”) relacionado à confusão a respeito do “nada”...; além deste e deste outro, sobre Stephen Hawking, e a mesma confusão sobre o “nada”...
Espero ter ajudado, e que tenham gostado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário