Amigos,
Ao ouvir
as leituras da Liturgia deste Domingo, logo pensei: dá uma boa reflexão para o
Blog! Vejamos alguns trechos:
I leitura,
Livro da Sabedoria (Sb 9,13-18): “Qual é o homem que pode conhecer os desígnios
de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor? 14 Na verdade, os
pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões incertas(...) 16 Mal
podemos conhecer o que há na terra e com muito custo compreendemos o que está
ao alcance de nossas mãos; quem, portanto, investigará o que há nos céus? 17
Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses sabedoria e do
alto lhe enviasses teu santo espírito? 18 Só assim se tornam retos os caminhos
dos que estão na terra(...)”.
O que o
autor sagrado disse, nós vemos acontecer hoje, apesar de todo o avanço da
ciência, e do conhecimento humano, em geral: mal conseguimos compreender este
mundo material em que vivemos... No fim do século XIX, imaginava-se que as
principais descobertas da física acerca da natureza já tivessem sido
alcançadas, e que não restaria mais muito trabalho para os físicos, daquele
momento em diante. De repente, houve grandes revoluções na física: teoria da
relatividade e mecânica quântica; dois pilares da física moderna, que viraram
tudo “de pernas para o ar”... Isto rendeu muito trabalho duro para os físicos
do século XX (e ainda rende para os do século XXI)...
Outro fato
é que imaginava-se que o universo fosse limitado à nossa galáxia; até que
observações mostraram que havia algo a mais, além dela... Pronto: descobriram
que ainda havia muito para ser descoberto. Hoje sabe-se que há aglomerados de
galáxias, em larga escala, e observa-se objetos a bilhões de anos-luz de
distância1
Mais
recentemente, descobriu-se que a matéria que nós conhecemos (da qual é feita
tudo o que se vê, desde as estrelas e galáxias, até os seres vivos e nosso
corpo), soma cerca de 4,5 % do que existe no universo! Ou seja: nós
desconhecemos do que é feito 95,5 % dele... Realmente, podemos repetir o que
escreveu o autor sagrado, há milênios atrás (Sb 9,16): “Mal podemos conhecer o
que há na terra e com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas
mãos(...)”...
Mas esse
maravilhar-se com a criação é saudável e faz parte da vida do ser humano, como
diz a Carta
Encíclica Fides et Ratio:
FR 4:
“(...) Impelido pelo desejo de descobrir a verdade última da existência, o
homem procura adquirir aqueles conhecimentos universais que lhe permitam uma
melhor compreensão de si mesmo e progredir na sua realização. Os conhecimentos
fundamentais nascem da maravilha que
nele suscita a contemplação da criação(...)”
FR 17:
“(...) Em Deus reside a origem de tudo, nele se encerra a plenitude do
mistério, e isso constitui a sua glória; ao homem, pelo contrário, compete o
dever de investigar a verdade com a razão, e nisso está a sua nobreza. (...) O
desejo de conhecer é tão grande e comporta tal dinamismo que o coração do
homem, ao tocar o limite intransponível, suspira pela riqueza infinita que se
encontra para além deste, por intuir que nela está contida a resposta cabal
para toda a questão ainda sem resposta”.
FR 21:
“(...) E a força para continuar o seu caminho rumo à verdade provém da certeza
de que Deus o criou como um ‘explorador’ (cf. Ecl 1,13), (...)”.
Porém, o trecho
final da I Leitura mostra que Deus vem em socorro do ser humano. Isto se dá pela
Revelação. Tem coisas que a nossa razão não consegue alcançar, às quais nós
devemos assentir, devido à autoridade d’Aquele que diz; trata-se de verdades de
fé: nós assentimos totalmente, porque sabemos que é digno de total confiança
Aquele que fala, através das Sagradas Escrituras e da Sagrada Tradição, através
do Magistério da Igreja.
Continua
no próximo texto.
1 A
velocidade da luz é de 300.000 km/s; um ano-luz é a distância percorrida pela
luz em um ano (cerca de 9,5 trilhões de km); deixo aos leitores curiosos a
tarefa de fazer as contas de quanto vale um bilhão de anos-luz...
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