terça-feira, 10 de setembro de 2013

Reflexões – Domingo, 08/09/2013


Amigos,

Ao ouvir as leituras da Liturgia deste Domingo, logo pensei: dá uma boa reflexão para o Blog! Vejamos alguns trechos:

I leitura, Livro da Sabedoria (Sb 9,13-18): “Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor? 14 Na verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões incertas(...) 16 Mal podemos conhecer o que há na terra e com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas mãos; quem, portanto, investigará o que há nos céus? 17 Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito? 18 Só assim se tornam retos os caminhos dos que estão na terra(...)”.

O que o autor sagrado disse, nós vemos acontecer hoje, apesar de todo o avanço da ciência, e do conhecimento humano, em geral: mal conseguimos compreender este mundo material em que vivemos... No fim do século XIX, imaginava-se que as principais descobertas da física acerca da natureza já tivessem sido alcançadas, e que não restaria mais muito trabalho para os físicos, daquele momento em diante. De repente, houve grandes revoluções na física: teoria da relatividade e mecânica quântica; dois pilares da física moderna, que viraram tudo “de pernas para o ar”... Isto rendeu muito trabalho duro para os físicos do século XX (e ainda rende para os do século XXI)...

Outro fato é que imaginava-se que o universo fosse limitado à nossa galáxia; até que observações mostraram que havia algo a mais, além dela... Pronto: descobriram que ainda havia muito para ser descoberto. Hoje sabe-se que há aglomerados de galáxias, em larga escala, e observa-se objetos a bilhões de anos-luz de distância1

Mais recentemente, descobriu-se que a matéria que nós conhecemos (da qual é feita tudo o que se vê, desde as estrelas e galáxias, até os seres vivos e nosso corpo), soma cerca de 4,5 % do que existe no universo! Ou seja: nós desconhecemos do que é feito 95,5 % dele... Realmente, podemos repetir o que escreveu o autor sagrado, há milênios atrás (Sb 9,16): “Mal podemos conhecer o que há na terra e com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas mãos(...)”...

Mas esse maravilhar-se com a criação é saudável e faz parte da vida do ser humano, como diz a Carta Encíclica Fides et Ratio:

FR 4: “(...) Impelido pelo desejo de descobrir a verdade última da existência, o homem procura adquirir aqueles conhecimentos universais que lhe permitam uma melhor compreensão de si mesmo e progredir na sua realização. Os conhecimentos fundamentais nascem da maravilha que nele suscita a contemplação da criação(...)”

FR 17: “(...) Em Deus reside a origem de tudo, nele se encerra a plenitude do mistério, e isso constitui a sua glória; ao homem, pelo contrário, compete o dever de investigar a verdade com a razão, e nisso está a sua nobreza. (...) O desejo de conhecer é tão grande e comporta tal dinamismo que o coração do homem, ao tocar o limite intransponível, suspira pela riqueza infinita que se encontra para além deste, por intuir que nela está contida a resposta cabal para toda a questão ainda sem resposta”.

FR 21: “(...) E a força para continuar o seu caminho rumo à verdade provém da certeza de que Deus o criou como um ‘explorador’ (cf. Ecl 1,13), (...)”.

Porém, o trecho final da I Leitura mostra que Deus vem em socorro do ser humano. Isto se dá pela Revelação. Tem coisas que a nossa razão não consegue alcançar, às quais nós devemos assentir, devido à autoridade d’Aquele que diz; trata-se de verdades de fé: nós assentimos totalmente, porque sabemos que é digno de total confiança Aquele que fala, através das Sagradas Escrituras e da Sagrada Tradição, através do Magistério da Igreja.

Continua no próximo texto.

 

1 A velocidade da luz é de 300.000 km/s; um ano-luz é a distância percorrida pela luz em um ano (cerca de 9,5 trilhões de km); deixo aos leitores curiosos a tarefa de fazer as contas de quanto vale um bilhão de anos-luz...

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