segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

São Tomás de Aquino – Doutor Angélico

Amigos,

Hoje é o dia de São Tomás de Aquino, e o blog “Ciência e Fé” não poderia deixar de comentar sobre este grande santo. Nascido em 1225, aos seis anos foi enviado a Monte Cassino, um Mosteiro Beneditino, a fim de receber boa educação, vivendo sob os cuidados de seu tio, que era Abade neste Mosteiro. Nesta época, Tomás de Aquino perguntava, para espanto dos monges, quem era Deus...

Assim como ocorreu com outros santos, Tomás de Aquino decidiu seguir vida religiosa, contrariando as expectativas de sua família de origem nobre. Tornou-se Dominicano, tendo estudado seis anos em Paris mais dois anos em Colônia, Alemanha, na escola de Santo Alberto Magno – este último, já comentado nesse blog anteriormente. Logo após, foi enviado pelo Papa Alexandre IV para ser professor na Universidade de Paris; tendo ensinado também, depois, em outros lugares.

São Tomás de Aquino foi um grande intelectual. Sua busca pela verdade o levou a estudar profundamente diversas questões de interesse do homem, desde filosofia e teologia, até questões relacionadas com ciências naturais, metafísica, política e moral, por exemplo. Foi conselheiro de Papas, tendo assistido os Papas Alexandre IV, Urbano IV e Clemente IV. Em 1274, foi convocado pelo Papa Gregório X para o Concílio de Lyon II, porém veio a falecer a caminho, no Mosteiro Cisterciense de Fossanova.

São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino, assim como outros grandes santos também, aproveitou o que havia de bom na filosofia de origem pagã, conciliando-a com a fé; em seu caso, inspirou-se na filosofia de Aristóteles. Entre diversos escritos – e aqui destaco também, em uma época em que a escrita era algo pouco acessível –, encontra-se sua grande obra, a Suma Teológica! São Tomás de Aquino dedicou nove anos à sua escrita, que foi interrompida com sua morte... E ele a considerava uma iniciação à teologia... Imaginem o que mais teria escrito! Sua intenção era fornecer um guia sistemático aos estudantes, pois assim não considerava as obras de então. Esta obra é de tão grande importância que, até hoje, serve de base para todos os estudos em filosofia e teologia – inclusive para o aprendizado dos seminaristas, em sua preparação ao sacerdócio. O Papa Leão XIII considerou a Suma Teológica como o guia oficial para estudos em filosofia e Teologia, em sua Encíclica Aeterni Patris.

São Tomás de Aquino foi canonizado após cinquenta anos de sua morte, e foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa S. Pio V, em 1567. Durante sua vida, era chamado Doutor Angélico. Lembram de Santo Alberto Magno, que também era chamado Doutor Universal...? Sabemos que, para a beatificação e canonização, a Igreja averigua a ocorrência de milagres, por intercessão da pessoa em questão; pois bem, quando buscaram milagres, por intercessão do então Tomás de Aquino, o Papa João XXII disse: “Ele fez tantos milagres, quantas proposições teológicas escreveu”...

São Tomás de Aquino era dotado de grande inteligência, profunda e vasta... Porém ele sabia conciliar seus dons intelectuais com sua espiritualidade; sua inteligência era condicionada pelo amor. Dedicava tempo diante do Sacrário, especialmente quando algum tema difícil o desafiava; e colocava seu trabalho sob a proteção de Nossa Senhora. Bem amigos, São Tomás de Aquino fez o melhor que poderia fazer, dedicando tempo a Jesus Sacramentado, e colocando-se sob a proteção da Mãe de Deus.

São Tomás de Aquino é conhecido também por suas famosas Vias... Trata-se do uso da razão para provar a existência de Deus. Não se espantem, a Igreja reconhece que a razão pode levar o homem a Deus... Entretanto, o próprio Senhor se revela ao homem, vindo em seu auxílio: trata-se da Revelação Divina. No texto do blog “Fé e Razão”, cito um trecho da Carta Encíclica Fides et Ratio, que repito aqui, para maior clareza:

FR 8: “...além do conhecimento da razão humana, por sua natureza, capaz de chegar ao Criador, existe um conhecimento que é peculiar da fé. Esse conhecimento exprime uma verdade que se funda precisamente no fato de Deus que se revela...”.

São Tomás de Aquino não foi o único a usar a razão com essa finalidade. Mas nesse texto, destaco as Vias de São Tomás de Aquino. Quem sabe em uma próxima oportunidade, poderemos abordar esse tema...?

Bem, para quem não conhecia a história de São Tomás de Aquino, este grande santo, espero ter ajudado a esclarecer. Até a próxima, com a graça de Deus! E por que não dizer também, pela intercessão de São Tomás de Aquino!

Sugestão de leitura:
- Felipe Aquino, Uma História que não é Contada, Editora Cléofas, 2008.

(Acrescentado em 28/01/2014):
- G. K. Chesterton, São Tomás de Aquino e São Francisco de Assis, Madras, 2012.
Obs.: As publicações originais de Chesterton são: Saint Francis of Assisi (1923) e Saint Thomas Aquinas (1933). A que conheço, traduzida e editada aqui no Brasil, é a citada acima, que reúne ambas – e está na minha lista de próximas leituras!


domingo, 27 de janeiro de 2013

A liberdade humana


Amigos,

No último dia 25, dia da conversão de São Paulo, a Liturgia do dia me chamou muito atenção para a nossa responsabilidade em acolher a Boa Nova, e em nos abrirmos ao amor de Deus. Mais uma vez, vocês devem estar se perguntando: mas o que tem isso a ver com o diálogo entre ciência e fé...?

Bem, já comentei antes, em outros textos do blog, sobre questões a respeito do “fim” do mundo, e da salvação do homem. O tema sobre o fim do mundo diz respeito ao diálogo entre ciência e fé; e nesse contexto, comentei tanto sobre o que a ciência diz quanto ao fim da vida na Terra, ou quanto ao fim do universo, em diálogo com o que a Igreja ensina sobre o último dia: o dia da Segunda Vinda de Cristo. Comentei sobre a necessidade de vivermos em conversão, nos preparando para esse encontro definitivo com o Senhor, que ninguém sabe quando ocorrerá para cada um (Juízo Particular), ou para todos (Juízo Final). Nesse contexto, precisamos refletir sobre a liberdade do ser humano diante da salvação proporcionada por Deus. Sugiro uma recapitulada nos textos do blog, das séries: “Fim do mundo...?” e “Novos Céus e Nova Terra”; especialmente no texto “Novos Céus e Nova Terra (2)”.

Sobre a reflexão a seguir, baseada na Liturgia do dia da conversão de São Paulo, chamo a atenção de que se trata de uma reflexão pessoal; porém, cito também embasamento concreto, como vocês verão.

No Evangelho desse dia, destaco o trecho: Mc 16,15-16: “Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos 15 e disse-lhes: ‘Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura! 16 Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado’. (...)”. Aqui está a questão sobre o anúncio da Boa Nova, e sobre a liberdade do ser humano em aceita-la ou não. Deus fez o ser humano dotado de liberdade, e conforme eu comentara antes, essa liberdade é total. Cabe ao homem fazer reto uso dessa liberdade; liberdade com responsabilidade. Claro que o homem poderia fazer mal uso de sua liberdade, mas as consequências ruins viriam também... Deus não nos força a nada; ele quer que nós O amemos, mas na total liberdade de quem ama a Deus sobre todas as coisas.

Vejamos também que Jesus não diz para seus discípulos tentarem incutir “a qualquer custo” o anúncio do Evangelho às pessoas; mas para que eles anunciem a Verdade: a aceitação ou não da mensagem do Evangelho, cabe a cada um. Claro que o anúncio precisa ser bem feito, o que envolve diferentes questões: o anúncio precisa ser feito de forma que as pessoas possam compreender; e principalmente, que o anúncio seja acompanhado de um testemunho coerente da vivência desta Verdade que é anunciada, ou seja, que aqueles que anunciam, vivam aquilo que pregam. Mas... a aceitação do anúncio cabe a cada um que o recebe. E essa aceitação não pode ser algo forçado: cada um que recebe o anúncio, precisa ter uma abertura à mensagem anunciada; há que se ter uma abertura, uma disponibilidade para recebe-la, uma boa vontade em acolhê-la.

Vejam que, na Primeira Leitura, São Paulo demonstra essa abertura, quando ouve a voz do Senhor que lhe fala, conforme o trecho que destaco: At 22,6-10: “(...) 6 Ora, aconteceu que, na viagem, estando já perto de Damasco, pelo meio-dia, de repente uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim. 7 Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ 8 Eu perguntei: ‘Quem és tu, Senhor?’ Ele me respondeu: ‘Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu estás perseguindo’. Meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz que me falava. 10 Então perguntei: ‘Que devo fazer, Senhor?’ O Senhor me respondeu: ‘Levanta-te e vai para Damasco. Ali te explicarão tudo o que deves fazer’. (...)”.
Conversão de São Paulo
Aqui há algo bem interessante: Jesus se identifica com Sua Igreja; Ele não pergunta: por que persegues a Igreja? Mas sim: “(...) por que me persegues? (...)”; e também, no trecho: “(...) Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu estás perseguindo. (...)”. Aqui temos claro que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo: perseguir Sua Igreja, é o mesmo que persegui-Lo... Fica aqui um alerta para todos esses que vêm perseguindo a Igreja ferozmente, em todo o mundo... E quando chegar o Juízo Particular de cada um desses que O perseguem...? Bem, mas isso é assunto para outra oportunidade, quem sabe.
O que eu quero destacar, nesse texto do blog, é que São Paulo (ainda Saulo), ao ouvir a voz do Senhor, tem total abertura à Sua mensagem: “(...) Quem és tu, Senhor? (...)”; ele não O conhecia, mas abriu-se à novidade... (reparem na palavra Senhor, em maiúsculas...). E ainda, no trecho: “(...) Que devo fazer, Senhor? (...)”, vejam que tamanha, total, abertura de São Paulo a Jesus! Saulo, que era grande perseguidor da Igreja! Mas ao receber a Boa Nova, abre-se totalmente a ela! E isso importa muito, essa abertura, essa disponibilidade. A pessoa ainda não conhece a mensagem do Evangelho? Que lhe seja anunciada (e isso precisa ser bem feito). Mas quem recebe o anúncio precisa ter essa abertura, para acolher de boa vontade a Boa Nova de Cristo.

É isso, amigos. De um lado, anúncio da Boa Nova; de outro, abertura de coração de quem recebe o anúncio. É como uma via de mão dupla. Deus não nos força; precisamos querer viver Seus ensinamentos também. E esta segunda parte cabe a cada um de nós... é nossa responsabilidade; agimos no uso da nossa liberdade. Que todos nós façamos reto uso de nossa liberdade.

Cito alguns trechos do Catecismo da Igreja Católica, a respeito da liberdade humana:

CIC 1705: “Em virtude de sua alma e de seus poderes espirituais de inteligência e vontade, o homem é dotado de liberdade, ‘sinal eminente da imagem de Deus’.”

CIC 1730: “Deus criou o homem dotado de razão e lhe conferiu a dignidade de uma pessoa agraciada com a iniciativa e o domínio de seus atos. ‘Deus deixou o homem nas mãos de sua própria decisão’ (Eclo 15,14), para que pudesse ele mesmo procurar seu Criador e, aderindo livremente a Ele, chegar à plena e feliz perfeição.”

Para terminar, cito uma frase de Santo Agostinho: “Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti”.

Até a próxima, com a graça de Deus!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

São Francisco de Sales

Amigos,

Hoje é o dia de São Francisco de Sales, e também das comunicações sociais. São Francisco de Sales é Padroeiro dos jornalistas. Mas vocês devem estar se perguntando: por que um blog sobre ciência e fé está publicando um texto sobre o santo que é Padroeiro dos jornalistas...? Bem, lembremos que todos nós, que escrevemos ou ajudamos a difundir nossa fé, e assuntos a ela relacionados, através dos meios de comunicação, de certa forma não podemos esquecer de pedir sua intercessão! Quem abraça uma missão assim, precisa da luz de Deus, para conseguir comunicar o são conteúdo da fé, ou conteúdos a ela relacionados, de forma correta e eficaz. E pedimos isso por intercessão de São Francisco de Sales.

Bem, agora um pouco sobre este santo. Nascido em 1567, realizou seus estudos universitários em Paris, no campo da teologia; e também no campo do direito, na Universidade de Pádua – conforme a carreira que seu pai desejava para ele. No entanto, seguiu logo sua vocação sacerdotal, a despeito da contrariedade de seu pai. Ainda muito jovem, sofreu uma grande crise, refletindo sobre questões teológicas – mais precisamente, sobre a predestinação. Sua crise foi superada, após algumas semanas de sofrimento, quando ele se entregou a Deus em oração, sem nada querer em troca, e confiando totalmente em Sua misericórdia.

São Francisco de Sales

Ordenado sacerdote em 1593, tornou-se bispo em Genebra em 1602. Essa cidade era fortemente afetada pelo calvinismo. São Francisco de Sales envolveu-se em controvérsia e diálogo com os protestantes, aliando ao confronto teológico, a experiência da caridade. Dedicou-se a cumprir os ideais do Concílio de Trento e fundou, juntamente com santa Joana Francisca de Chantal, a Ordem da Visitação. Nesta, os ideais eram baseados em consagração total a Deus, simplicidade e humildade. Conciliou sua investigação intelectual com a docilidade em seus ensinamentos.

São Francisco de Sales pregava convidando as pessoas a pertencerem completamente a Deus, porém na vivência da realidade quotidiana de cada um, na condição de cada um, inclusive na vida conjugal. Nisto, pode-se dizer que São Francisco de Sales fez um apelo aos leigos, para buscarem a perfeição, santificando a vida no dia-a-dia.

São Francisco de Sales usou da escrita para difundir a fé católica, de diferentes modos: seja distribuindo panfletos por debaixo das portas; ou escrevendo suas obras “Introdução à vida devota” e “Tratado do amor de Deus”; entre outros escritos.

Falecido em 1622, foi proclamado pelo Papa Pio IX, em 1877, Doutor da Igreja. São Francisco de Sales inspirou também São João Bosco, que fundou a Ordem dos Salesianos, em referência ao santo.

São Francisco de Sales, rogai por nós!

Leitura sugerida:
- Catequese do Papa: São Francisco de Sales; Audiência Geral, março de 2011. Reproduzida na seguinte página, da Editora Cléofas, de Felipe Aquino.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Alienações e bajulações


Amigos,

Um tema tem rondado minha mente ultimamente: pessoas extremamente problemáticas, que criaram grandes divisões, ou outros problemas sérios; ou passaram a vida se manifestando favoráveis a ideias terríveis, que atentam contra a vida humana – como socialismo e comunismo, por exemplo; ou combatendo a Igreja e a fé. Pior do que suas ações destruidoras, ou seu apoio a ideias destrutivas e desumanas, é que são bajuladas ao extremo; quase endeusadas, por muitos na sociedade.

Mas o ódio à Igreja e a seus valores, à fé – e, por consequência, a Deus a aos Seus ensinamentos –, é uma característica mesmo do mundo que não conhece a Deus. Parece que, se a pessoa ataca a Igreja, faz um tremendo sucesso... É bajulada, endeusada, como tivesse grandes coisas a dizer à sociedade... Como se fosse um grande guru. E, de fato, acaba se tornando guru daqueles que se incomodam com os valores Evangélicos. Isso tem um motivo simples: estes valores anunciam, mas também denunciam as condutas que lhe são contrárias; e incomodam muita gente... Cristo incomodou tanto os de sua época, que o perseguiram até a morte. Farão o mesmo com todos que abraçarem a fé – e disso o Senhor já nos alertou1.

É triste ver, nos meios de comunicação, alardearem tanto sobre estas pessoas, e o que elas disseram ou dizem. É triste ver um grande número de gente mergulhada em alienação, bebendo e “babando” pelo que tais pessoas dizem. É triste ver instituições sérias, ligadas à ciência e às letras, por exemplo, admitindo em seus quadros pessoas assim; ou convidando-os para palestrarem. Que contrassenso! Querem exemplos?

·         O quem tem a ver, uma pessoa adepta, atuante, militante, da teologia da libertação (infiltração do marxismo – ideologia ateísta – na Igreja), palestrando em uma instituição científica de alto nível...? Por acaso, comunismo e teologia da libertação constituem campos da ciência...? Por que motivo chamam alguém assim para palestrar...? Um marxista agora passa a palestrar entre físicos, químicos, matemáticos, biólogos...? Veja um link de exemplo.

·         O que tem a ver, um escritor que fala e escreve sobre magia e bruxas, ou seja lá o que for mais de alienante... eleito para uma instituição de alto nível em literatura, letras...? Além de diversos prêmios... que aberração! Só porque seus livros vendem muito...? E por acaso esse é o único – ou mais importante – critério, para se avaliar a obra de alguém...? E o conteúdo...? Depende do gosto do freguês? Relativismo! Veja este link.

·         O que tem a ver colocar um ateu e militante comunista, projetando templos católicos...? Que valores religiosos, que valores sobre o Sagrado, tem um ateu, para se meter – ou ser designado – para projetar templos católicos...? Até ao ponto de infiltrar em uma obra, sorrateiramente, imagens do martelo e da foice – símbolos do maldito comunismo! Veja este link e este outro; e ainda este, ponha sua mão na consciência e, pela imagem da capa do livro, veja se isso é um projeto que faça sentido!

·         O que tem a ver um escritor ateu, e que além disso, atacava violentamente a Igreja, a fé, e as religiões em geral, com cinismo descarado, receber grandes prêmios literários...? E que ainda se intrometeu a escrever livros tocando em temas religiosos, apesar de sua aversão a tudo que diz respeito a religião...? Veja este link...

Bem, é chocante ver pessoas assim bajuladas pela sociedade. Mas, ao que tudo indica, boa parte da sociedade os bajula e endeusa, por causa das palavras e ações daqueles; é justamente por atacarem os valores Evangélicos e religiosos, que são tão bajulados e endeusados! Porque atacam aquilo que tanto incomoda muitas pessoas na sociedade: os valores morais tão corajosamente defendidos pela Igreja, em todos esses séculos!

Amigos, não se encontre, entre nós, que nos declaramos como membros da Igreja, quem bajule, ou até mesmo idolatre, pessoas com ideais incompatíveis com a nossa fé, como: ateísmo, socialismo, comunismo, relativismo moral, magia, bruxaria, ocultismo, entre outros. Não importa que toda a sociedade, todo o mundo, proclame esses escritores, arquitetos, autores, ou qualquer que seja sua atividade, que claramente se opõem à nossa fé, como grandes gurus. Nós não temos gurus! Muitas vezes pode surgir o medo de discordar publicamente das opiniões dominantes porque, ao fazermos, certamente seremos perseguidos, excluídos, difamados, caluniados... tentarão nos desqualificar de várias formas... Mas Aquele que nos chama à fé – o Senhor –, não nos deixa a sós; permanece conosco.

Então, irmãos, coragem! Devemos ter claro, que quem ataca ou tenta destruir nossa fé ou a Igreja – sem sucesso, obviamente2 –, seja de modo direto ou sorrateiro, nada tem de bom para nos dizer. Faz sucesso em todo o mundo com seus livros? Para nós, tais livros nada prestam. Suas obras são bajuladas em todo o mundo? Nós preferimos aquelas que contêm valores elevados, e não as que os deturpam e violam. E assim por diante.

Até a próxima!

1 Cf. Jo 15,18-ss “Se o mundo vos odeia, sabei que odiou a mim antes que a vós. 19 Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia. 20 Lembrai-vos da palavra que vos disse: o servo não é maior que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. (...)”.

2 Cf. Mt 16,18: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

Obs.: Este texto foi atualizado em 12/06/2014, com a inclusão de links de exemplos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Universo em expansão... (2)


Amigos,

Mês passado, escrevi um artigo no blog sobre o tema da expansão acelerada do universo. O texto é intitulado “Universo em expansão...”, podendo ser acessado neste link disponibilizado. Naquele artigo, comentei sobre a descoberta do fenômeno da expansão acelerada do universo, pela observação de supernovas distantes, do tipo Ia (uma leitura no artigo anterior irá situar bem o leitor). Comentei também sobre a explicação alternativa, que supõe que estejamos em uma “bolha” entre os filamentos dos aglomerados de galáxias, o que daria a impressão de um universo em expansão – o que seria verdade em nível local, porém não necessariamente no nível global. Mas, sintetizando, expliquei ao final do artigo, baseado em ume entrevista e em um artigo do Pe. José Funes, SJ, diretor do Observatório do Vaticano, que a hipótese da expansão acelerada não deve nos assustar, pois nossa confiança está em Deus, que tudo sabe, e tudo providencia; e, conforme as Sagradas Escrituras, transformará esse mundo em novos céus e nova terra, qualquer que seja o destino previsto para esse nosso mundo visível.

Bem, acabei de ler um artigo interessante sobre a expansão acelerada do universo, do físico brasileiro Cláudio Nassif, intitulado: “A surpreendente aceleração da expansão cósmica”, na revista de divulgação científica Scientific American Brasil. E, entrando do facebook, avistei o link do blog desta revista, do Editor1, com um  texto de 14/01/2013, anunciando este artigo, e fazendo breve comentário a respeito; há pouco, compartilhei na página do meu blog no facebook, a imagem da página desta revista, também no facebook, onde pode ser vista uma ilustração2 da expansão acelerada do universo.

Resolvi comentar sobre este artigo do físico Cláudio Nassif, uma vez que ele usou de boa didática, ao explicar os temas sobre expansão do universo, energia escura, constante cosmológica, entre outros. Muito interessante! Quem tiver a oportunidade de ler, recomendo!

Outro aspecto que achei interessante em seu artigo, foi a menção ao Pe. Georges Lemaître, SJ (apesar de não ter mencionado que era também um sacerdote católico), entre os teóricos que realizaram estudos sobre a expansão do universo, na década de 1920, ao lado de Aleksandr Friedmann, um matemático russo; a expansão foi confirmada poucos anos depois, por meio de observação, por Hubble. Só o fato de mencionar o Pe. Lemaître, SJ, já é ponto favorável a nós, e ao diálogo entre ciência e fé. Já quando nós lemos algum artigo que omite o trabalho do Pe. Lemaître, SJ, citando apenas o de Friedmann... nos deixa com o pé atrás. Afinal, já que ambos eram cientistas (Pe. Lemaître, SJ, era doutor em ciências pelo MIT), por que omiti-lo...? Porque se tratava também de um padre...? Bem, ponto positivo, então, para este artigo, também neste aspecto, além da didática!

O texto do Editor também comenta uma notícia bem recente, de que cientistas teriam obtido temperaturas abaixo do zero absoluto! (0 K, cerca de -273 ºC). Ainda não li nada a respeito, porém o editor comenta que tal descoberta poderia ajudar na compreensão do que seria afinal a tal energia escura...

Bem, amigos, esta é apenas uma de diversas referências sobre este assunto da expansão (acelerada) do universo e a energia escura. Vocês poderão encontrar outros artigos diversos, em revistas de divulgação científica, nacionais e internacionais. Das nacionais, recomendo esta que foi citada, Scientific American Brasil; além de Ciência Hoje (cujo link aqui disponibilizado leva à edição atual), – que disponibiliza alguns artigos em texto completo.

Sobre o Pe. Georges Lemaître, SJ, sugiro acessarem o link aqui disponibilizado, para um texto mais antigo deste blog.

Boa leitura, e até a próxima!

1 O fato de citar artigos ou blogs de outros autores, não significa que os mesmos endossem o conteúdo de meu blog; nem que eu endosse tudo o que eles escrevem.

2 Não inseri a imagem diretamente neste texto; preferi compartilhar o link original, na página de meu blog, imediatamente antes de meu texto. Logo, vocês podem ver a figura diretamente neste link!

domingo, 13 de janeiro de 2013

Ciência: diálogo com outras áreas do conhecimento


Amigos,

Dia desses eu vi na internet, em um blog de divulgação científica, um texto que me deixou um tanto pensativo, pela forma equivocada de expor ideias a respeito do que seja ou não ciência, e pelos possíveis mal entendidos que poderia acarretar, haja visto que tratava-se de um blog dirigido ao público infanto-juvenil. O assunto merece uma reflexão, e um blog que trata sobre o diálogo entre ciência e fé não poderia ficar alheio ao fato.

A mensagem pretendia diferenciar ciência daquilo que seu autor denominou pseudo-ciência. É claro, sabemos que há mesmo pseudo-ciência por aí, e nós que temos atuação na área – seja em ciência básica ou em pesquisa aplicada –, precisamos ficar atentos e ajudar a esclarecer tais dúvidas.

Um problema muito sério com pseudo-ciência ocorre no campo da saúde, por exemplo. Sabemos que há tratamentos com base científica, aprovados pelos órgãos que regulam essas atividades – como o Conselho Federal de Medicina, e os conselhos regionais. Mas quanto a supostos tratamentos que ainda não tenham aprovação dos órgãos responsáveis, precisamos ter cuidado; não quer dizer que sejam errados, pois podem ser aprovados no futuro. Mas até que isso ocorra, é melhor não arriscar... Suponha que alguém, com alguma doença, procure um desses supostos tratamentos alternativos, que ainda não tem nenhum respaldo científico, ao invés de buscar um tratamento já reconhecido; e se tal  tratamento alternativo não surtir efeito nenhum? No mínimo, a pessoa não será curada, podendo mesmo piorar da doença; isso quando o suposto tratamento, ele mesmo, não causar um mal maior, como devido à administração de substâncias que façam mal às pessoas... Logo, precisamos nos precaver, para não sermos vítimas de charlatanismo.

Mas o blog ao qual eu me referi, tratou o “Design inteligente” como pseudo-ciência, quando a comparou com a teoria da evolução de Darwin, sendo esta sim, ciência... Deixem-me explicar com mais calma. Já tratamos aqui, nesse blog, sobre assuntos relacionados à criação – seja quanto à origem do universo, ou quanto à origem da vida –, assim como quanto à evolução das espécies. No que toca a origem e evolução da vida, todos nós já ouvimos coisas equivocadas quanto à teoria da evolução de Darwin e aquilo que a Igreja diz, jogando a Igreja contra a ciência, etc... Já comentei também que a Igreja não é, em princípio, contra a teoria da evolução das espécies, de Darwin – contanto que ela não seja usada para negar Deus e Sua ação criadora.

Aliás, precisamos ter claro, primeiro, que a teoria da evolução de Darwin não diz nada sobre Deus, porque as questões de fé não constituem seu campo de atuação – aliás, as questões relacionadas a Deus não pertencem mesmo ao campo de atuação da ciência, mas a extrapolam. Esta teoria explica (ou tenta explicar) como a vida teria evoluído, desde formas mais primitivas, até onde nos encontramos – inclusive a vida humana; não trata sobre razões da existência – que seria o campo de atuação da filosofia –, muito menos de questões de fé – que é campo da teologia.

A Igreja não nega que possa ter havido evolução das espécies. Nós não interpretamos as Sagradas Escrituras de forma literal... Não As temos como narrativas científicas sobre a criação do mundo ou da vida, mas como narrativas que contêm verdades de fé; e que não interferem nas questões científicas. Porém, nós temos a criação – tanto do mundo quanto da vida – como resultado da ação Divina, ou seja: obra de Deus Criador. Mas a Igreja não entra em detalhes sobre como ocorreu a criação do mundo ou da vida. Nós cremos que Deus agiu, criando o mundo e a vida; e no caso da vida, ainda atua (vejamos mais adiante).

Porém, além da teoria da evolução Darwiniana, há outra corrente de ideias onde supõe-se que houve intervenções diretas de Deus ao longo da criação; não apenas em um momento inicial: trata-se do “Design inteligente”. Claro que, por envolver tanto questões científicas quanto de fé, não se trata estritamente de ciência, mas de fruto do diálogo entre ciência e fé; ultrapassa o campo da ciência, adentrando pelo da fé. Mas isso não quer dizer que possa ser classificado como pseudo-ciência – com todas as consequências ruins que isso pode ter.

A ciência tem seus méritos e características próprias, como, por exemplo, o rigor exigido para o estabelecimento de suas teorias: estas devem passar pelo crivo da experimentação (ou, ao menos, da demonstração, no caso da matemática), que pode ratifica-las ou derrubá-las... Quem atua em ciência ou pesquisa sabe que busca-se também certa beleza ou elegância nas teorias: estas devem ser, de certa forma, concisas, e não cheias de “remendos”; neste último caso, quando começa-se a colocar remendos aqui e acolá para corrigir uma teoria, deve-se pensar se não é o caso de tentar uma abordagem nova... (isto ocorreu com a teoria geocêntrica, seus epiciclos, equantes e deferentes...). Apesar disso, por mais bela e elegante que seja uma teoria, se a experiência negá-la, deve-se também pensar em outra alternativa; de nada adianta uma teoria bela e elegante, se não corresponde à realidade...

Porém, a ciência possui também suas limitações: ela visa descrever como o mundo funciona, mas não responde às questões mais profundas que movem o ser humano, como: “de onde viemos?”, “qual nosso destino último?”, “por que existe algo ao invés de nada?”; ou seja, as razões da existência. Para estas últimas, precisamos alargar nossos horizontes para a filosofia; esta sim, busca respostas para as razões da existência. Claro que não há mais, aqui, o rigor da experimentação... Mas há ainda a lógica do pensamento e das proposições. Trata-se, também, de obra da razão humana em busca das respostas para tais questões mais profundas.

Ainda assim, a filosofia não é capaz de responder a questões como, por exemplo, o sofrimento ou a morte do inocente... Aí entra a fé; e também a teologia. Da Cruz de Cristo, temos a consolação, dado que Jesus, inocente, sofreu e foi morto injustamente; da Cruz brota a resposta do Amor, que supera todo o mal, até mesmo a morte, dada a Ressurreição de Cristo. A fé nos é dada por meio da Revelação Divina, em que o próprio Deus se revela a nós, naquelas questões que nossa razão, somente, não conseguiria alcançar. E aí, nossa fé é um assentimento a Deus, pois é digno de toda a confiança Aquele que Se revela!

Para nós, tanto faz se a ideia que melhor explica os fatos acerca da evolução da vida é a teoria da evolução de Darwin, o Design inteligente, ou qualquer outra teoria que venha surgir no futuro. O que nós temos certeza, conjugando razão com fé, é da ação Divina: Deus age! Agora, se Deus agiu somente no início da criação, a qual evoluiu segundo os Seus próprios desígnios que, em Sua Sabedoria infinita, planejou toda a criação e sua evolução; ou se Deus agiu também ao longo da criação, intervindo por vezes na criação ou evolução das espécies, para nós não é questão fundamental.

E, ultrapassando mais uma vez o campo de atuação da ciência, nós temos o ser humano como corpo e alma: uma realidade material e outra espiritual. Deus fez o homem do barro, soprando-lhe nas narinas; conforme uma das narrativas da criação no livro do Gênesis. Logo, Deus agiu, em determinado momento da história, infundindo uma alma humana naquele primata que era evoluído o suficiente para recebê-la; e continua agindo, dando o sopro da vida a cada fecundação humana!

Dados estes aspectos, chamar o Design inteligente – ou outra ideia que ultrapasse o campo puramente científico, para dialogar com outros saberes – de pseudo-ciência, trata-se de uma visão muito reducionista. Isso pode ser devido, no mínimo, à falta de informação quanto ao diálogo entre ciência, filosofia e teologia; porém, é com muito pesar que, por vezes, trata-se de um ataque direto à fé, por aversão a ela, simplesmente.

Lembremos que os padres cientistas do Observatório do Vaticano atuam frequentemente neste diálogo, entre ciência, filosofia e teologia – e possuem formação em todos esses campos do conhecimento. Porém eles fazem ciência verdadeiramente, conforme atestado por seus doutorados e publicações em revistas científicas; e, em certos momentos, estabelecem esse frutuoso diálogo com outros saberes.

Logo, há pseudo-ciência sim; mas não é esse o caso aqui. Não se pode “taxar” algo que constitui um diálogo entre saberes, como algo falso... Não é correto; não fica bem.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Retrospectiva

Caros leitores,

Conforme um texto anterior, eu havia comentado que estava iniciando uma espécie de retrospectiva de textos já escritos no blog. O primeiro motivo é divulgar novamente textos já escritos para os leitores mais recentes, que não acompanharam (à época) as publicações dos primeiros textos do blog. Além disso, eu também aproveito para retransmitir textos organizados segundo alguns temas já abordados. Quanto a esse segundo aspecto, os textos são escritos no blog sem obedecer a uma sequência de temas, mas conforme a inspiração e motivações a cada momento – como as notícias da vez, nos meios de comunicação, por exemplo. Logo, os textos são publicados de forma intercalada. Retransmiti-los, agora em sequência por tema, reúne e ajuda a organizar melhor as ideias sobre cada assunto tratado.

O primeiro tema abordado nessa retrospectiva foi “Sacerdote cientista” – talvez um dos que mais textos possui no blog. Resolvi iniciar por esse tema, por ser bem impactante: afinal, ajuda a dissipar os preconceitos quanto ao diálogo entre ciência e fé, mostrando que houve e há sacerdotes atuando em diversos campos da ciência.

Agora abordo textos relacionados ao bóson de Higgs e ao CERN – temas tão divulgados, especialmente no último ano.

Boa leitura!